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sábado, 20 maio 2023 13:16

TERMAS DO CARVALHAL - JOGOS FLORAIS EM 1947

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JOGOS FLORAIS EM 1947

Em 1995 tive a felicidade de me encontrar em Castro Daire com José Augusto da Silva Freitas, natural de Vila Seca, a residir em Coimbra, um velho amigo do meu pai, Salvador de Carvalho, desde os tempos em que trabalhava na Câmara Municipal de Castro Daire.

Fiel leitor das minhas publicações no “Notícias de Daire Daire”, fruto das minhas investigações sobre a HISTÓRIA LOCAL, no primeiro encontro pessoal que tivemos, logo se prontificou a fornecer-me fotocópia de algum material que possuía nos seus arquivos, sempre dignos de divulgação e conhecimento.

Com efeito, em 27 de março de 1995, entrou na minha caixa do correio um volumoso envelope com esse material, acompanhado de uma amistosa missiva onde ele se penitenciava do atraso que tivera em satisfazer a sua oferta.

1-carta-1A partir de então, todas as vezes que vinha a Castro Daire, era certo o nosso encontro pessoal, para falarmos com entusiasmo das NOSSAS TERRAS e das NOSSAS GENTES. História, cultura e comportamentos sociais, de BEM e MAL DIZER. Evolução e estagnação. 

E num desses nossos encontros, sabendo que o PRODUTO DA MINHA INVESTIGAÇÃO, nem sempre agradava a todas as pessoas e instituições visadas, transmitiu-me uma expressão lapidar que ouvira ao seu padrinho, Abade da Ermida, Padre JOSÉ AUGUSTO DE FEITAS MARQUES. Assim; deixasse a «zoeira do carvalhal” e seguisse em frente. É o que tenho feito seguindo tão sábio conselho.

Fiz uso dos seus ensinamentos e de algum material fornecido nas páginas dos jornais onde escrevia e também no meu site “trilhos seranos.com” (site atualmente of line, substituído pelo «trilhos-serranos.pt) e o demais material ficou digitalizado no disco rígido do meu computador.

Aconteceu que o meu filho mais novo, nascido em Beja, filho de pai beirão (eu próprio) e de uma senhora alentejana (a minha esposa) adquiriu recentemente um “ninho” sito na linha divisória das Beiras e do Alentejo, como que fazendo jus à mistura do sangue que lhe corre nas veias. E, assim sendo, mostrou ensejo de fazer uso de uma secretária que me veio da família LANÇA, alentejana, secretária  em cujas gavetas eu tinha alguns ARQUIVOS PENDENTES. Que sim, senhor. Era gosto meu que a levasse e nela eu visse confirmado o preceito bíblico: «filho pródigo à casa torna». Só teríamos que esvaziar as gavetas e arrumar os arquivos. Assim fizemos. E, fazendo-o, reapareceu o volumoso envelope com o matérial oferecido pelo meu amigo JOSÉ AGUATO DA SILVA FREITAS.

Manuseei-o novamente e trago hoje a esta minha página «on line» os “JOGOS FLORAIS” que tiveram lugar na PENSÃO ASTÚRIAS, no CARVALHAL, no longínquo ano de 1947.

Jogos abertos a todo o país, o tema versava sobre as TERMAS DO CARVALHAL e os concorrentes deviam expressar-se em QUADRAS DE SABOR POPULAR, sob pseudónimo. Pensado, dito e feito. E terminado o prazo, avaliadas as OBRAS LITERÁRIAS dos concorrentes, as primeiras SEIS mereceram o estaturo de « PRÉMIO» e as restantes de «MENÇÕES HONROSAS»

Digitalizo apenas as QUADRAS PREMIADAS que foram as seguintes:

1º  PRÉMIO

1º PRÉMIOSe me curar a preceito

Neste adorável rincão

Hei de erigir no meu peito

Um altar de gratidão.

Pseudónio: “Ninguém = D. Judite Fialho, Lisboa.

 

2º  PRÉMIO

C2º PRÉMIOarvalhal das casas toscas

Das águas quentes e frias

Se não existissem moscas

O Paraiso serias.

Pseudónimo “Chapeu Alto” = M. Maria José Cardoso, Lisboa

 

 

3º PRÉMIO3º PRÉMIO

A deficiência e o mal

Da pele, fígado ou rim

Nas Caldas do Carvalhal

Acham depressa o seu fim.

Psedónimo, Tília= D. Isaura Cardoso, Lisboa

 

4º PRÉMIO4º  PRÉMIO

Salve nobre Carvalhal

Cujas águas milagrosas

Dão a cura radical

Às doenças mais teimosas.

Pseudónimo, “Pim,Pam,Pum”= Caetano Fialho, lisboa.

 

5º PRÉMIO5º  PRÉMIO

Hei de cantar-te, oh aguinha

Das Termas do Carvalhal

Se me curas a pelinha

És uma água sem rival

Pseudónimo, “Castelo” = D. Josefina Antunes, Lisboa

 

6º PRÉMIO6º PRÉMIO

Carvalhal terra de encanto

Carvalhal, terra de flores

Carvalhal, terra de sonhos

Carvalhal dos meus amores

 Pseudónimo “Sécia” = M. Cassilda sousa Meneses Almada, Oliveira do Sul. 

 

MUNDO DESPORTIVORELATÓRIO-1951É de notar, desde já, que todos os PRÉMIOS foram  atribuídos a gente de ou moradora em Lisboa. O  mais próximo, geograficamente, é o SEXTO, cuja autora foi uma menina de Oliveira do Sul. Estávamos em 1947.  Evento cultural digno de notícia no «Mundo Desportivo» e tudo. Eram tempos, em que escritores, historiadores, poetas e poetisas de Castro Daire, figuras muitgo iluistres, não andavam por aqui tão bastas como as margaridas à beira dos caminhos. E esse facto, tão objetivo quanto as quadras populares acima transcritas,  devia dar que pensar aos responsáveis (que foram e são) pelo nosso PELOURO DA CULTURA.

Há quem aprenda com o estudo do passado e há quem não aprenda coisa alguma.

Retomada a leitura do conteúdo do envelope que me foi remetido pelo correio, em 1995,  apressei-me a telefonar a esse meu amigo, agradecendo-lhe mais uma vez os seus préstimos. Deu-me conta da sua avançada idade, da falta de mobilidade que vai sentindo, mas, pela agradável conversa que mantivemos em linha, deu-me provas de ter muito «arrumadinha a sua estante encefálica», que o mesmo é dizer estar, de boa memória e manter a sua atitude sempre afável e prestimosa.  .

 

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.