Depois da fundação muito trabalho. E o que é uma Associação sem sede? No sítio do «Forno da Telha», uma eira. Um morro. Alguns terrenos particulares em redor. Ali era o sítio ideal. Diligências várias. Alguns terrenos oferecidos, outros comprados. A Câmara, posta ao corrente, disponibiliza uma máquina para fazer o desaterro. Gastam-se os primeiros tijolos e sacos de cimento. Mão-de-obra caseira e «grátis», aos feriados e fins de semana. Fotografias tiradas por mim.. Alguns subsídios oficiais e outros particulares. Os nomes dos «benfeitores» constam das actas e farão, seguramente, parte da História da Associação, mas não aqui e agora. Isso e o afastamento inexplicável de elementos que, ligados à Associação desde o início, deixaram de comparecer ao toque de chamada. Todas as instituições têm destas «pequenas» e «grandes» coisas. Os seus altos e baixos. Os prós e contras. É assunto para a sua História e não para uma «crónica de «aniversário». Voltemos, pois. Obras no terreno, suor a cair do rosto, roupas e mãos sujas de massa, cimento e tintas. Mas também trabalho de secretaria. As burocracias necessárias. O meu computador regista na sua memória artigos, ofícios, cartas, pedidos de subsídios, visando a sustentação financeira das obras a fim de se criarem «as infra-estruturas sócio-culturais que permitam uma melhor ocupação dos tempos de lazer para os idosos e uma maior fixação à terra por parte da juventude e, por conseguinte, obviar a desertificação que se está a verificar constantemente nestas terras do interior por falta de atractivos e boas condições de vida».
Esqueleto levantado. Telhado posto. Resta acabar. Por sugestão de pessoas amigas, com assento em V. Nova de Paiva, que indicaram os trâmites burocráticos a seguir, estuda-se a possibilidade da candidatura a uma TNS. Dito e feito, com o aval necessário da Câmara Municipal de Castro Daire a candidatura avançou. O resultado foi que no dia 07 de Julho de 1999, o presidente da Direcção, «na presença do senhor Secretário de Estado da Administração Local e Ordenação do Território, Dr. João Augusto de Carvalho» no edifício do Governo Civil de Viseu, assinou o «protocolo» que permitiu chegar à Associação dinheiro suficiente para a realização de um sonho. Foram cerca de 6.000 mil contos e a sede concluiu-se.
Mas havia fiscalização dos dinheiros atribuídos por parte do Governo Civil. Responsavelmente, a Direcção da Associação, constituída por Joaquim de Almeida Ferreira da Silva (presidente), José Carlos Lourenço (vice-presidente), Francisco Gonçalves (secretário) e Fernanda Almeida Ferreira (tesoureira), no sentido de prestar contas, convidaram as respectivas entidades a visitarem a obra. E durante esta visita de trabalho, os senhores deputados Dr. José Junqueiro, Dr. Miguel Ginestal e o senhor Governador Civil, Dr. Inês Vaz, ficaram visivelmente espantados com as obras realizadas. O deputado José Junqueiro disse mesmo: «eis como do pouco se faz muito».
Concluídas as obras procedeu-se à inauguração, que teve lugar em 03-09-2000. Estiveram presentes as entidades oficiais do costume. O Senhor Secretário de Estado de Administração Local, o senhor Governador Civil, alguns Deputados, os senhor Presidente da Câmara de C. Daire e de V. N. de Paiva, alguns vereadores, o Presidente da Junta de Castro Daire e outros convidados.
O presidente da Direcção, Joaquim de Almeida Ferreira da Silva, disse que o projecto «partiu da ideia e do esboço feito pela Direcção que nos antecedeu e que esta ampliou e concluiu. Nem toda a gente acreditava». Lembrou os recurso aos subsídios, as doações dos terrenos, a mão-de-obra grátis, cedida pelos membros dos órgãos sociais e alguns elementos da povoação que se mortificaram nos «fins de semana e feriados» a fim de dar corpo ao edifício que hoje se pode ver. Lembrou elementos que fizeram parte de anteriores direcções e que, por razões diversas, não nos puderam acompanhar até ao fim, não obstante o entusiasmo que sempre revelaram.
Depois foi a dinâmica própria das Associações de aldeia. Apetrechar o Bar e espaços destinados a receber os sócios e visitantes. Iniciativas levando a cabo torneios de sueca, de ping-pong, as festas do S. João. Por fim a criação grupo musical «Cordas do Paivó», a menina dos olhos que, ultimamente, tem dado visibilidade à terra e à Associação.
O «Relatório de Contas», referente ao ano de 2005, diz que a Receita orçou em 7.422,75€, a Despesa em 8.087,06 €, donde resulta um saldo negativo de 664,31 €. Descontado este ao Saldo Positivo do ano anterior, igual a 9.014,51 €, transitou para o ano seguinte o Saldo Positivo de 8.350.20€.
Fareja, no de 2006. Ano de aniversário. Foi uma bela caminhada. E, chegados aqui, referenciados que foram os nomes dos fundadores, ainda que todos os membros que integraram os «órgãos sociais», ao longo destes 25 anos, mereçam igual destaque, por economia de espaço, deixaremos aqui apenas a identificação daqueles que levaram a efeito estas festas: Assembleia Geral: Amadeu Silva Monteiro (presidente); Graça Maria Lacerda Silva (1ª secretária); Luís Carlos Alves Silva (2º secretário). Conselho Fiscal: Manuel Gonçalves (presidente); Aurélio rocha Loureiro (1º secretário); Orlando Gonçalves Diogo (2º secretário) e Carlos Alberto Pereira Lourenço (suplente); Direcção: José Carlos Ferreira Lourenço (presidente); Francisco Almeida Gonçalaves (vice-presidente); António Carlos Ferreira David (secretário), João da Silva Monteiro (tesoureiro) e vogais: Marisa Alexandra Almeida Lourenço; João Ferreira Gouveia; Augusto João S. Mendes Marcelino; Jorge Manuel Pereira Lourenço; Ana margarida Pereira Lourenço; António Carlos Matias; João Carlos da Silva Marques; André Luís Almeida Lourenço; José Carlos Rodrigues Estgeves e Vânia Alexandre Lacerda Monteiro; suplentes: Rosa do Céu Pereira Lourenço e Carlos Alberto P. Soares.
O programa de «Comemorações do 25º Aniversário» constava do seguinte:
11.30 – Almoço-convívio para todos os sócios (porco no espeto)
14.30 - Missa em memória dos sócios já falecidos
15.30 - Homenagem a pessoas falecidas que contribuíram para o
desenvolvimento da Associação
16.00 – Animação com Tunas: «Douro Tuna» e «Royal Tertúlia
Académica Tununk’acerta»
Lanche-convívio para todos os presentes.
Presentes muitos convidados. Entre os quais destaco a presidente da Câmara, engª Eulália Teixeira, os vereador Dr. António Giroto e Dr. Paulo Almeida, o senhor presidente da Junta de Freguesia de C. Daire, António Vicente.
Comeu-se, conviveu-se e discursou-se. Esteve presente a senhora Presidente da Câmara, Engª Eulália Teixeira, os vereadores, Dr. António Giroto e Dr. Paulo Almeida, o presidente da Junta da Freguesia, António Vicente e mais convidados. Da boca do senhor Presidente da Direcção, José Carlos Ferreira Lourenço, se ouviram as «boas-vindas aos convidados», os agradecimentos a todos os que «ao longo destes vinte e cinco anos ajudaram e acreditaram neste projecto» sem esquecer os já falecidos, nomeadamente, «Felipe Ferreira da Silva, Vasco Ferreira de Almeida, Maria dos Anjos Ferreira, José Ferreira Soares e Manuel Ferreira Soares».
Falou dos novos projectos da Associação: «a criação de um parque infantil e recreativo», o aproveitamento do «Poço das Canelas», a «requalificação do campo de futebol» e todo o apoio, sempre indispensável e merecido ao grupo «Cordas do Paivó».
Descerrou-se uma «placa», colocada num painel do átrio de entrada onde se lê: «EM AGRADECIMENTO ÀS PESSOAS QUE PERMITIRAM A REALIZAÇÃO DESTA OBRA».
A Presidente da Câmara elogiou a dinâmica da Associação, alertou para as dificuldades financeiras do Município, mas «dentro da medida do possível» não deixaria abandonadas as Associações Culturais do concelho. E aproveitou para informar os presentes que acabava de ter conhecimento do «falecimento do Presidente da Assembleia Municipal, João Matias», ex-presidente da Câmara, e que, nesta situação, se vivia ali uns momentos de «alegria e de tristeza ao mesmo tempo». Por isso, e por imperativo do cargo, ia retirar-se a fim de tratar de assuntos relacionados com a «triste notícia».
O vice-presidente da Direcção, Francisco Almeida Gonçalves, face a isso, informou que, tendo reunido com os restantes membros, tinham decidido que a parte do programa relativa à actuação das «Tunas» ficava cancelada.
Atitude, aliás, muito digna por parte destes dirigentes associativos, pois, outra coisa não era de esperar em memória do falecido, que, como presidente da Câmara que foi, sempre deu o seu apoio à Associação e sempre esteve presente nas suas iniciativas culturais e recreativas. E só a doença e a morte o impediram de estar também presente neste aniversário.
A Associação Recreativa e Cultural de Fareja não deixou de compartilhar, assim, a dor dos familiares e amigos do João Matias, o autarca, o cidadão e o sócio que só desta vez não respondeu à chamada.
APC