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terça, 12 julho 2022 12:45

UM LIVRO, UM MEMORIAL

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UM HOMEM E UM LIVRO DE PESO

Recebi hoje, por correio normal, (dia 11-07.2022) o livro com o título “RETALHOS DA VIDA DO SONHADOR-FAZEDOR JOÃO VASCONCELOS (1975-2019”, editado pela “ACADEMIA DE ARTES E LETRAS LUSÓFONAS” primeira edição, dezembro de 2021.

Trata-se uma compilação de fotos e textos feita pelo Dr. Arménio de Vasconcelos, pai do foto-biografado, JOÃO VASCONCELOS, falecido prematuramente (43 anos de idade), como foi notório e público em todos os meios de comunicação, social, devido não só às  funções políticas que desempenhou, mas também pelo muito que dele se esperava enquanto “sonhador-fazedor” como se diz na feliz expressão que integra o título da obra.

texto trilhos

São 505 páginas de “consulta”, amplamente ilustradas, à disposição de todos aqueles que foram seus conhecidos, amigos e demais cidadãos, em geral, interessados em conhecer o HOMEM e OBRA. Contém mensagens e fotos de personalidades de reconhecida notoriedade pública, nacional e internacional, de outras personalidades menos conhecidas, de muitos amigos e pessoas que fizeram parte da sua roda de vivências e convivências políticas, sociais e técnicas. Impresso em letra “pequeníssima”, não é aconselhável a míopes ou pessoas de visão reduzida por cataratas ou outra qualquer maleita física ou psicológica. Digamos que o pai Dr. ARMÉNIO DE VASCONCELOS, na ânsia legítima de tudo dizer sobre o filho, conseguiu, com muito esforço e sacrifício do leitor, meter o Rossio na Betesga.

Este livro é um autêntico MEMORIAL. Seja pelo acervo de informação que incorpora, seja pelo peso que tem. Nada menos que 1,750 kg, como se vê na foto ao lado. Mas que menos podia um pai fazer face ao volume da matéria pública acumulada em resultado do inesperado fim do seu filho “sonhador-fazedor”? Que diferente podia um pai fazer por um filho que, muito cedo, tomou lugar no MAUSULEU DE FAMÍLIA (de arquitectura greco-romana) que ele mandou fazer no Gafanhão, jamais pensando que assim seria?

É pesado o livro! Formato 17x25, capa grossa, o meu conselho é lê-lo e/ou consultá-lo aberto sobre uma mesa/secretária. O ponteiro da balança onde o pesei indica 1,750 kg, número que não é, seguramente, a medida e o peso dos AFETOS que impulsionaram o PROGENITOR, Arménio de Vasconcelos, a “compilar” e a ordenar, a seu critério, o acervo de informação que lhe dão forma, peso e medida.

Chegou-me este livro com uma DEDICATÓRIA manuscrita. Uma afetuosa mensagem tão dirigida a mim quanto ao filho biografado JOÃO, a mesma MENSAGEM cujo “fac-símile” reproduzo em rodapé, deixando aos meus “seguidores” o esforço da sua leitura.

Claro que, neste meu gesto de tornar pública uma  DEDICATÓRIA pessoal, comummente sigilosa e intransmissível, não descurei esse princípio ético. Fi-lo simplesmente pela substância  humana que dela rescende e impelido por esta minha postura inveterada de sempre sacrificar o privado ao público, desde que nisso veja um contributo ao BEM COMUM, em benefício de uma relação sadia entre todas as PESSOAS DE BOA VONTADE.

Uma mensagem com dois destinatários devidamente identificados, por isso, na parte que a mim toca, vinda donde vem, palavras de um amigo que “me quer bem”, escritas por um poeta com obra publicada, por um cidadão, há muito, ligado às ARTES E ÀS LETRAS, com provas dadas, são palavras que muito respeito por sabê-las autenticamente sinceras, ainda que eu não resista, no que a mim respeita,  a despojá-las da erudição e da tonalidade hiperbólica que as vestem, duas peças sempre prontas e lestas a saírem, generosamente, da pena dos poetas e de gente culta, sem complexos ou despeitos de qualquer espécie.

Semelhantemente, ainda que coloridas com as cores cristãs, em conformidade com os padrões escatológicos que formaram e formataram o autor, nas quais crê profundamente, eu me desvinculo também daquele “toque de finados” que os sinos das aldeias de “Mouramorta ao Gafanhão, de Almofala a Alvarenga” fizerem soar no espaço concelhio, quando tangerem as “odes, artigos, poemas e ensaios” do “Abilius Quercus Robur”.

Não. Numa terra de “sacristãos”, seguramente desconhecedores da literatura de «Quando os Sinos Dobram», por mais que estiquem e encolham a corda sineira, não lhes darei a oportunidade para esse toque de finados. Tenho para mim outros ensejos, já escritos, mas não publicados. Excecionalmente e ao correr do teclado, deixo aqui o REMATE de um longo e demorado poema com o título «O VERBO E O VERSO»:

ABÍLIO-ESCURO-REDUZ“(…)

Seguro e ciente do fim, seja qual for o cenário

Fá-lo de pé, como um carvalho centenário.

E mesmo sem cerne, lorcado por dentro

Lúcido, olhando em redor, o teu pensamento

Porque não és crente, não subirá aos céus

Ficará em terra firme como os teus sentimentos

Pois o “END” da narrativa dedicarás aos teus”.

 

Mas muito me sensibiliza o gesto final do Dr. Arménio de Vasconcelos deixado em letras de punho próprio, precedidas da vocativa expressão:

Digo-te, filho, conheceste um grande homem da nossa terra, um grande ser de toda a serra. Abraço ambos” .

Quer dizer, de uma só vez, o Dr. Arménio, na sua generosidade habitual, juntou no mesmo amplexo, o filho João (o jovem falecido aos 43 anos de idade) e o velho amigo de 83 (eu próprio), que, vivo, ainda não perdeu o solidário sentido humano de dar e de receber, com os olhos no fiel da balança que nos mostra o peso do TER e a leveza do SER. E presumo que esse FIEL DE BALANÇA se manterá equilibrado nos pratos da JUSTIÇA e dos AFETOS do Dr. Arménio, distribuídos por todos os seus amigos e parentes, afastados e próximos, a começar pela esposa, Dra. Lucília Rego, minha distinta colega, que muito prezo, pelo seu outro filho, noras e demais descendentes.

Por isto tudo eu tinha de escrever e publicar estas palavras. As palavras de AGRADECIMENTO e as palavras da receção da OBRA REMETIDA. Tardou, mas chegou.

 

LINK: QUANDO OS SINOS DOBRAM

 https://youtu.be/bHU0g3r8elI https://youtu.be/bHU0g3r8elI

 

DEDICATÓRIA

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.