Por nós era sabido, lá nas costas do Índico, que éramos ensinados num estabalecimento de ensino, pelos nossos professores, que íamos fazer os exames a outro estabelecimento de ensino com outros professores e responder a perguntas feitas em Lisboa pelo Ministério da Educação. O que equivale a dizer que tínhamos de saber a matéria dos PROGRAMAS válidos oficialmente do Minho a Timor e quem não dominasse a matéria teria de repetir no ano seguinte, se mantivesse o alento e o talento de prosseguir nos ESTUDOS.
E nesse contexto de trabalho-estudo, as ANEDOTAS com carga humurística vinham a calhar e eram TÓNICOS de marca. Uma de que me lembro, vem a propósito dos tempos que vivemos, bem pouco propícios a risadas.
Então é assim:
Um jovem aldeão, sem educação sexual (assunto tabu na sociedade de antanho) foi confessar-se e disse ao cura que se tinha iniciado sexualmente com a namorada, mas que “tinha sido só nas bordas, não tinha ido lá dentro”.
Face à informação, o confessor admoestou: “isso é um pecado muito grave, vou absolver-te, mas tens de ir deixar uma moeda de 10 mil reis na caixinha das esmolas”.
“Mas, ó senhor padre, foi só nas bordas, não foi lá dentro”.
“É o mesmo pecado, é a mesma coisa”.
Teimarem, o jovem a insistir que tinha “sido só nas bordas”, solicitando atenuante, e o clérigo a repetir que “era a mesma coisa”.
O jovem, vendo que não surtia efeitos a sua argumentação, ele estava de joelhos, levantou-se e dirigiu-se à caixinha das esmolas, enquanto o confessor lhe seguia os passos a certificar-se do cumprimento da penitência.
Chegado lá retirou da algibeira uma moeda e começou a rodá-la nas bordas da ranhura da caixinha, onde se metem as esmolas. O confessor vendo isso, dizia lá do confessionário: “mete lá dentro, lá dentro” e o jovem rodava, rodava, mas não introduzia a moeda.
O confessor repetia “lá dentro, lá dentro” e face à insistente repetição, o jevem respondeu convito: “não, não, senhor padre, é a mesma coisa” e saiu porta fora.
Os membros/as desta página - LITERATURA E POESIA - são pessoas inteligentes, estudadas, vividas e sabedoras, por isso dispensam que eu lhes explique por que razão me veio à lembrança esta ANEDOTA.
Por mim sei bem, que andar pelas BORDAS não é estar lá DENTRO.