Digamos que fui bem-sucedido nessa tarefa. O objetivo era iniciar esses meus alunos na estrutura da narrativa escrita (disciplina de Português) e para “comecilho de novelo” vinha mesmo a calhar a “narrativa oral” com a qual eles e elas (alunos e alunas) estavam familiarizados, certos de que “quem conta um conto, lhe acrescenta um ponto”.
Dei-lhes tempo e a garantia de que as recolhas que fizessem seriam postas em livro, com a sua versão “manuscrita” e em letra impressa devidamente corrigidos os erros ortográficos se os houvesse.
E foi dito e feito como se vê na CAPA e na foto de uma das suas páginas, colocada mais abaixo.
Mas este APONTAMENTO, feito neste ano de 2022, deve-se ao facto de eu ter conhecido a simpática LUANA RAFAELA CARDOSO, de 21 anos de idade, natural de S. Martinho das Moitas, que, andando na ESCOLA PRIMÁRIA de OLIVEIRA DO SUL, recebeu da Professora IDALINA algumas “LENDAS/CONTOS” vivos na área geográfica de S. Pedro do Sul, recolha essa editada pela Câmara daquele Concelho, em 2008, com a coordenação da Professora MARIA ISABEL PRATES PINTO, cujos objetivos pedagógicos se não afastam daqueles que a mim me motivaram, anos antes, a perseguir a mesma senda.
E, para que conste, foi com muito agrado que, nestes tempos que
correm (tempos de “copy/paste”) constato que MARIANA CERVEIRA, narrando a “LENDA DE S. MACÁRIO”, aludindo às várias versões que correm acerca de tal PROTAGONISTA, regista, com a deontologia e seriedade devidas, que a versão ali apresentada era baseada, cito: “ na obra de Abílio Pereira de Carvalho”, no seu livro “Lendas de Cá, Coisas do Além”. (Cf. Foto).
Li o opúsculo de uma assentada. Nem podia ser de outra forma. E, para além de saborear “Lendas/Contos” que desconhecia, conclui não ter dado por perdido o meu tempo a recolher e a divulgar a nossa LITERATURA ORAL, mesmo que, muitas das narrativas contadas não respeitem a “estrutura da narrativa escrita”, aquela que, por imperativo programático, nos competia, a nós, professores de PORTUGUÊS, iniciar os nossos alunos.
E, face ao que vou constatando, não me arrependo de assumir o papel de «lenhador na floresta das letras» e nela «de podão em punho» deixar as veredas e clareiras que, sem nisso cogitar, me aparecem inesperada e surpreendentemente por diante, como sementes que, qual lavrador serrano, não já lançou na terra, mas nas mentes. Inciso oportuno por saber que, por estas bandas do Montemuro, ainda há muito boa gente a pensar que "só de pão vive o homem".