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sábado, 02 julho 2022 15:13

CASTRO DAIRE E CASTRO VERDE «ELOS DE LIGAÇÃO»

Escrito por 

GEMINAÇÃO

Em 2016, reportando-me ao meu livro “Afonso Henriques, História e Lenda”, deixei no meu site “trilhos-serranos.pt duas crónicas onde sugeri a GEMINAÇÃO dos concelhos de CASTRO VERDE  e de  CASTRO  DAIRE.

 

TOPÓNIO-1TOPÓNIO-2O facto recente do meu amigo Dr. José Guerreiro, de CASTRO VERDE, um entusiasta inveterado na divulgação de tudo quanto respeita à sua terra natal, publicou o TOPÓNIMO daquela vila alentejana (que vemos mesmo ao lado) feito em azulejo com o MONOGRAMA  do CERAMISTA (três letras entrelaçadas, no topo, a saber “APC”), exatamente o mesmo ARTISTA  a quem se devem os azulejos e  o TOPÓNIMO que existe pespegado na fachada lateral daquela que foi a PRIMEIRA casa levantada logo à entrada da vila de CASTRO DAIRE,  para quem viaja na ESTRADA NACIONAL Nº 2, no sentido Sul/Norte.

Duas obras de arte em cerâmica (cujos exemplares aqui de deixam) com o MONOGRAMA do autor (três letras entrelaçadas - “APC”), que são, coincidentemente, as INICIAIS do meu NOME e APELIDOS. Por isso, e apesar de eu saber que existem muitas «mariasna terra»,  elas serviram-me de impulso à ideia que, em 2016, pus na janela do mundo, da qual deixo aqui o seguinte respigo, ilustrado, agora, com FOTOS bastantes, por forma a fundamentar o ensejo que formulei dessa   GEMINAÇÃO, descontados, claro fica, os laços afetivos que me ligam àquela terra por nela ter constituído família, por nela ter sido docente, por nela ter procedido à investigação da HISTÓRIA LOCAL e, por nela,  ter deixado  AMIZADES INSUSPEITAS. Assim:

 

MONOGRAMA“Não é a primeira vez que encontro matéria histórica e lendária a sugerirem a desejável GEMINAÇÃO dos concelhos de Castro Daire/Castro Verde.

 C.Verde- 1940-1Pedro das Cabeças - CópiaO primeiro foi na Beira Alta e o segundo no Baixo Alentejo. No meu livro «Afonso Henriques, História e Lenda»  (editado em 2010) refiro o Monte das Cabeças em Castro Verde e o Monte das Cabeçadas, em Reriz, no qual existe a Ermida de Rodes atribuída ao Ermitão, natural de Reriz, Leovigildo Pires de Almeida,  que, em Ourique, se diz ter aconselhado o nosso primeiro rei a enfrentar os mouros. A tais topónimos soma-se mais um, a saber:

 Sobranceiro às povoações dos Braços e de Lamelas, temos o Monte da Cabeça e o CRUZEIRO COMEMORATIVO do «VIII CENTENÁRIO» da Batalha de Ourique, em 1139, ereto ali em 1940, por quem sabia muito de história, de política e mais ainda de LATIM, pois isso ficou gravado na pedra pelo canteiro que, esse sim, ponteiro numa mão e maceta noutra, lhe deu forma perfeita, ignorando, seguramente, o seu significado. 

 Tecto-MatrizCristo e Afonso- I.ChagasEstas coincidências toponímicas dos MONTES, v.g. das CABEÇAS (em Castro Verde), das CABEÇADAS (em Reriz) e da CABEÇA (em Lamelas) ligadas à história do país, somadas ao comum topónimo "castro" ou “crasto”, todos eles, de uma forma ou de outra associados às façanhas históricas e lendárias a D. Afonso Henriques, são por demais evidentes, para eu, como investigador e historiador, as deixar sem reparo e sem aproximação.

 E mais ainda. A carta geográfica militar (edição de 1987), como bem se pode ver,  designa aquele morro de Lamelas/Braços, por CABEÇA. Mas os habitantes dos Braços chamam-lhe COVAL. São designações de sentido antagónico, pois CABEÇA remete-nos para algo que está em cima (como é o caso) e COVAL remete-nos para algo que está em baixo, que não é o caso.

 Mas se tivermos presente a Batalha de Ourique e levarmos a sério o caso das cabeças dos cinco reis mouros a rolaram por terra, v.g., eventualmente metidas numa cova, em breve se esbate o antagonismo dos dois termos. E se atribuirmos significado histórico às contendas travadas nos montes por causa dos matos e pastoreio, contendas (autênticas batalhas campais)  que chegaram aos meados do século XX (diga-se, ao meu tempo), cujos contendores se enfrentavam com forcados, estadulhos, gadanhas e forquilhas, à maneira medieval, (…) os habitantes dos Braços bem poderiam ter razões sobejas para chamarem COVAL aquele cabeço, onde poderão ter rolado muitas cabeças(11/12/2016)

S.P. EBAÇASERMIDA DE RODES-2022Semelhantemente às cabeças que rolaram na BATALHA DE OURIQUE, confiante que foi o nosso PRIMEIRO REI, AFONSO HENRIQUES, no vaticínio do monge, Leovigildo Pires de Almeida (também dito Almendra em alguns documentos) natural de RERIZ, concelho de CASTRO DAIRE, onde se diz ter regressado, após a batalha, e no MONTE DAS CABEÇADAS ter construído a ERMIDA DE RODES, a cuja IRMANDADE pertence a BANDEIRA PROCESSIONAL que ilustra a capa do meu livro “AFONSO HENRIQUES, HISTÓRIA E LENDA”, (ver últimas fotos) , templo onde, por força dos topónimos, CASTRO DAIRE e CASTRO VERDE, com o MONOGRAMA do autor me impeliu a ir fazer “in loco” o vídeo, cujo link anexo em RODAPÉ, visando bulir na sensibilidade dos responsáveis pela POLÍTICA e pela CULTURA dos dois CONCELHOS e, conjuntamente, espada em punho, semelhantemente a ALEXANDRE MAGNO, cortarem o nó górdio da ignorância de tanta gente natural destas duas terras que nasceu e morreu sem saber o que elas tinham de COMUM, o que as UNIU durante séculos, e UNIRÁ, seguramente, para sempre, do ponto de vista HISTÓRICO E LENDÁRIO, por força da documentação e da MEMÓRIA.

Afonso Henriques-16Sª RodesE nos tempos que correm, tempos do TURISMO CULTURAL, deixados que foram para trás os “piqueniques locais/regionais” v.g. do “do pão e da linguiça”, do “garrafão e sardinha assada”, nos tempos que correm, repito, nos tempos das Empresas de Viagens e de Turismo de longas distâncias, vai sendo tempo das GENTES destes dois «Crastos» ou «Castros» (um, VERDE, em geografia seca) e outro, DAIRE, em geografia verde, saberem o que têm a dar CULTURALMENTE um ao outro, mesmo que separadas por 500 quilómetros de distância e condenadas a estarem ligadas desde os primórdios da NACIONALIDADE. E, sabe-se lá, até ao fim dos tempos.

Pela minha parte de HISTORIADOR, natural de CASTRO DAIRE, docente que fui em CASTRO VERDE, excluídos os laços afetivos que me prendem aquelas TERRAS E GENTES, pelas razões acima ditas, é tudo.

O resto e o futuro dever-se-á com os POLÍTICOS no exercício do poder e/ou aqueles que lhes vierem a suceder no fio da HISTÓRIA. A eles cabe a opção de deixarem os seus munícipes presos aos os laços ignorantes do passado ou aos laços esclarecidos do futuro. E nesta opção, seja ela qual for, o HISTORIADORnão mete prego, nem estopa”.

 

 

 

Link do vídeo sobre a ERMIDA DE RODES:

 https://youtu.be/2_ibR2N_TPg

NOTA: Quem pretender saber mais sobre este assunto é só navegar nos «trilhos-serranos.pt» e pesquisar através da palavra-chave «GEMINAÇÃO»

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.