Para que a teia de lã possa ser transformada em manta ou vestuário terá de ser pisoada e, para isso, lá existe um engenho, o pisão, cujas origens, para não destoar do tear a que anda associado, também não é fácil de situar historicamente no espaço e no tempo.
ORGULHO E FORÇA DAS ORIGENS
O conhecimento das comunidades rurais, das suas formas de viver, usos e costumes, carências e adversidades da vida, nem sempre advêm dos livros e da palavra escrita.
Nos meados do século XX, a maioria da população portuguesa era analfabeta e muitos dos contratos e negócios dos camponeses assentava na palavra dada. Na «PALAVRA DE HONRA». Em casa, nas feiras ou nas romarias.
» História
|
 |
ESTRADA ROMANA À ILHARGA DE CASTRO DAIRE
|
Menino ainda, não tinha desculpa possível para me recusar a ir onde quer que fosse mandado, alegando desconhecer o sítio: «quem tem boca, vai a Roma», «todos os caminhos vão dar a Roma» eram as frases que sucediam à minha hesitação e confirmavam, depois, o sucesso do recado cumprido. Mas, se cedo aprendi o significado de tão «sábias» expressões, tarde soube que elas eram o fruto de muitos séculos do Império Romano, onde se incluía o território que viria a ser Portugal.
|
|
REALIDADE E FANTASIA
No dia 23 de julho, todo o dia, a RTP assentou arraiais no Jardim Municipal de Castro Daire para emitir daqui o programa “7 MARAVILHAS DA CULTURA POPULAR”.
Avisado antecipadamente e precavido, peguei no comando MEO e cliquei no botãozinho encarnado, não fosse eu perder o oferecido PITÉU. Quanto custou? Quantos ZEROS teve o cheque ou a ordem de transferência bancária?
PONTE DE CABAÇOS
No afastado ano de 1995, no gozo da minha «LICENÇA SABÁTICA», enquanto professor da Escola Preparatória de Castro Daire, pés a caminho, e toca a pôr em prática o “PROJETO DE INVESTIGAÇÃO APLICADA” que me propus levar a cabo, com o aval do Ministério da Educação e do Professor Universitário Jorge Custódio. Assunto: ARQUEOLOGIA INDUSTRIAL adentro do território concelhio.
Acabado o projeto, passado para o papel grande parte do produto investigado, propus ao EXECUTIVO MUNICIPAL, presidido, então, pelo senhor João Matias, a sua primeira edição, em livro, proposta que foi aceite, ficando a cargo do Município, exclusivamente, os custos da impressão.
A VERDADE E A MENTIRA
Não, não e não!
Um HISTORIADOR não deturpa a HISTÓRIA, nem confunde FACTOS REAIS de trabalho, a forma de ganhar a vida dos PASTORES DA SERRA DA ESTRELA, com RECREAÇÕES FOLCLÓRICAS LOCAIS de ENTRETENIMENTO e de CONVENIÊNCIA, a coberto dos nossos “usos e costumes”.
CRUZADOS, PATACOS E REIS
Iniciado nos estudos da ARQUEOLOGIA pelo Professor António Cavaleiro Paixão, na Faculdade de Letras de Lourenço Marques, durante as exploração que fizemos numa estação PALEOTÍTICA no sítio do MASSINGIR, que ficaria submerso logo que enchesse a barragem que então ali se estava a construir, ficaram-me na memória as técnicas dessa “ciência” e os artefactos que enriquecem o espólio pré-histórico daquela Universidade. E também os quilómetros de estrada que separam aquele sítio de Lourenço Marques, percorridos destemidamente sozinho, durante a noite, metido no meu carro IZUZU BELET. Zona de fauna selvagem e estradas de terra batida, ao ponto do carro ter mudado de cor ao fim do percurso. Os quilómetros andados, deixo-os para os curiosos e aventureiros que se metam a corrê-los nos mapas da Internet. Isto para memória dos meus filhos e netos, quando um dia, puserem os olhos naquele território e poderem dizer: “o meu avô esteve e passou por aqui”.
O VALOR DA HISTÓRIA
Ontem, um programa que vi na televisão, cerca das 21 horas (já não sei em que canal, nem estou para ir confirmar), levou-me até TRESMINAS (Trás-os-Montes), sítio de exploração de ouro levada a cabopelos romanos durante o seu domínio territorial.
ARQUEOLOGIA INDUSTRIAL
No meu livro “CUJÓ, UMA TERRA DE RIBA-PAIVA” existe um capítulo sobre a indústria moageira tradicional, com referência a todos os moinhos hidráulicos existentes ao longo dos rios Calvo e do rio Mau, mas também a referência à MOAGEM que, por falta de água nos rios, levou o meu pai, Salvador de Carvalho, de parceria com os Tibérios (os Teixeiras) a instalá-la por forma a que nela os cereais fossem transformados em farinha. O meu pai fornecia as instalações, as mós, o correame e mais apetrechos e os Tibérios o motor da sua malhadeira, primeira e única na povoação, nessa altura.
|
|
 |
IINDÚSTRIA DE TECIDOS - O PISÃO
|
Para que a teia de lã seja transformada em manta ou vestuário terá de ser pisoada e, para isso, lá existe um engenho, o pisão, cujas origens, para não destoar do tear a que anda associado, também não é fácil saber.
|
|
Engenho movido a energia hidráulica (ver figura) o seu equipamento é constituído essencialmente por uma «roda motriz», exterior ao edifício. Girando à força da água, o «eixo» que nela entronca, atravessado por duas «esperas», «dobadoiras» ou «levas» que nele são colocadas, em cruz, a pouca distância uma da outra, constituindo como que os cotovelos de uma cambota, transmite o movimento aos «maços» que, alternadamente, são forçados a levantarem-se e a caírem soltos sobre a teia colocada na «masseira», ou «caldeadoiro».
Construído com materiais existentes na região, este tipo de engenho bem pode ser considerado um dinossauro no reino da técnica. Troncos e barrotes de madeira, geralmente carvalho e castanho, adquirem a forma e os nomes próprios dados pelo traçador, pela serra braçal, pelo machado e pela enxó. São os nomes que lhe advêm da função e do lugar que cada peça toma no corpo do «maquinismo» : roda motriz, eixo, esperas (levas), rabadilhas, maços (ou malhos), chavelhas, merendos, barelas, entroncas, masseira (ou gastalho/caldeadoiro) etc.
Só a «caldeira» é de cobre. Só a caldeira não é de fabrico doméstico. Suspensa sobre a «fornalha» tem por função enviar permanentemente água quente para a masseira e manter a teia humedecida para facilitar o aperto do tecido.
O pisoeiro vela por isso. De tantas em tantas horas, utilizando o «pejadoiro» (tábua que, atravessando a parede, foi colocada a jeito de desviar a água da roda motriz, sem se sair do interior das instalações) imobiliza o engenho e, agarrando uma ponta da teia, enrola-a no «orgão» de madeira (tipo rodízio de tirar água ou terra de poços), colocado mesmo ao lado, a fim de aferir o aperto e a textura do tecido. Se está capaz, vai colocá-lo ao sol, estendido nos lameiros circundantes. Se não está, devolve-o à masseira (uma espécie de gamela cavada num tronco de árvore) e recomeça o processo.
Dos pisões que ainda laboravam nos meados deste século no concelho de Castro Daire, só restam três e um deles arrancado ao seu habitáculo de origem a fim de não levar o destino dos outros. Todo o engenho, já em franca degradação, deixou a Ponte da Ermida, ali, onde se juntam os ribeiros de Mouramorta e da Carvalhosa, e foi levado para o Mezio, em 1987, onde foi recuperado e montado a coberto de novas instalações construídas de granito.
O outros dois situam-se na freguesia de Pinheiro, no ribeiro da Carvalhosa, a uns escassos 500 metros da arruinada e medieval povoação do Bugalhão. Um, situa-se na Fonte Branca, e o outro, na Ruínha, este a escassos 100 metros a montante daquele.
O da Fonte Branca era, nos fins do século passado, propriedade de João da Costa Pinto, de Cetos. Passado aos herdeiros, acabou nas mãos de António da Costa e deste passou a Celestino Inácio de Paiva, do Sobradinho, que casou com uma filha daquele que, em meados deste século, havia-de ser conhecido nas redondezas por «António Pisoeiro».
O da Ruinha pertence actualmente a Guilherme da Costa, de Picão.
NOTA: A DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO «PISÃO» CONSTA DO MEU LIVRO «CUJÓ, UMA TERRA DE RIBA-PAIVA» PUBLICADO EM 1993 E TAMBÉM NO MEU LIVRO «CASTRO DAIRE, INDÚSTRIA, TÉCNICA E CULTURA» PUBLICADO EM 1995. FIZ A TRANSCRIÇÃO PARA ESTE MEU SITE, HOJE MESMO, A FIM DE PARTILHÁ-LA NO MURAL DO FACEBOOK, FACE À PERGUNTA DE UM CONTERRÂNEO MEU, QUERENDO SABER PARA QUE SERVIA O PISÃO.
É O QUE VOU FAZER DE SEGUIDA.
|
|
|
RESTAUROS DE VIDA
Nascido em 1939, criado numa aldeia serrana - CUJÓ - com características vincadamente medievais no viver coletivo, desde a economia agro-pastoril, às habitações cobertas de colmo, técnicas agrícolas e indústrias artesanais a condizer, o uso das energias animal, humana e hidráulica nas tarefas necessárias, a tal forma de viver se ligavam os equipamentos destinados à iluminação, também eles a remeterem para esses tempos longínquos, básicos e primários, v.g. a agulha de pinheiro, a pinha, a vela, a candeia e lanterna alimentadas a petróleo.
COMÉRCIO LOCAL
E aqui chegados, temos de volver ao princípio e sublinhar que as iniciais “F.S.” intercaladas entre o nome e o apelido, a identificar o proprietário do edifício, inscritos na sua frontaria, seguidos da data 1888, são a forma abreviada de FIGUEIREDO SIMÕES. E repescá-las para aqui escritas por extenso, não é despiciendo nesta nossa caminhada na companhia de RITA AUGUSTA DE FIGUEIREDO e o papel que ela desempenhou, enquanto empresária comercial nesta vila.
COMÉRCIO LOCAL
Nestes meus trilhos serranos, caminhando, por enquanto, sem apoio de bengala (nunca tive bengalas na vida) tropecei hoje num assunto da HISTÓRIA LOCAL que desde há muito trago sob a mira. A razão de só ter acontecido neste ano de 2020 ficará explicada na presente crónica dividida em QUATRO PARTES.
COMÉRCIO LOCAL (continuação)
Nestes meus trilhos serranos, caminhando, por enquanto, sem apoio de bengala (nunca tive bengalas na vida) tropecei hoje num assunto da HISTÓRIA LOCAL que desde há muito trago sob a mira. A razão de só ter acontecido neste ano de 2020 ficará explicada na presente crónica, dividida em QUATRO PARTES.
COMÉRCIO LOCAL
Nestes meus trilhos serranos, caminhando, por enquanto, sem apoio de bengala (nunca tive bengalas na vida) tropecei hoje num assunto da HISTÓRIA LOCAL que desde há muito trago sob a mira. A razão de só ter acontecido neste ano de 2020 ficará explicada na presente crónica, dividida em QUATRO PARTES.
APESAR DE TUDO...PROSSIGO...
Retomo a notícia que publiquei no “post” anterior arrancada do jornal “O Castrense” de 1929. Lembram-se? Aquela que referia o projeto que os responsáveis dos “Caminhos-de-ferro do Vale do Vouga” tinham em mente e que era ligarem as povoações de S. Pedro do Sul a Lamego, via Castro Daire, por um dos dois traçados alternativos, ainda em estudo. Dele deixei registo bastante ligado à reunião que, para o efeito, teve lugar nos Paços do Concelho.
APESAR DE TUDO...PROSSIGO...
Neste tempo, em que tanto se fala de mobilidade humana e do retorno aos “transportes ferroviários”, vem mesmo a calhar falar de um SONHO que, em 1929, se alimentou nestas terras do interior, hoje ditas “desertificadas”, "sem gente", de “baixa densidade demográfica”.
E, para isso, nada melhor do que botarmos mão aos jornais antigos, aos jornais do tempo, onde os SONHADORES DE PROVÍNCIA deixaram rasto em letra redonda, mais especificamente no jornal “O Castrense” impresso no prelo ALBION que, em 2014, sob a minha orientação técnica, foi restaurado e exposto no Museu Municipal de Castro Daire. Nunca me canso de dizê-lo, que mais não seja, para acirrar os ânimos de todos os que, sentados nas cadeiras do PODER LOCAL, preferem o escuro do “silenciamento” à iluminação da informação, da história e cultura da nossa terra. Ainda bem que nesta minha página não metem bedelho.
PASSADO VIVO
Quem navega nos suportes de escrita analógicos, que não só os trazidos pelas novas tecnologias (das quais faço uso, com muito proveito) cirandando pelas ruas e ruelas da nossa vila ou pelas suas povoações aninhadas na serra, tem sempre que contar, que divulgar e que aprender. Falo de livros e de jornais.
GENTE DA TERRA - GENTE ESQUECIDA
Por sugestão do General José Agostinho Melo Ferreira Pinto, cidadão de Castro Daire, atento aos trabalhos que tenho andado a publicar sobre as «nossas terras e as nossas gentes», incluindo as pessoas mais graduadas e as mais humildes, interpelou o meu silêncio sobre o Doutor Albano Pereira Júnior (já falecido) natural de Santa Margarida, catedrático que foi da Faculdade de Farmácia de Lisboa.
PROVOCAÇÃO INTELECTUAL
No tempo em que tanto se fala das «novas tecnologias» e das movimentações humanas, políticas, económicas e outras decorrentes do fenómeno «WEB SUMMIT» que abriu portas lá pela capital do reino, nem de propósito e à laia de «provocação» a minha EQUIPA DO FACEBOOK trouxe aos espaço das MEMÓRIAS a foto que alojei no meu mural, em 2012, relativa a uma velha máquia a vapor que acionava as mós de um «lagar de azeite» na velha serração da Soalheira, ali, na Vitoreira a mirar Castro Daire. Era no tempo em que, à míngua de relógios (bem ao contrários dos tempos que correm) o «APITO» dessa ou de outra máquina a vapor que ali laboravam marcavam a abertura e o fecho das lojas comerciais da vila de Castro Daire.
A história dessas máquinas a vapor está relatada no meu livro «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura», editado em 1995 (há muito esgotado), e, por isso mesmo, é que me dei ao cuidado de publicar no Facebook uma «relíquia» sobre a qual discorri nesse meu livro. Assim:
TEMPOS IDOS
No meu livro “Julgamento” (romance histórico), editado em 2000 (esgotado), cujo enredo situei no último quartel do século XIX, coloquei o protagonista Meritíssimo Juiz, Augusto Prudêncio, recém-chegado a Castro Daire, a passear-se pela vila no dia da histórica feira quinzenal.
Recentemente, um dos meus filhos, passeando-se comigo nessas mesmas ruas, interpelou-me sobre até onde eu, na narrativa, fundira a história com a ficção, pois não via quaisquer sinais da feira por mim referida nas ruas que ambos pisávamos.
Expliquei-lhe que, em tempos idos, distendidos até à década de 80 do século XX (digamos, até ontem) a feira quinzenal do “Crasto”, tal como escrevi nesse livro, tinha lugar assegurado nas artérias do burgo vilão, havendo até posturas municipais que demarcavam os espaços para os feirantes e identificavam os produtos postos à venda em cada um deles, por forma a que ninguém pudesse furtar-se ao pagamento do “terrado”.
OS DOCUMENTOS E A HISTÓRIA
|
Entre essas transcrições dos muitos documentos que consultei nos arquivos de Castro Verde (Alentejo),enquanto ali fui professor na Escola Preparatória daquela vila, estão aquelas que se referem aos contratos de «arrematação» das pinturas dos quadros da Igreja da Sª dos Remédios.
|
|
OS DOCUMENTOS E A HISTÓRIA
A favor do primeiro transcreve parte de um termo de pagamento que eu lhe facultei exarado num dos livros da Confraria de S. Miguel. A favor do segundo afirma haver quem «atribua a feitura dos quadros ao pinto Diogo de Sousa», apoiando-se numa monografia de Loulé, onde se pode ler: «Diogo de Sousa, natural de Loulé, pintor que foi mestre de Diogo Magina. Fez as pinturas da Igreja de Castro Verde no Alentejo e as batalhas de D. Afonso Henriques, que estão na Igreja dos Remédios da mesma vila». (pp 74)
» História
|
 |
OS DOCUMENTOS E A HISTÓRIA
|
Por gentileza, a Câmara Municipal de Castro Verde fez-me chegar, muito recentemente, as edições que tem patrocinado. Li, com agrado, «O Termo de Castro Verde», vol. I, da autoria do Dr. João José Alves da Costa.
|
|
PATRIMÓNIO HISTÓRICO
|
Do meu livro «HISTÓRIA DE UMA CONFRARIA -1677-1855», editado pela Câmara Municipal de Castro Verde, em 1989, destaco para aqui o que nele escrevi sobre a «Fonte Santa de S. Miguel», baseado nos manuscritos que consultei, enquanto professor que fui na Escola Preparatória daquela vila, entre 1976 e 1982/83.
|
|
CAHIMITE=SALGUEIRO MAIA
Na minha crónica anterior, sob o título em epígrafe, a propósito da colocação de uma viatura CHAIMITE à entrada da vila de Castro Daire, junto ao Intermarchê, discorri sobre o nome da viatura e os episódios históricos para onde este nome remetia, e bem assim para as personagens envolvidas, um encontro entre Mouzinho de Albuquerque e Gungunhana, em 1895, em CHAIMITE.
GUERRA COLONIAL
Consulte-se qualquer livro de história, compendiada ou não compendiada, primária, secundária ou universitária, ligada ao ESTADO VELHO ou ao ESTADO NOVO, consulte-se o GOOGLE e logo se descobrirá que a palavra CHAIMITE aparece necessariamente associada a MOUZINHO DE ALBUQUERQUE., e ao fim do IMPÉRIO VÁTUA, em Moçambique.
ESTRADA CASTRO DAIRE, CARVALAHAL, ALMARGEM e VISEU.
INTRODUÇÃO
Mesmo com a experiência viva de haver por cá quem se aproveita das fontes que cito nos meus textos, para aparecerem aos olhos do público como sendo eles a queimar as pestanas a descobri-las, retirando delas a informação necessária à elaboração de HISTÓRIA séria, nem por isso deixo de cumprir a básica regra académica e científica: identificá-las por forma a que todo o investigador sério das «CIÊNCIAS SOCIAIS» possa confirmar e valorizar a hermenêutica patente em tudo quanto faço, renegando a “atitude do chico-esperto” que, identificada a fonte por mim, recorre, pelo telefone, à solicitação de fotocópias tiradas dos documentos originais, omitindo os «trilhos» que seguiu para dar «ares de originalidade» nos trabalhos que publica.
É uma questão de ESCOLA e de MESTRES com quem aprendi, uma questão de respeito por mim próprio, pela ciência a que me dedico e aos estabelecimentos de ensino que me diplomaram em HISTÓRIA. Dito isto, avivada que fica a memória desses “oportunistas», eis, aqui o produto da investigação que me absorveu muito tempo a ler a «imprensa local» de molde a retirar dela a informação sobre o tema em apreço, v.g. a abertura da «Estrada do Carvalhal», um melhoramento rodoviário de incontestável valor a ligar a sede do concelho, a vila de Castro Daire, à capital do distrito, a cidade de Viseu.
DEVER DO HISTORIADOR
Recebi agora mesmo um ALERTA GOOGLE com uma notícia do JORNAL DO CENTRO informando-me do evento local dito TRANSUMÂNCIA promovido pela Câmara Municipal. E o jornal cumpre o seu dever de informar. Para isso existe. Só que, desde o princípio, eu tenho do conceito TANSUMÂNCIA o real sentido histórico e já deixei o meu pensamento em texto e em vídeo. Não pensava voltar ao assunto, mas cá vai:
JOSÉ CLEMENTE DA COSTA
Há dias, por razões amplamente descritas e filmadas, regressei ao ano de 1933, para dar a conhecer (ou a lembrar) aos curiosos e estudiosos, o nascimento da EMPRESA GUEDES, uma espécie de BILHETE DE IDENTIDADE do concelho de Castro Daire. E basta atentar nos COMENTÁRIOS feitos pelos meus amigos, relativos ao texto e ao vídeo publicados, para concluirmos da EMPATIA dos castrenses que se manteve para aquém do fim da empresa, enquanto MARCA CONCELHIA.
Mas mal andaria o HISTORIADOR se não recuasse a muitos anos antes e deixasse oculta a EMPRESA DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS que, NO FIO DO TEMPO, antecedeu a GUEDES.. É trabalho que não me custa nada a fazer, pois ele feito ficou em 1995, no meu livro “Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura”, editado pela Câmara Municipal, há muito esgotado.
Ora, como manipulo, com alguma agilidade, as novas tecnologias, é só fazer “COPY/PASTE”, (copiar-me a mim próprio) e extrair do livro a matéria suficiente sobre o assunto, ilustrano-a, agora, com fotos que, na altura, não foram inclusas nas suas páginas. Faço-o hoje retirando-as do livro com o título A Vida de José Clemente da Costa», cujo autor é José Mário Clemente da Costa, familiar seu que, em boa hora, coligiu as imagens que eu aqui reproduzo, exceto o anúncio publicitário da inauguração da Carreira, em 1914, que extraí do jornal «A União» que, então, se publicava na vila de Castro Daire. Assim:
UMA PALHA E UMA AZEITONA
“Mas a juntar-se a tudo isto, eis a delicadeza de um “densímetro” artesanal feito com uma palha de 30 ou 40 centímetros de comprimento espetada numa azeitona. Peça singular, ei-la pronta a ser mergulhada na “tarefa” e informar o lagareiro da linha que separa a água do azeite. O azeite e o azinagre. Metida na vertical, vai abaixo, vem acima e, finalmente, estabiliza a boiar por baixo do azeite e “em riba da áuga”. (CARVALHO, 1995, «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura», pp. 214)
ANDANDO POR AÌ...
Quando em 1995, na sequência da minha licença sabática, publiquei o produto escrito dela, isto é, o resultado da “investigação aplicada” levada a efeito sobre a “arqueologia industrial” relativa a muitos moinhos e azenhas de azeite que laboraram no concelho, arrolei muitos desses equipamentos com o cubo na perpendicular e somente TRÊS com o cubo na vertical.
O MUNDO DE ONTEM
Lavrado numa pedra retangular, dois furos paralelos abertos interiormente na vertical, integrado num dos lados de uma poça, assente ao alto, vários nomes encontrei para designar a mesma coisa. E que coisa é essa? Nada menos do que uma peça utilizada no nosso sistema de rega tradicional, cuja cantaria incorpora, em si própria, muita imaginação, inteligência e arte humanas.
ARTES TRADICIONAIS
O fascínio da investigação feita fora da Torre do Tombo, das bibliotecas e espaços afins, chancelarias e cartórios notariais, longe dos manuscritos, escrituras e testamentos, peças recheados de mofo e ordens dadas pelo testador ao testamenteiro sobre a futura administração de heranças e legados pios, bens materiais terrenos testados em troca do bem-estar celeste, sobre muitos dos quais já queimei as pestanas em estudos anteriores. O fascínio desta investigação, dizia eu, está nas “estórias de vida” com hálito de gente viva, contadas pela boca das pessoas idosas, autênticas bibliotecas ambulantes abarrotadas de calor humano, formas de dizer, jeitos e trejeitos, recheadas de saberes, artes e técnicas com patine secular, transmitidas de geração em geração, por imperativo da polivalência laboral imposta pelas leis da sobrevivência e da governança.
UM FENÓMENO
Eis que eles, neste ano de 2019, eles, os nossos AUTARCAS, acordaram para o “25 DE ABRIL”. Acordaram tarde, muito tarde. E vou deixar aqui a prova pública disso. Desde que cheguei a CASTRO DAIRE (1983) sempre levantei essa bandeira, na ESCOLA, na imprensa e fora dela. Em meu redor, o SILÊNCIO TOTAL. Por isso desconfio da FESTA ANUNCIADA. Cheira-me mais a um EVENTO FOLCLÓRICO, do que à COMEMORAÇÃO FESTIVA de um EVENTO HISTÓRICO, tanto mais que conheço alguns dos intervenientes que sempre mostraram a sua ANIMOSIDADE à chegada da DEMOCRACIA e cantavam loas à DITADURA e ao Salazar. Está-lhes no sangue. Não há rasto público de terem dado mostras do contrário. Eu me lembro. Ainda estou vivo. E ainda posso FALAR e ESCREVER, graças ao fim da CENSURA e ao privilégio do ao cidadão ser permitida a LIBERDADE DE OPINIÃO.
RITUAL DE VIDA E MORTE
Arrancado à loja, sita por debaixo do sobrado que sustenta as camas de dormir ou as caixas de guardar milho ou centeio do proprietário, o cevado chega ao fim da sua vida.
OUTEIRO DO VIEIRO
Voltando aos Casais o Monte, terras de Moledo, lembrarei, agora, que, em 1758, o Abade desta freguesia não se referiu, apenas, às muralhas arruinadas do «castelo de S. Lourenço», lá no cimo do monte. Ele disse também o seguinte:
«CASTELO» DE SÃO LOURENÇO
Há dias estive no MONTE DE SÃO LOURENÇO, onde foi implantado um PARQUE EÓLICO. Fiz dois vídeos sobre esse equipamento produtor de energia limpa e aludi ao “reduto amuralhado” que ali existe, dizendo que já lá tinha estado em 2004 e 2008.
De 2004 é o texto que se segue, tal qual foi publicado no “Notícias de Castro Daire” e no meu velho site “trilhos serranos”, onde o fui buscar hoje mesmo, para este meu novo espaço online.
HISTÓRIA EDIFICANTE
Feita em 1954, digamos que a um “ai” dos anos da “independência da freguesia” verificada em 1949/1951 (civil e religiosa), o tio Domingos Pereira Vaz caprichou na sua feitura. E ela aí está para honra sua e orgulho nosso. Desconheço a madeira utilizada, mas que as suas mãos, manejando as ferramentas de carpinteiro/marceneiro, serrotes, plainas, formões, goivas e martelos, compassos e esquadros, projetaram, em talha, as suas geniais ideias, crenças, pensamentos e afetos, é verdade.
VALOR E SIGNIFICADO DOS SÍMBOLOS
Todos aqueles que viram o meu vídeo feito recentemente sobre a IGREJA MATRIZ de Cujó, (DOCUMENTÁRIO HISTÓRICO alojado no Youtube) que mereceu os elogiosos comentários de António Martinho Santos Teixeira, natural da terra, a residir nos arredores de Viseu, Bártolo Ferreira, natural de Mões, a residir em Lisboa, e Nuro Carvalho, natural de Lourenco Marques, a residir nos arredores de Lisboa, todos se deram conta, certamente, de que referindo-me eu, pormenorizadamente, a quase todos os elementos presentes na narrativa, passei, como “gato por brasas”, sobre o arranjo vegetalista que ornamenta o frontispício da torre, não sem que o tivesse filmado devidamente e, assim, mostrado ao mundo. Nem podia deixar de ser.
IDA AO MUSEU
Passados oito anos após a crónica que deixei no meu velho site “trilhos-serranos.com”, relativa à inauguração do MUSEU DO CÔA, feita pela Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, em 2010, crónica escrita após quinze anos dobrados sobre a polémica que teve eco na imprensa, nos cafés, passeios e mais sítios onde toda a gente botava opinião, uns em defesa da BARRAGEM, desvalorizando o achado arqueológico, e outros em defesa das GRAVURAS, valorizando-as como património ímpar da arte humana sobre pedra.
CASTRO DAIRE - PONTOS DE VISTA: AS GRAVURAS DO CÔA
|
30-07-2010 12:55:35
|
Passados 15 anos depois de tanto alarido sobre as gravuras do Côa, aí temos prontinho, inaugurado, hoje, dia 30 de Julho de 2010, o «Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa».
GENTES DO MONTEMURO
Filho de Anabela Ramos, o batizado livro «Violência e Justiça Em Terras do Montemuro» foi dado à luz neste Ano da Graça de 1998. Tese de mestrado, com prefácio do Professor Doutor António de Oliveira, da Universidade de Coimbra, patrocinado pela Câmara municipal de Castro Daire, Governo civil de Viseu e Ministério da Cultura
A autora, espiolhando o Fundo Judicial de Castro Daire que, desde 1935, jazia inerte no Arquivo Distrital de Viseu, fez uma incursão por terras do Montemuro e arredores, passeando-se 112 anos pelos concelhos de Castro Daire, Vila Nova de Paiva, Cinfães, Rezende, Lamego, Tarouca, Armamar e Lafões. O livro custa 2.900$00 e tem a chancela da «Palimage Editores» de Viseu.
MALHAS QUE O DESTINO TECE
Ainda embrenhado na «Floresta ou Sylva» do Padre Manuel Bernardes, livro que morou, desde não se sabe quando, na minha terra natal, direi que gado, matagais, silvas, silvados, lameiros, campos lavradores e semeados, não faltavam nas redondezas. A agricultura e a pastorícias eram as atividades económicas predominantes.

PEQUENO MUNDO
Em 2003, em extensa crónica ilustrada, no "Notícias de Castro Daire" e no meu primeiro site Trilhos Serranos (antigo “.com”) reportei a chegada dos chineses a Castro Daire. Referi a morte do jesuíta Sebastião Vieira no Japão, depois de ter sido expulso do território e lá ter regressado, subornando com "metal sonante" os barqueiros que o levavam dali para fora.
«O CASTRENSE» LIDO POR MIM...
É notório este meu gosto pelo saber e divulgar saber. Uma das minhas fontes tem sido a imprensa local. Já escrevi um livro sobre ela a propósito do restauro do velho PRELO saido da «Fundição de Massarelos», no Porto, em 1855. Está no Museu Municipal. Peça única, em termos museológicos, os nossos vereadores da Cultura, são o que são. «E não se fala mais nisso»
EM 1917 SUBIR A SERRA ERA UMA AVENTURA
Tenho dito e repetido que, quando menino de escola, andava pelos montes de Cujó a guardar gado e, do sítio mais alto, a minha vista alcançava a linha do do horizonte da serra do Montemuro, ali se acabava o mundo. Para lá desse horizonte só a IMAGINAÇÃO e DESEJO. E sei, de pura verdade, que tanta gente das redondezas VIVEU e MORREU sem poder ir lá e além de lá.
CUJÓ: RETALHOS DE HISTÓRIA - VIII
|
O censor do Santo Ofício que deu parecer favorável à impressão da «Nova Floresta ou Silva», como já vimos em crónica anterior, disse que não se tratava apenas de «um livro», mas de uma «livraria».
CUJÓ: RETALHOS DE HISTÓRIA - VII
|
Quando saí da Escola Primária matriculei-me logo, sem qualquer exame de admissão, nas cadeiras de Agricultura e Pecuária na Universidade da vida.
|
|
PATRIMÓNIO HISTÓRICO
“A História aponta exata e pertinentemente o que está oculto na série, aparentemente caótica, dos acontecimentos quotidianos. A história local narra factos circunscritos, mas seleciona-os e valoriza-os, na medida em que estes factos se projetam no campo nacional, consideravelmente mais vasto».(Separata do «Boletim Informativo» nº 8 «História», Fundação C. Gulbenkian, 1962, pp 295)
TRAMAGAL - O MELHOR MUSEU EM 2018
«A História aponta exata e pertinentemente o que está oculto na série, aparentemente caótica, dos acontecimentos quotidianos. A história local narra factos circunscritos, mas seleciona-os e valoriza-os, na medida em que estes factos se projetam no campo nacional, consideravelmente mais vasto».Separata do «Boletim Informativo» nº 8 «História», Fundação C. Gulbenkian, 1962, pp 295)
QUEM ESTUDA...APRENDE...
Em Moçambique (há quantos anos, senhores?) antes de andar por aí espalhada, por tudo quanto é MÍDIA, a lamúria "ALÁ É GRANDE", já ela retumbava nos meus ouvidos proferida por negros quando se julgavam injustiçados por isto ou por aquilo. Apelavam à Justiça Divina já a Justiça Humana estava para eles desacreditada. E parece que não apenas pelos nativos. É isso que vejo no texto que transcrevo de "Ronda de África" de Henrique Galvão. Um belo texto, se calhar para surpresa de muitos que o conhecem apenas como protagonista do assalto ao Santa Maria. A esses remeto-os para o Google a fim de se certificarem das suas andanças pela Política, pela História e Cultura.
CUJÓ - A FEIRA MENSAL
|
Como escrevi no meu livro «Cujó, Uma Terra de Riba-Paiva», editado pela Junta de Freguesia em 1993, decorria o ano de 1927 quando uma comissão constituída por Salvador de Carvalho, Samuel Paiva e Pedro Duarte, diligenciou e conseguiu criar uma feira em Cujó a realizar todos os meses no «Largo das Carvalhas» = «Largo das Marinheiras», vizinho da «Eira da Fraga», no fundo do lugar.
| | | | | | | | |