O POETA, O SONHADOR, O VISIONÁRIO
Este meu amigo, recentemente falecido, era um homem de personalidade forte que, em Portugal e no Brasil, venceu adversidades mil, menos a morte. Era um cidadão irrequieto, das sete partidas. Conheci-o em 1985, quando pôs de pé a “Voz do Montemuro”, jornal de vida breve. Mas sinto a falta de gente assim. De ganhos e perdas. De vitórias e derrotas. Homem de iniciativa, de “pensar” e de “fazer”, mais de “mandar” do que de “obedecer”, conciliador, congredador de vontades, mas nem sempre consensual, nada fazia por mal, fosse ou não compreendido, reconhecido e recompensado. Traçado o caminho, o caminho era seguido, levava a dele avante. E, com ou sem risco, nem sempre isento de perigo, mesmo avisado, seguia adiante. Um poeta, um visionário, um sonhador. Sim, faz-me falta este amigo. Com certo pendor egocentrista, mirando-se no espelho, olhos fitos em si, não perdia, contudo, de vista o mundo em redor e, naturalmente, rodeava-se de muita gente conhecida e desconhecida.