Trilhos Serranos

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A PETISCADA - 2 

Gosto de carneiro assado

Gosto de couve flor

Gosto de queijo e pão

Gosto de vinho e licor

ANTÓNIO JOSÉ LOUREIRO DE ALMEIDA

Na crónica anterior sobre o "PELOURINHO DE CASTRO DAIRE" aludi ao tabelião Inocêncio Teixeira do Amaral, em cujo escritório, em 1863, foi feita a escritura de compra das três casas contíguas ao adro da Igreja pertencentes a António José Monteiro Lemos,  José o Ferreira Simões e João da Cunha,  para se arranjar espaço suficiente com vista à construção do Hospital da Misericórdia. O negócio, devidamente autorizado pelo Rei, foi feito tendo  o primeiro morador recebido 72$00, o segundo 60$000 e o terceiro 55$000. Refiro isto tudo, circunstanciadamente, no meu livro «Misericórdia de Castro Daire» , editado em 2000, nas páginas 38-39.


PRIMEIRO

Tal como se vê em livros, roteiros e folhetos turísticos sobre a história de Castro Daire tem-se considerado pelourinho municipal  o  cruzeiro de calvário que se encontra no Bairro do Castelo, aquele que, em data não apurada rigorosamente por mim (mas que presumo ter sido na década 50 do século XX, baseado em informações idóneas e na minha própria memória que me lembro tê-lo visto lá, numa das minhas deslocações à vila, com os meus 12 ou 13 anos de idade) foi deslocado para ali do sítio onde originariamente se encontrava, que era no «cimo de vila» entre as capelas de São Sebastião e da Senhora da Lapa, ambas vizinhas do solar brasonado dos Mendonças. 

CUJÓ E AFONSO HENRIQUES

Nós, nascidos e criados em Cujó, desde cedo aprendemos que o MANCÃO fica lá em cima, no alto, naquele outeiro, onde se cruzam o caminho que de Cujó leva às Monteiras (atualmente uma estrada asfaltada) e o velho caminho de terra batida que, de Farejinhas, passando pelo Chão do Irão acima, leva a Várzea da Serra e a Lamego.


QUANDO A GRATIDÃO TEM CONTEÚDO

Lourenço Marques. Era Dezembro de 1973. Eu tinha ido ao cinema com a minha mulher, Mafalda, e ao regressarmos a casa tropeçamos num embrulho colocado na soleira da porta. Estranhámos o facto, mas vimos imediatamente que entre os liços que apertavam o volume estava um «cartão de visita» de pessoa amiga. Lemos o «cartão», cujo «fac-simile» e conteúdo aqui reproduzo:

FONTE DOS PEIXES - MONOGRAMA E COISAS MAIS

Pare, olhe e veja.


Neste minha saga de «mostrar» Castro Daire ao mundo, na  condição de munícipe assumido que se preza da sua terra,  seja através do meu site «trilhos-serranos», seja no Youtube e aqui mesmo no Facebook,  sem subsídios nem avenças municipais, nem ensejos de pendurar uma medalha de mérito  ao peito, cerimónia tão vulgar e corriqueira hoje em dia, por estas bandas (o que, aliás só reforça a minha independência face aos poderes instituídos, a quem jamais verguei a cerviz) prossigo hoje com alguns conjuntos de fotos relativas ao passado histórico da nossa vila, certo de que a generalidade dos castrenses jamais parou, olhou e viu o que está à frente dos olhos de toda a gente.

PEDRAS QUE FALAM

Nas minhas deambulações feitas, durante anos, pelas ruas, ruelas, quelhos e becos da vila de Castro Daire, mirando, fotografando e filmando janelas, portas e paredes (incluindo muros de socalco), dialogando com as pedras que me falam do nosso passado histórico (mais do que muitas pessoas que se julgam muito sabedoras) aquelas pedras que, depois de eu muito insistir, me confirmaram ser verosímil a tradição registada em 1666 no Hagiológio Lusitano, de António Cardoso, a tradição que dizia ter D. Dinis autorizado a construção da igreja com as pedras do velho "crasto", (não confundir aqui "crasto" com "castelo"), assunto que já tratei amplamente no "Notícias de Castro Daire" e no meu site "trilhos-serranos" versão ".com", em crónicas com o título "Castro Daire, teve ou não teve castelo?", trago hoje, à vista do leitor amigo que se interessa pela HISTÓRIA LOCAL, algumas DATAS que fui encontrando dispersas por torças de portas, janelas e muros de socalco.


NA CORDA BAMBA

1 - A SENTENÇA 

 Com a expressão palavra lavrada na escritura notarial que fui desenterrar dos meus arquivos, físicos e mentais, terminei a crónica anterior. Vamos, pois, continuar a lavrar o passado,  lembrando que, muito antes de digitalizar e comentar esse documento, já eu tinha deixado nesta minha página (trilhos-serranos) vários aspetos do processo histórico «COLONIZAÇÃO/DESCOLONIZAÇÃO»,  essa CORDA BAMBA onde tanta gente esperançosa de melhor vida se viu a balouçar, seja nos tempos da formação do Império, seja nos tempos da sua queda. Nos tempos da conquista do território e no tempo da sua perda. E mal me ficaria omitir nesta minha lavra, os registos que a mim dizem respeito, uma página de vida pessoal, de sonho, de realização e de desgosto, na sequência da escritura manuscrita em que fui interveniente voluntário. Em que eu e a minha mulher, portanto, sujeitos e objectos, nos confessamos:


NA CORDA  BAMBA 

Volvidos que somos à cerimónia a decorrer na sede do Montepio, em Lourenço Marques, no longínquo ano de 1975, vemos e ouvimos que o notário, sempre na mesma toada,  circunspecto e solene, mostrava quanto valia como peça que era indispensável à máquina político-administrativa e judicial num Estado que tinha a sua segurança no pilar da burocracia e os seus agentes, com porta aberta nas Repartições de Finanças, Bairros Fiscais, Esquadras de Polícia,  Tribunais, Cadeias, Julgados de Comarca etc. etc. Num Estado que usava todos os Códigos do Direito Civil, Penal, Administrativo, todos os artigos, parágrafos únicos e vírgulas que lhe davam corpo para defesa e salvaguarda dos seus interesses institucionais, mas, como se verá, omissos ficaram na escritura manuscrita em defesa dos interesses dos cidadãos que a esse Direito se submetiam, cidadãos que, de um dia para o outro, contrariamente à sua vontade, se poderiam ver, como viram, a balouçar na corda bamba das políticas e decisões desse mesmo Estado pela voz dos seus representantes maiores. Foi o caso da DESCOLONIZAÇÃO, processo a que não puderam escapar milhares de cidadãos que, sem serem ouvidos nem achados, foram impelidos a embarcar nela, a aceitá-la, sem apelo nem agravo. Continuemos, pois, a ouvir o notário:


NA CORDA BAMBA 

Costa oriental de África. Janeiro de 1975. Era um daqueles dias abafadiços e quentes que caíam naturalmente sobre a cidade de Lourenço Marques, cidade que pouca gente sonharia vê-la batizada em breve com nome de Maputo. 



MORGADO DE SANTO ANTÓNIO

Já vimos na «Escriptura de Esponsais e Dote para Casamento» de  D. Maria Amália Benedita das Neves, concelho de Sanfins, com António de Freitas Pinto e Sousa que este noivo, da sua parte, entrou no dote com o «vínculo e morgado de Santo Antonio, instituído na villa de Crasto de Ayre de que elle he administrador».

Já historiei, em livro próprio,  o «VÍNCULO E MORGADO SANTO ANTÓNIO» cuja posse e administração não foram pacíficas no seu percurso histórico, apesar do seu instituidor ter deixado bem clara a «ordem sucessória» do legítimo administrador e herdeiro.

Todavia os meus amigos, amantes da HISTÓRIA, não ficarão a perder nada se eu aqui repuser o essencial dessa instituição, essa e todas as que viriam a cair na alçada das leis reformadoras do liberalismo pela pena de Mouzinho da Silveira. Ele, Mouzinho, saberia bem porquê. Vamos a isso.

 

ESCRIPTURA DE ESPONSAIS DE DOTE PARA CASAMENTO

Ela, de Iphone na mão, último modelo tecnológico de comunicação à distância sem fios, olhos fixos nos algarismos digitais visíveis no écran, polegar delicadamente curvado em V, «plen...plen...plen...» dedilha o número que pretende contactar. Os telefones de manivela e de disco com números rodados à força do dedo, são peças de museu.

Um velho amigo do meu pai, JOSÉ AUGUSTO DA SILVA FREITAS, natural de Vila Seca, antigo funcionário na Câmara Municipal de Castro Daire, meu amigo se tornou quando associou o nome do autor das crónicas publicadas no "NOTÍCIAS DE CASTRO DAIRE" àquele seu amigo de Cujó, SALVADOR DE CARVALHO.

Residindo em Coimbra, todas as vezes que, em férias ou afazeres vários, vinha à sua terra natal, tinha a gentileza de me procurar a fim trocarmos conhecimentos sobre a HISTÓRIA LOCAL. 

 Não nos vendo há bastante tempo, no pretérito dia 05 telefonei-lhe para Coimbra, a saber dele. Foi a primeira vez que nos ouvimos pelo telefone. Atendeu-me um ancião de 91 anos de idade e, dadas as boas noites, fiquei surpreendido pelo facto de ele, em menos de nada, identificar a minha pessoa. Face ao espanto que revelei, ele retorquiu: «então não sabe que eu tenho ouvido de músico? Assim tivesse ainda a vista que, infelizmente, já não tenho». Lamentei.

 

Aos 77 anos de vida sei haver muitas pessoas que nunca se interrogaram a si próprias sobre a sua forma  de pensar e a agir, o porquê de serem como são e se podiam ser pessoas diferentes. Nunca é, pois, demais tomar o lugar do arqueólogo, reticular o campo arqueológico das mentalidades, descobrir e refletir sobre os moldes encontrados que resistiram à erosão do tempo e trazer à superfície do quotidiano por nós vivido, os artefactos que nos informam do passado e nos ajudam a entender quem somos e de onde viemos. Quem foram os oleiros que aqueceram o formo, quais os que moldavam o barro e que beneficiavam com a obra produzida.  Alguns dos artefactos encontrados, nesse  campo arqueológico; são bem os escopros que ainda hoje, tempo da Internet, twiter e Facebook, riscam o pensar e agir de tanta gente adulta, culta e inculta. Não é, pois, demais insistir nesta matéria, acompanhados pela pena tabeliónica de profissionais encartados, com formação universitária e ao serviço de El' Rei.

TESTAMENTO DE JOÃO PEREIRA DE MORAIS 

Deixemos as terras quentes do Alentejo, onde andámos na companhia do tabelião JOÃO ANTÓNIO FIGUEIRA,  concelho de CASTRO VERDE e subimos às terras frias do norte, concelho de CASTRO DAIRE, mais propriamente à aldeia de CUJÓ a fim de revermos o testamento de JOÃO PEREIRA DE MORAIS, que já publiquei, há anos, no meu site trilhos serranos,  mas que vem a talhe de foice repescá-lo para aqui na sequência dos registos que tenho vindo a fazer, visando fazer luz sobre assuntos que sei, sem dúvida alguma, serem, para muita gente, matéria tão escura quanto eram as noites nas aldeias portuguesas na época em que foram lavrados. Assim:

SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL

Hoje tão falada e analisada por intelectuais, políticos, sociólogos e tantos mais, não resisto a transcrever para aqui em texto plantado no jornal "A União" que se publicava em Castro Daire, em 1912. Isto a propósito de um empreendimento que o autor propunha para as Termas do Carvalhal. Assinando somente com as iniciais "J.S." eis o seu ponto de vista, mais amplamente desenvolvido no meu site actual. Ora vejam:

 

Mas José Francisco Lampreia não legou aos seus familiares apenas este documento. A República tinha 4 anos de idade e o lavrador, solteiro, presumo que jovem, precavia-se com documentos em defesa dos teres e haveres herdados. Ele sabia que, na Revolução de 1820, os ventos da História tinham desapossado os donos de muitas das suas propriedades e foros, alguns dos quais lhe vieram à herança graças a Cesário Francisco Lampreia de Brito que alguns adquiriu em «hasta pública», na qualidade de  «BENS NACIONAIS» postos à venda nas listas para o efeito elaboradas e publicadas nos termos da lei. Assim o dizem as três «cartas régias» assinadas por D. Carlos.

 O companhêro e companhêra ainda tém fôlego para prosseguirmos, ou já sufocaram? Respirem fundo. Nã há pressa nenhuma. Lembrem-se que estamos no Alentejo, em São Marcos de Ataboêra, concelho de Castro Verde e decorre o ano de 1867. E, por aqui, nã ter pressa é uma atitude inteligente e nã um sintoma de preguiça. Lêmbrem-se que, nos meados do século XIX,  nã há telenovelas, Internet, Facebook, telemóveis e e toda a «manicaria»  diabólica que conhecemos em 2016. Lêmbrem-se de que estamos na companhia do tabelião João António Figuêra, bota canelêra,  pêna de pato na mão, e da menina Perpetua Joaquina Carlado, grande saia rodada, apertada na cintura,  com o testamento quase lavrado.


Uma brisa daquelas que tão meigamente acaricia o rosto de quem atravessa searas e montados alentejanos (oh! como me lembro disso, quando por ali andava à caça ou em passeio com a família!) trouxe até às narinas do tabelião o cheiro identificador de uma numerosa vara de «patas pretas» «ron...ron...ron...» cada porco, de per si,  a encher a morca de bolotas que, prodigamente, sobreiros e azinheiras atiravam à terra  impelidos por aquela ciência natural e oculta de se verem reproduzidos em redor, ao mesmo tempo que aliviavam o peso da frondosa copa.

 

Decorre o mês de março de 1867. É o dia oito. Ele amanheceu limpo e luminoso, permitindo à vista humana, num raio de 50 quilómetros, lobrigar, a olho nu, todos os povos e montes que pintalgam de branco a paisagem alentejana. É só subir ao outeiro mais alto.

Montado no seu cavalo, um árabe de pura raça, ajaezado de acordo com o estatuto social e profissional que possuía, o Escrivão do Juízo Ordinário e Tabelião de Notas no Julgado de Castro Verde, João António Figueira, saiu cedo de casa e dirige-se à aldeia de São Marcos de Ataboeira, respondendo ao chamado de Perpetua Joaquina Carlado, a fim de escrever o seu testamento. Avisado de véspera o criado preparou a montada a tempo e mal o dono meteu a biqueira da bota caneleira no estribo, foi num ai que se viu sentado sobre a sela, mãos firmes a segurar a rédea e..."vamos lá, ó compadre, que se faz tarde!"

QUIJÓ - 1946

Há dias, através de um manuscrito relacionado com foros,  fiz eco público do modo como se escrevia e dizia na minha juventude o nome da minha terra natal: QUIJÓ=CUJÓ.

CENSURA

A Revolução Republicana ocorrida na Porto em  3 de Fevereiro de 1927, não se ficou pelas prisões e deportações dos insurretos. Ela deixou marcas na imprensa do país e em Castro Daire vemos isso no jornal «O Castrense» nº 565, de 27 de Fevereiro desse mesmo ano.

O Diretor e editor do Jornal, António Ribeiro Seixas,  fez chegar à Comissão de Censura  a «prova» do jornal com um texto alusivo ao assunto. Ficaram três exemplares como prova irrefutável das mãos censórias. Um exemplar com o texto na integra. Outro exemplar com o texto rasurado de cima abaixo e o terceiro e último exemplar com a solução encontrada pelos responsáveis, a preencher o espaço do texto censurado com VIVAS À REPÚBLICA. Aquilo é que eram HOMENS. Ora vejam o texto e as fotografias correspondentes que a ele se seguem:



ERÓTICO ROMÂNICO

Como já deixei anunciado nesta página, na crónica anterior  (ERMIDA DO PAIVA VIII), fui convidado pela Divisão do Turismo do Município de Castro Daire  para ir dizer umas palavrinhas sobre a ERMIDA DO PAIVA relacionadas com a comemoração do dia  «Internacional de Monumentos e Sítios».

 

SÍMBOLOS DE JUSTIÇA E MUNICIPALIDADE

Estes dois pelourinhos aparecem referidos por aí em tudo quanto é livro, folheto ou roteiro turístico ligados ao concelho de Castro Daire. Ambos classificados como «monumentos nacionais» por decreto nº 23.122 de 11-10-1933, o de Castro Daire é localizado «no Bairro do Castelo» e o segundo, em «fragmentos» localizado em Alva.

Há muito que, sem avença ou remunerações municipais,  ando na pista destes «monumentos nacionais», suspeitando das afirmações feitas e divulgadas por pessoas de respeito e por mim são consideradas sérias. O monumento situado no «Bairro do Castelo» não apresenta configuração e estrutura de «pelourinho», mas, tão só, de um simples cruzeiro que, «erradamente», alguém de boa fé e pouco prevenido, promoveu ao símbolo da justiça e municipalidade. Se todos os concelhos tinham um, Castro Daire, também deveria ter. Eu próprio, mal chegado a Castro Daire, fazendo fé nos investigadores que me precederam, cheguei a fazer eco dessa «classificação» numa crónica que escrevi no Boletim Municipal.

As leituras, pesquisas e investigações posteriores, porém, não tardaram a levantar as suspeitas de que algo estava errado, tanto no que dizia respeito ao «pelourinho de Castro Daire», como ao «pelourinho de Alva». 

«ERMIDA E BUGALHÃO - UM PATRIMÓNIO A EXPLORAR»

1 - Recentemente fui contactado pessoalmente  pela Drª Cristina Gomes e pelo  Dr. Daniel Albuquerque, ambos a trabalharem no sector do Turismo, na Câmara Municipal de Castro Daire,  no sentido de eu dar a minha colaboração  na tarefa que agendaram para o dia 18 do corrente mês,  relacionada com o âmbito das «Comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios».

 RABAÇOSA, TURISMO RURAL

RABAÇOSA. Rio Paiva. Mões. Castro Daire. É isso mesmo. Ali, na antiga quinta da Rabaçosa, que dorme aconchegada ao rio Paiva, está prestes a abrir portas um empreendimento virado para o turismo rural, o turismo ecológico, o turismo histórico e cultural.

 

 

ERÓTICO NA ARTE ROMÂNICA

Quando, em 24 de Abril último, publiquei a crónica sobre a ERMIDA DO PAIVA VI,  ilustrada com uma fotografia mostrando o seu enquadramento paisagístico, aludindo a Pinheiro e Vila Seca lá ao fundo, dado tratar-se de uma vista EXTERIOR, um "amigo", à laia de "comentário", adicionou-lhe uma foto com uma vista do INTERIOR, mas sem qualquer legenda que elucidasse de que imagem se tratava e de quando era datada, mesmo que se inferisse, facilmente, tratar-se do mesmo tempo visto por dentro.



O censor do Santo Ofício que deu parecer favorável à impressão da «Nova Floresta ou Silva», como já vimos em crónica anterior, disse que não se tratava apenas de «um livro», mas de uma «livraria».

 
 

Quando saí da Escola Primária matriculei-me logo, sem qualquer exame de admissão, nas cadeiras de Agricultura e Pecuária na Universidade da vida.

 


Ainda embrenhado na «Floresta ou Sylva», do Padre Manuel Bernardes, livro que morou, desde não se sabe quando, na minha terra natal, direi que gado, matagais, silvas, silvados, lameiros, campos lavrados e semeados não faltavam nas redondezas. A agricultura e a pastorícia eram as actividades predominantes.

 

 

 

E o entusiasmo do censor do Santo Ofício dizendo que «neste livro terão os doutos copiosamente, não só livro, mas livraria», prolongou-se por séculos entre os estudiosos e curiosos e, ainda que tardiamente, também chegou a mim. Atentemos, pois, nas suas palavras:

 

 

No parecer favorável à impressão do livro «Nova Floresta, ou Sylva de vários apophthegmas» elaborado, em 1702, pelo o censor da Mesa do Santo Ofício, este, a linhas tantas, sublinha o supremo valor da obra. Vejamos em ortografia actual as suas palavras:

 

 

 

Na crónica anterior coloquei a hipótese de o livro «Nova Floresta, ou Sylva de vários apophthegmas» da autoria do Padre Manuel Bernardes da Congregação do Oratório, autorizado a ser impresso pela Mesa Censória do Santo Oficio, em 20 de Julho de 1706, ter sido pertença do Padre João Duarte, natural de Cujó, Reitor do Touro, em 1817. Referi que na margem de uma das suas folhas se encontrava uma anotação manuscrita a lápis a dizer que o livro pertencia «aos herdeiros de João Duarte» e refiro agora que noutra página, em rodapé, aparece também manuscrito o nome de «José Morais».

 

 

Creio que foi o meu irmão António, capitão do exército na reserva, e a sua esposa, Isabel Pereirinha, que me ofereceram um livro, velhinho de muitos anos, quase a desfazer-se, sem a página de rosto onde eu pudesse identificar o autor, a oficina de impressão e o ano de edição.

 

 

DA FÁBULA À HISTÓRIA


Há embustes, alguns dos quais com eco na RTP, que me causam uma incomodativa urticária. Sobre um deles já escrevi extenso texto publicado, há uns anos, no meu velho site «www.trilhos-serranos.com» e refere-se ao Programa da RTP2, feito em Castro Daire por José Hermano Saraiva. É só ir ler. Mas recordo aqui e agora que, estando ele junto a uma árvore - a Carvalha do Presépio - que não tinha mais de 10 anos de vida, dirigiu-se ao telespectador e disse: «estou aqui, junto de um monumento que tem cerca de mil anos de idade». Ignorava que árvore a que aludia tinha caído com um vendaval em 1987 e no seu lugar tinha-se plantado outra, que era aquela a televisão mostrava.

PARA CÁ DO MARÃO...MANDAM OS QUE CÁ ESTÃO »

Independentemente das reflexões que outros autores tenham feito sobre tão carismática e badalada expressão - «para cá do Marão, mandam os que cá estão» -  entendemos ser oportuno discorrer sobre ela no livro cujo protagonista nasceu no concelho de Santa Marta de Penaguião. E não cometeremos nenhum erro de lesa-pátria, se dissermos que foi nesse reduto geográfico, como vermos já a seguir,  que ela teve a sua origem.

CUJÓ - A ORIGEM DOS «FRANCESES» - 2

No artigo anterior, no sentido de lançar alguma luz histórica (não estórica) sobre a provável ascendências dos moradores de Cujó conhecidos pela alcunha de «franceses», citando G. da Costa, disse que, no último quartel do século XVIII, mais precisamente em Abril de 1774, «faleceu em Cujó Manuel Monteiro de Carvalho, sepultado na capela local e que seu contemopâneo, na paróquia,  era o «cirurgião licenciado António Pereira de Morais, casado com Ana Morais, de Cujó, que ainda vivia em 1785 e baptizou um neto em 1789».

 

CUJÓ - A ORIGEM DOS «FRANCESES» - 1

O historiador quando escalpeliza os testamentos não o faz conduzido pela mão da necrodulia, mas antes ciente de que é através deles que mais seguramente penetra nas profundezas da mente humana, no pensamento escatológico de uma época, do pensar, sentir e agir dos testadores que, às portas da morte, procuram dar sossego às suas almas e comprar o céu espiritual do outro mundo a troco dos bens materiais de que se gozaram neste e não podem levar consigo. Tudo através dos testamenteiros, advogados e tabeliães.

 

 

PEDAGOGIA

De há uns anos a esta parte, tornou-se moda, em Portugal, mergulhar na Idade Média em diversas localidades do país com a realização das já famigeradas  "Feiras Medievais", atempadamente divulgadas, quer através de cartazes e rádios locais,  quer através de órgãos de comunicação social de mais ampla difusão. 

Há muitos anos, estava tal moda somente no seu estado embrionário, corri à cidade de Viseu, ao Largo da Sé, onde tinha lugar um desses eventos.

Passei-me por ali com muito gosto, apesar de fazer isso mais numa postura de aprendizagem do que numa postura de entretenimento, ainda que, em simultâneo, pudesse fazer, como fiz, as duas coisas.


NA ROTA DO ROMÂNICO

A Ermida do Paiva, no concelho de Castro Daire, é um templo cristão construído em estilo românico, dado a conhecer ao mundo por Arão de Lacerda, em 1919, no seu livro "O Templo das Siglas".

Eu, em 2001, longe de adivinhar o interesse que o estilo românico, patente em muitas igrejas medievais, viria a  despertar nestes últimos anos, culminando em visitas de estudo integradas no programa ROTA DO ROMÂNICO,  com placas de sinalização nas estradas das freguesias e concelhos que dão acesso a tais monumentos e que aderiram a tal programa, em 2001, dizia eu, longe de adivinhar isso tudo, simplesmente levado pelo império do saber, conhecer e divulgar a HISTÓRIA LOCAL, de identificar o nosso  património histórico, material, imaterial, natural ou construído, levei a cabo uma investigação sobre aquele templo medieval e o resultado dela foi a publicação do livro "Mosteiro da Ermida" (há muito esgotado) onde mostrei aquilo que Arão de Lacerda, condicionado pela sua postura canónica, silenciou e jamais poderia ter mostrado.

 

 CASTRO DAIRE

Disse no apontamento anterior que o livro de Arão de Lacerda «O Templo das Siglas»  fez escola entre os estudiosos da Ermida do Paiva, aqueles para quem esse trabalho se tornou a pedra angular de uma porta aberta aos saberes e às interrogações posteriores sobre tal monumento.

Não fora o artigo online publicado na Revista da Faculdade de Letras de Universidade do Porto, assinado por três docentes (identificados nos apontamentos precedentes) longe estava eu de pensar que voltaria a ocupar-me com a Ermida do Paiva, depois do meu livro "Mosteiro da Ermida", editado em 2001,  na peugada de Aarão de Lacerda que revelou o monumento ao mundo estudioso com o seu livro "O Templo das Siglas".

 

CASTRO DAIRE


Voltando à questão suscitada pelo artigo online publicado na Revista da Faculdade de Letras do Porto, com o título "Ermida do Paiva, reflexões e problemáticas», assinado pelos docentes Lúcia Maria ROSAS, Maria Leonor BOTELHO e Nuno RESENDE, a fim de ficar tudo muito explicadinho, assim ao modo do ENSINO BÁSICO, devo colar aqui mais duas fotos insertas nos ANEXOS do meu livro "Mosteiro da Ermida" , editado em 2001.
Reportam-se estas fotos à pedra alojada no painel-sul da capela-mor com uma inscrição gravada alusiva ao óbito do Padre Roberto, a quem, alegadamente, se atribui a fundação do ERMITÉRIO.


 

Na minha abordagem anterior sobre a «Ermida do Paiva» e a inscrição pintada a ocre no tímpano da porta lateral-sul, por mim fotografada e incluída nos ANEXOS do meu livro «Mosteiro da Ermida» editado em 2001, para que não restem dúvidas da seriedade que ponho nestas coisas da investigação e divulgação do nosso património histórico,  aqui 3- Ermida-Alves-1 - pp.236 - Red-reponho as duas fotografias referidas: a primeira, com rigoroso respeito pelo original fotografado, com a «data bastante delida»; a segunda, respeitando rigorosamente os sinais existentes e VISÍVEIS, com decalque meu, por forma a melhor se proceder à sua leitura, v.g. «E.MCC2II», sendo que o «2», precedido do duplo «CC», tem o valor de 50, tal como o diz Viterbo no Elucidário e também Alexandre Alves no artigo que deixou no livro «Castro Daire», editado em 1986, pp- 236. Vejamos:

 

CASTRO DAIRE

Aprendi com o Historiador Oliveira Marques, no seu livro  «Guia do Estudante de História Medieval Portuguesa» aquilo que para aqui transpus em fotografia, não fosse alguém suspeitar da seriedade dos trabalhos que tenho levado a cabo na investigação da História Local, como parecem fazer alguns investigadores que vão fazendo currículo académico como HISTORIADORES lá pela Universidade do Porto.



AS SIGLAS DA ERMIDA DO PAIVA - CASTRO DAIRE

As siglas têm sido consideradas as assinaturas dos canteiros, visto estes trabalharem à peça e, assim, evitarem que camaradas de ofício facturassem trabalho alheio. (...)

 

 Esta é a clássica explicação aplicada à generalidade dos sinais existentes em muitas construções por essa Europa fora, partindo da ideia de que o pedreiro, chegada a fase de assentar a pedra, lhe gravava a sua «marca particular, geralmente um desenho simples e geométrico, como uma estrela ou uma cruz. Um bloco acabado levava normalmente três marcas diferentes, mostrando quem o cortara, de que pedreira viera e onde devia ser colocado». (Allen et al, 1993:146).

MASSANGANO-MOÇAMBIQUE

Sobre este tema sigo a CRONOLOGIA de que disponho graças ao laborioso trabalho de M. Simões Alberto e Francisco A. Toscano, deixada no livro «O Oriente Africano Português", editado em 1942, em Beja, nas oficinas da Minerva Comercial de Carlos Marques & cª Ldª. É uma CRONOLOGIA dos acontecimentos históricos que tiveram lugar em Moçambique, com o rigor de quem manuseou os documentos citados.

COLONIZAÇÃO

Graças ao laborioso trabalho de M. Simões Alberto e Francisco A. Toscano, podemos dispor do livro «O Oriente Africano Português», editado em 1942, em Beja, nas oficinas da Minerva Comercial de Carlos Marques & cª Ldª e nele acompanharmos a metódica CRONOLOGIA dos acontecimentos históricos que tiveram lugar em Moçambique. É de lá que extraímos os seguintes dados, alguns seguidos de explicações complementares, como seja, onde foram publicados os documentos consultados.



O NURO

Da cultura clássica ficou-me para sempre aquela expressão lapidar de Horácio: "a Grécia conquistada conquistou Roma conquistadora".  E ficou-me para sempre porque, no estudo da formação e queda de impérios, ela me vinha sempre à mente, associada ao conhecido adágio popular: "não há bem que sempre dure e mal que nunca acabe", acrescendo a isso e à minha sensibilidade, as mil vezes que ouvi os guarda-fios negros, meus subalternos em Tete e em Lourenço Marques, em momento de desânimo, proclamarem: "Alá é grande!".
Todas as vezes que tal ouvia, vinha-me à mente o que eu tinha lido no livro "Usos e Costumes dos Bantos", do missionário/antropólogo Henri A. Junod, sobre o conceito de "nuro" que,  de certo modo, se liga a tudo o que acabo de dizer. Ora vejam:

«NO MINÉRIO TRABALHAVA, TRABALHAVA...»

Nestas minhas andanças nos trilhos serranos, digo, nos trilhos da vida, dei por mim nas Minas da Queiriga, concelho de Vila Nova de paiva.

O meu primo Manuel Carvalho Soares, sabendo-me interessado em tudo o que respeita à História e à vida, levou-me até lá, até aquele outeiro esventrado, esburacado, de portas abertas, abandonado. Aquele outeiro que, em meados do século XX, foi um formigueiro humano de trabalho e de sonhos.

Em 1258 Santa Margarida chamava-se «COVELINHAS»

Nas inquirições de D. Afonso III, com data de 1258, lê-se que Mauro Pelágio jurou que "(...) Linares et Faregia et Baltar et Faregias, Felgosa, Felgosia, Moastium, Os Braços, Covelias et Lamelas et Barrial de Homicio tote iste aldeole sunt de Castro et de suo termino"(1)

 

Póvoa do Montemuro: «Villa de Gondivao» no século XIII» ?

"Os comissários régios enviados pelo reino chamavam a cada freguesia os homens mais antigos ou mais conhecedores da situação e história dos diversos herdamentos ou propriedades e, deferindo-lhes juramento, inquiriam as tradições de cada uma dessas propriedades."

 

Lê-se no livro "Castro Daire", editado pela Câmara Municipal em 1986, que a vila de Gondivao, referida nas Inquirições de 1258, «desapareceu completamente» e que nem a sua «localização sabemos» (1).

Estas afirmações acicataram a minha curiosidade. Sem notícia histórica de qualquer abalo telúrico que fosse por isso responsável, uma povoação não se afunda assim nas entranhas da Terra sem deixar rasto. E convencido que a aldeia de Gondivao, ou sinais dela, deviam existir algures, (as ruínas do Bugalhão, povoação contemporânea de Gondivao, lá estão a atestar a sua existência), comecei por reler as Inquirições (2) levando em conta os aspectos formais e intencionais que rodeavam esse tipo de inquéritos, vistos assim por Alexandre Herculano:

"Os comissários régios enviados pelo reino chamavam a cada freguesia oshomens mais antigos ou mais conhecedores da situação e história dos diversos herdamentos ou propriedades e, deferindo-lhes juramento, inquiriam as tradições de cada uma dessas propriedades."(3)

Assim sendo, e na convicção de que as informações sobre os foros régios de Gondivao seriam prestadas por pessoas idóneas naturais da própria povoação ou das povoações vizinhas, por serem as mais conhecedoras do meio, atentei na referência feita à identidade e naturalidade das testemunhas. É o que mostra o seguinte quadro: 

NOME DAS TESTEMUNHAS NATURALIDADE

Petrus Dominici - Gondivao

Stephanus Johannis  - Juiz de Moção

Petrus Martini ?

Egeas Johannis ?

D. Johannis ?

Dominicus Robertiz ?

Johannes Veegas - Cetos

Garsea Pelagi - Cetos

O quadro mostra que os comissários régios, no tocante a Gondivao, das oito testemunhas identificadas, só referiram a naturalidade de quatro: uma era de Gondivao, outra de Moção e duas de Cetos. Assim sendo, e partindo do princípio que os inquiridores recorriam aos «homens mais antigos ou mais conhecedores da situação e história dos diversos herdamentos ou propriedades», admiti, com toda a probabilidade, que Gondivao não estaria longe de Cetos. Além disso constatei que a vila «desaparecida» não era, no universo das povoações inquiridas, das menos importantes, pois, três povoações que se lhe seguiram na ordem do inquérito, isto é, Bugalhão, Picão e Cetos a tomaram por modelo, relativamente a alguns foros devidos ao monarca.

Ora veja-se.

Bugalhão: «...debent dare Regi in festo Nahtalis Domini corazil de porco vel gallinam cum una taliga de centeno, sicut dant de villa de Gondivao».

Picão: «...dant de quolibet focare corazil vel gallinam et una taligam de centeno, sicut dant de Gondivao». Cetos: «...dant per usum de unoquoque focare in festo Nahtalis Domini corazil vel gallinam et una taligam de centeno, sicut dant de villa de Gondivao».

A partir desta constatação atentei nos topónimos Seara e Piornais, referidos nas Inquirições, identificando terrenos situados no termo de Gondivao. De facto, o Bispo de Lamego tinha no "termino de Gondivao unam bonam bauzam que vocatur Seara", e que esta era, ao tempo, trabalhada por pessoas de Faifa. Que os frades da Ermida tinham "unam bonam hereditatem de termino de Gondivao in loco dicitur Piornaes".

Póvoa MontemuroPerante isto necessário se tornava saber se os topónimos Seara e Piornais tinham resistido à voracidade do tempo e saber, também, onde se situavam as terras que designavam. Em caso afirmativo, a sua localização ajudaria a confirmar a minha suposição. As investigações de campo revelaram que os topónimos tinham resistido. Tinham chegado até aos nossos dias. E as terras que designavam (e designam) situam-se a norte de Cetos e Póvoa do Montemuro, tendo Faifa a Oeste e Carvalhosa a Este. Os Piornais, para o lado da Carvalhosa. E a Seara, (hoje Vale da Seara) para o lado de Faifa, exatamente a povoação de onde era o casal que explorava essa propriedade em 1258. Gondivao não estaria longe, por certo. Mais: uma levada nascida no Chão dos Frades, terrenos contíguos dos Piornais, descia, em tempos idos, a água utilizada pelos frades da Ermida, tal como o poeta popular Mestre Zé de Cetos, em 1950, referiu numa das suas décimas.

Dela transcrevo os seguintes versos:

Chamavam chão dos frades

Donde o rego deu saída

Para o Passal da Ermida

Regalia dos Abades.

(...)

Fora direito perdido

Pela grande feitoria

E agora pertencia

à limação da terra

Com água vinda da serra.

 Tendo presente o conteúdo das Inquirições e as afirmações do poeta calcorreei a Serra do Montemuro e cada vez mais me convenci que Gondivao estaria, algures, perto de Cetos. Fixado nestas congeminações fui investigar os Arquivos. E eis que encontrei dois testamentos feitos nos meados do século passado. Eram (são) dois documentos de especial importância para o caso vertente.

O primeiro é de José Duarte Trulho, da Póvoa do Montemuro, freguesia de Pinheiro. Assinado em 27 de Maio de 1852 ali se diz que sendo ele testador o "cabecel de hum Prazo do Ilustríssimo Cabido de Lamego o nomeio à mesma minha irmã Luisa e ella será a senhora de o nomear por sua morte em quem quiser"(4).

O segundo é exatamente o da citada irmã, Luisa Duarte Trulha, também do lugar da Póvoa do Montemuro, assinado aos 26 de Março de 1853. Deste último transcrevo o seguinte:

«E (...) deixo à minha sobrinha Margarida a minha ametade da terra do Carvalhal a que parte com o pai e a minha ametade da terra do peorneiro (...) e deixo a meu sobrinho Manoel, filho do meu irmão Manoel a minha amettade do porto do teixo e do gandivao (...) bem como lhe deixo ao dito meu marido o meu Prazo do Cabido de Lamego» (5)

Retomei as Inquirições do século XIII para relacionar o que nelas se diz com o que dizem os testamentos do século XIX: elas referem que o Bispo de Lamego tinha no termo de Gondivao "unam bonam bauzam", trabalhada, ao tempo, por um casal de Faifa. Os dois irmãos, ambos da Póvoa do Montemuro, englobam nas suas deixas o "Prazo do Cabido de Lamego". A interrogação impunha-se: a «bona bauzam» que o «Episcopus de Lameco» tinha «in termino de Gondivao» e o «Prazo do Cabido de Lamego», no termo da Póvoa, não seriam a mesma propriedade? A sê-lo, os topónimos Gondivao e Póvoa não designariam, também, a mesma realidade?

Admitindo ser isso verosímil, quedei-me no topónimo Gandivao referido no testamento de Luisa Duarte Trulha. De facto, deixando ao seu sobrinho «amettade do porto do teixo e do gandivao», e tendo já especificado, linhas antes, que o que deixava no porto do Teixo era «a moita por cima do lameiro» e no gandivao «é o que parte com elle» ela, natural da Póvoa do Montemuro, proprietária de terras no Gandivao, mostrava, sem dar por isso, um «gato escondido com o rabo de fora».

gandivão - redzEm face disso, acompanhado dos senhores Manuel J. G. Araújo e Gama, ex-director de Finanças de Castro Daire, e de Manuel A. Duarte Pinto, natural de Cetos, mais conhecedor da geografia e toponína locais que qualquer catedrático, corri em demanda das terras que o topónimo designava. E lá estavam elas. Ali, na bacia formada pelas linhas de água que, descendo da serra, confluem no rio Teixeira (ver mapa). Ali, ao lado da Póvoa do Montemuro e nas costas do outeiro que deu guarida a Cetos. Ali, num covão de acesso difícil, onde, admitir, em qualquer tempo, o berço de uma povoação, seria uma afronta à inteligência humana. Bem ao contrário do local onde está implantada a Póvoa do Montemuro (ver foto).

Em face de tudo isto impõe-se a conclusão: até que a arqueologia prove o contrário, tem de admitir-se que a povoação de Gondivao não desapareceu. Esta povoação, aquela que em 1103 recebeu carta de foro passada por Hermígio Moniz, carta que os comissários régios viram, v.g. que «nos vero inquisitores vidimus», mudara simplesmente de nome. Algures no tempo, passou a chamar-se Póvoa do Montemuro. E o nome de batismo - o nome Gondivao (com o) que figura nas Inquirições do século XIII e Gandivao (com a) no testamento do século XIX - tal como cão escorraçado pelo dono, aninhou-se nos arredores, à espera que o chamassem a terreiro. Sem dignidade bastante para se manter como nome de povoação, passou a designar bouças, moitas e lameiros.

Dizem-no os documentos. Dizem-no os habitantes da Póvoa e de Cetos que herdaram, que possuem, que vendem e/ou compram terras naquele sítio e com o nome desse sítio matriciadas nas Finanças. Dizem-no «os homens mais antigos e mais conhecedores da situação e história dos diversos herdamentos ou propriedades», aqueles que, tal como no século XIII, conhecem, no século XX, a geografia e a toponímia locais melhor que ninguém. E dizem-no as conclusões a que cheguei depois de toda esta minha pesquisa de campo e de arquivo. Os arqueólogos que façam o resto. Gandivao espera por eles. E, já agora, pelos filólogos também.


 NOTAS:

in NCD nº 171 de 10 de Março de 1998

(1) VAZ, João Inês, "Castro Daire", edição da Câmara Municipal, 1986, pp. 43

(2) Versão impressa no livro "Castro Daire", Edição da Câmara Municipal, 1986, pp. 343-379

(3) HERCULANO, Alexandre, "História de Portugal", Liv. Bertrand, s/d, tomo IV, pp. 142

(4) in Livro II (ms) das "Copias dos Testamentos de 1852 e 1853", fls. 13r, Arquivo da Câmara Municipal de Castro Daire recuperado da fogueira onde desapareceram outros após a deslocação feita para a cadeia comarcâ duarnete as obras de acrecento no edifício municipal.

(5) Idem, fls. 46 r/v

CASTRO DAIRE - RETALHOS DE HISTÓRIA -3

Decorria o ano de 1932 quando, através do Dr. Pio Cerdeira de Oliveira Figueiredo, que mantinha correspondência com uma senhora viúva (?) o nome é omitido, vá lá saber-se porquê - residente no Brasil, se soube em Castro Daire que essa senhora desejava construir uma Escola Primária, em Castro Daire, com o nome do seu falecido marido e para a qual «oferecia a importância de 100 contos».

IMG 1463Em face disso, são tomadas as primeiras diligências no sentido da aquisição do espaço para a sua construção. Previsto, inicialmente, expropriar-se um terreno no sítio dos Linhares, onde hoje se encontra a Escola Secundária, uma notícia publicada em «O Castrense», de 8 de Maio de 1932, diz que a «Câmara resolveu adquirir e oferecer para a construção um terreno junto ao depósito das águas, de harmonia com o parecer dos Técnicos do Ministério da Instrução que há semanas aqui estiveram abrindo as ruas de acesso à Escola que pelos mesmos técnicos foram indicadas. E foi já há dias anunciado ao Sr. Dr. Pio Cerdeira de Oliveira Figueiredo que se está à espera de autorização do Governo Brasileiro para lhe serem remetidos os 100 contos para a Escola».

 

CEREJA EM CIMA DO BOLO

Passados dez anos, depois de eu ter sido tão enxovalhado no «Notícias de Castro Daire» (em 2006) com o aval do seu Director (ainda é o mesmo e está a tempo de dizer o que na altura calou) pelo, então, Presidente da Direcção dos Bombeiros (cujo nome omito para não sujar este meu espaço digital, já que ele anda por aí difundido em televisões e jornais de grande tiragem), passados dez anos, dizia, eu bem podia orgulhar-me com a cereja que faltava em cima do bolo. Mas não digo, nem orgulho tenho. Até lamento o que aconteceu e, se calhar, isso podia ter sido evitado se, nessa altura, os restantes membros da Direcção e o público, levasse em conta a chamada de atenção para a «gestão danosa» que se fazia notar claramente naquela casa.

 

EX-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE CASTRO DAIRE EM JULGAMENTO POR PECULATO.

Custa-me abrir as portas do armário e tirar de lá os esqueletos de defuntos que para mim morreram há muito. Mas, no momento em que  o ex-presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Castro Daire (cujo nome omito para não sujar este meu espaço digital. Ele anda divulgado nos jornais e na televisãol) está sentado no banco dos réus por ter desviado cerca de 80.000€ dos cofres da Associação para uso particular, dez anos depois da polémica pública travada no jornal «Notícias de Castro Daire» (2006), em crónicas sucessivas, por mim assinadas,  com o título «Prós & Contras» sobre o livro que então escrevi «Castro Daire, Os Nossos Bombeiros, A Nossa Música»,  oferecendo os meus direitos de autor (então avaliados em 8.000 contos), não ficaria de bem comigo mesmo, se o não fizesse. Não para «bater mais no ceguinho» (pois  esse vai pagar na Justiça, com língua de palmo, os erros que cometeu), mas sobretudo para lembrar A MINHA RAZÃO a todos os que COBARDEMENTE se acomodaram no silêncio, pactuando assim, com quem claramente procedia à «administração danosa» de da Associação Humanitária dos Bombeiros. A todos os que não tiveram o estofo moral de se rebelarem a favor da dignidade e probidade que me assistia. E assiste. Eles devem-me um pedido de desculpas. Felizmente nem todos optaram pelo silêncio pactuante. No mesmo jornal tomaram voz dois cidadãos de corpo inteiro, de cujas palavras deixo os seguintes excertos:



 Num diálogo que resolvi travar com uma divindade desconhecida sobre o vinho, ela, como que adivinhando o que eu lhe ia perguntar, antecipou-se:

- E antes que me perguntes algo sobre o lagar e lugar do vinho ao longo da história humana,  digo-te já que quem conhece a tosca e pesada prensa do azeite, conhece a tosca e pesada prensa antiga do vinho: uma vara de madeira com uma das extremidades metida numa abertura da parede com folga bastante para poder ter um movimento vertical e apertar, de cima para baixo o bagaço obrigada pelo fuso que nela entronca em cujo extremidade inferior se encontra um enorme peso de pedra.

O Conde Ferreira, de seu nome Joaquim Ferreira dos Santos, nasceu em Vila Meã, Campanhã, arredores do Porto, em 04 de outubro de 1786. Tendo ido para o Brasil em 1800 onde onseguiu assinalável fortuna no comércio negreiro entre Angola e Brasil, regressado que foi a Portugal dedicou-se à política  e à filantropia, virada para a EDUCAÇÃO e SAÚDE. 

 

1 . CULTO DE HRÓIS E SANTOS


Uma leitura minuciosa das «Inquirições de 1258» no que respeita às terras que hoje estão integradas no concelho de Castro Daire, diz-nos muito sobre a História Local sobre a identidade dos seus protagonistas, sua categoria social e relações que eles tinham com os bens materiais e espirituais.



Por razões que me são alheias, não vi referida até hoje, em parte alguma, inclusive nesta página, a MENSAGEM que dirigi ao senhor Ilidio Bonifácio Magueja, aquando da INAUGURAÇÃO DO MUSEU NA RELVA, mensagem que ele leu na alocução que fez na oportunidade, segundo me comunicou pessoalmente. Ora, para que ela não fique mergulhada na espuma das cachoeiras deste caudaloso rio facebookiano, onde se fala do evento, dando a ideia de que eu estive e estou desatento a tudo o que de histórico e cultural se passa no concelho, resolvi, por minha conta e risco, "postá-la" nesta página, no convencimento de que as minhas palavras simples não desprestigiarão e iniciativa e o que muito dela se tem dito. Foi assim:


Quando em 1991 publiquei o meu livro «MÕES, TERRA QUE JÁ FOI CONCELHO», editado pela Junta de Freguesia, logo um «amigo» meu, morador em Vila Boa,  me fez chegar o seu desconsolo por eu não ter deixado ali uma palavra sobre o «topónimo». Que, quando foi estudante em Coimbra, tinha feito algumas pesquisas a propósito e concluíra que esse nome derivava do latim «mons, montis» e que era, da minha parte, um lapso imperdoável.

O meu apelido CARVALHO foi herdado do meu pai, Salvador de Carvalho, que, por sua vez o herdou da minha avó, sua mãe, Florinda de Carvalho. O mesmo sucedeu com outros tios meus e uma dessas tias, cujo nome de registo era MARIA DE CARVALHO, conhecida se tornou em toda a aldeia por "TIA CARVALHA".

CUJÓ - OBRAS DE ARTE 

Vindo de tempos imemoriais, feito por ignoto artista, oriundo não se sabe donde, eis o cruzeiro do Sr. da Livração no interior da Ermida, lá no alto da Serra da Lestra, a caminho da Mourisca, do Corgo Forninho e de Almofala,  creio que levado e levantado naquele ermo,  naquele caminho (disso não há gente, nem livro que fala) antes do templo que hoje lhe serve de guarida, a ermida que, em 1886, estava a ser ampliada, como nos diz a data no seu teto colocada. 

O proprietário e fundador do «Museu na Relva», Ilídio Bonifácio Magueja,  interessado em colocar o nome da povoação no fio cronológico da História, isto é, colocar numa das paredes do Museu uma data que remontasse a tempos recuados, atestando a certidão de nascimento da povoação, depois de correr «Seca e Meca», sem encontrar resposta entre os voluntariosos conterrâneos que se entretêm com as coisas da "estória", diferentemente das coisas da HISTÓRIA, solicitou a minha colaboração, dizendo-me que, por sugestão de uma pessoa amiga empenhada, tanto quanto ele, na implantação do Museu, eu era o último recurso, dado ter conhecimento das investigações que tenho levado a efeito no concelho de Castro Daire, relacionadas com a HISTÓRIA LOCAL.. Que agradecia o meu empenho nesse sentido por forma a que, na data da inauguração, essa informação pudesse ser afixada numa das paredes.



OSSOS DO OFÍCIO

- Ainda bem que cá está. Vim aqui de propósito para saber quando tem disponibilidade para ir comigo ver um penedo com números e letras, lá arriba na serra da Lapa.
Eu estava à espera do almoço, sentado à mesa e, num repente, aparece-me o senhor Narciso, industrial de padaria (Lamelas/Castro Daire) que, passando já da meia idade, gosta de rever, a cavalo, os sítios que, na infância, calcorreou a pé, nas cercanias de Lamelas.

HISTÓRIA COM GENTE DENTRO

Em agosto de 2015, publiquei aqui, neste meu espaço, um texto ilustrado com documentos manuscritos, dando conta de um «diferendo» existente, em 1888, entre os moradores da freguesia de Monteiras e de São Joaninho, que, então incluía a povoação de Cujó.

É o texto que constitui a PRIMEIRA PARTE da crónica que se segue, à qual adicionei uma SEGUNDA PARTE, feita neste ano de 2022, por força dos elementos que fui acumulando nos meus arquivos, ao longo do tempo. Assim:



Com estes dois «desdobráveis» (acabados de sair do «prelo»), de seis faces cada um, dei por terminado o trabalho de que me incumbiu o vereador a tempo inteiro do Executivo Municipal de Castro Daire, Leonel Marques Ferreira. Fi-lo de bom gosto e «graciosamente» em benefício do conhecimento e divulgação do nosso património histórico.

As fotos que ilustram este texto são os rostos da «transumância» da Serra da Estrela para o Montemuro, em 1990. Eles são os protagonistas de uma narrativa de trabalho e sacrifício com data certa. Olhem bem as suas idades e feições!



Em 1990 era presidente da Associação Recreativa e Cultural de Fareja, Joaquim Almeida Ferreira da Silva e presidente da Assembleia Geral, vários mandatos seguidos, a pessoa que escreve e assina esta crónica. Grande parte da correspondência trocada com as entidades oficiais ligada à construção da sede saiu das teclas do meu computador.
Foi o ano em que, pela primeira vez, se filmou e gravou, em cassete VHS,  a "costumeira" ligada ao Pinheiro de São João, com o objetivo de, por essa via, se dar a conhecer ao mundo, uma das nossas tradições mais falada em todo concelho, pelo volume e peso da árvore. Não é exclusivo desta aldeia, mas nas restantes onde antigamente se punha o «pau a pino» (nalgumas delas ainda hoje se faz,  por e exemplo em Cujó e Relva) o protagonista não passa de um «estadulho» de amieiro, comparado com o de Fareja, sempre PINHEIRO.

 

FORNO DAS PIMPONAS/ CORETO

No tempo em que toda a gente (adultos e crianças) anda por aí de câmaras fotográficas e de filmar na mão, a fazer  pontaria a tudo e a nada, tempo de Ipads, telemóveis, Internet e Facebook, depositório a granel de fotos que são autênticos documentos (todo o historiador e estudioso agradece tais fotos)  e outras divulgando futilidades sem importância nenhuma, lembrei-me de postar aqui este texto já publicado em 2012. As fotos que o ilustram são bem a prova do que afirmo: fotos que é preciso LER e INTERPRETAR. A foto nº 1, com os protagonistas cuja razão de estarem ali explico em devido tempo,  ajuda-nos  a interpretar o grito das crianças a correrem pelas ruas da  vila, anunciando a chegada dos rebanhos da Serra da Estrela. «aí vem o rebanho, aí vem o rebanho!» Ajuda-nos a perceber a razão por que o «povo» corria à Feira das Vacas com panelas, tachos e tachinhos, de alumínio, latão ou barro, em busca de leite. Ajuda-nos a perceber a razão por que, na década de QUARENTA do século vinte, o «povo», corria à Feira das Vacas a pedir, para comer, a ALFARROBA que o Corpo montado  da Guarda Republicana trazia para alimentar os cavalos. Ajuda-nos a perceber a razão por que, quando, por esse mesmo tempo, a Legião Portuguesa fazia ajuntamento da Feira das Vacas o «povo» corria para ali, com panelas, tachos e tachinhos para levarem para casa parte do «rancho». E a pedinchice não incluia somente os mais necessitados. Até «pessoas de sociedade» para usar a terminologia dos  meus informantes idónios, mandavam lá as suas «criadas»buscar «rancho». Quem se predispõe a fazer a HISTÓRIA da nossa terra, a falar do PSSADO E DO PRESENTE necessário é que se informe e fundamente primeiro. De contrário em vez de HISTÓRIA escreve «ESTÓRIA». Vende «gato por lebre». E mal informado anda quem patrocina, quem promove e quem compra essas patranhas.. E mais não digo. Mas eis o que disse em 2'012:  


Fruto da minha persistente investigação e permanente contacto com pessoas que conheciam Castro Daire noutros tempos, cedidos por elas, vieram-me à mão diversos espólios documentais e fotográficos (fotos e negativos delas) de que me tenho valido para, em muitos caos, fundamentar e ilustrar alguns dos livros que dei à estampa sobre a História Local.

 

O senhor Agostinho Miguel, natural da povoação da Relva, freguesia de Monteiras, concelho de Castro Daire, no ano de 2007, andando a cavar o seu quintal, junto da sua residência, no sítio do «Oradouro», encontrou um achado curioso.

 

Podia começar assim: «no tempo em que os animais falavam...», mas não, vou começar...«no tempo em que os telefones eram de manivela»  como aqueles que hoje  se veem somente nos filmes antigos, a preto e branco, eu tive a profissão de montá-los, repará-los e mantê-los num estado de saúde capazes de duas pessoas poderem comunicar à distância, através de uma só linha aérea, pois a segunda linha fazia-se de «retorno pela terra». Querem saber como? Eu sei o que as tecnologias da comunicação evoluíram muito desde então e sei que estamos no tempo dos telemóveis, dos computadores, da Internet, por isso, meus amigos, se estão interessados e quiserem saber, pesquisem, pois está tudo ao vosso alcance, seus felizardos.

HISTÓRIA COM GENTE DENTRO

Colocado que fui, como professor, na Escola Preparatória de Castro Daire, no ano letivo de 1983/84, casado e com dois filhos em idade escolar, procurei não residir longe da Escola e acabei por radicar-me na aldeia de Fareja, sita 2 quilómetros a nascente da sede do concelho.

Ora, conciliando eu a docência com a investigação da HISTÓRIA LOCAL, mal ficaria não deixar neste meu apontamento alguma informação sobre o passado longínquo da terra que escolhi para morada e onde os meus filhos herdarão um pedaço de chão a que possam chamar seu quando chegar o tempo disso.

Direi assim que esta aldeia remonta aos primórdios da nacionalidade portuguesa, pois constatei que mais do que uma dúzia de testemunhas desta terra, como veremos a seguir, fizeram o seu depoimento nas Inquirições de D. Afonso III, em 1258, acerca dos caminhos e descaminhos que levavam os foros rei, fossem eles do seu tempo ou dos seus antecessores. Remetemo-nos para o texto (com a grafia atualizada) e vejamos os termos das Inquirições:

 

POSFÁCIO-OLHAR E VER

Dos muitos prelos cujas fotografias estão disponíveis na Internet, do prelo mais simples ao prelo mais sofisticado, do prelo restaurado e embelezado com cores douradas, ao prelo moribundo e enferrujado,  do prelo que atravessou a linha do tempo intacto, tal como foi concebido pelo seu criador, presumo eu,  ao prelo que se apresenta amputado, qual soldado regressado das fileiras da guerra sem alguns membros, em todos, independentemente do seu estado e aparência, eu vi centenas de obras de arte, nas vertentes funcionais, ornamentais e decorativas. Eles me transportaram não apenas ao tempo de Gutenberg, ao tempo dos enciclopedistas, do iluminismo, ao tempo da Revolução Industrial, ao império do ferro e da metalurgia, mas também à Antiguidade Clássica através dos elementos artísticos, literários e míticos que incorporam.

TETE - NÓ GÓRDIO (5)

Uma expedição daquela envergadura não se fazia sem mantimentos, sem um número significativo de carregadores, muitos deles escravos fiéis e obedientes como os cães são aos seus donos, ao contrário de  outros que se a esgueiravam na primeira oportunidade, abandonando cargas e encargos. Uma expedição dessas, dizia eu,  não se fazia sem guias experimentados, conhecedores dos dialetos e costumes, conhecimentos advindos, sabe-se lá como, mas, seguramente, relacionados com o livro do comércio de ouro, marfim, escravos e tudo o mais que, no comércio, relaciona terras e gentes e interesses comuns. E também soldados como já vimos acima. 

TETE - NÓ GÓRDIO (1)

Prometi voltar a esta página para dar continuação à matéria histórica relacionada com Tete, matéria tratada. em 1950,  por Manuel Simões Alberto, na revista «Moçambique, Documentário Trimestral, 1950, nº 63, (pp 89 a 100), cujo autor segui de perto. Disse que iria basear-me nos mesmos factos e nas mesmas personagens, mas agora, segundo o meu estilo de escrita e conhecimentos advindos de outras fontes e saberes. E que aquilo que eu escreveria teria por título «O Nó Górdio», por tal expressão ser muito conhecida pelos membros e leitores da página «Picadas de Tete"

GRAVURAS RUPESTRES NO MONTEMURO SÃO UM EMBUSTE

17-08-2007 20:55:09

No meu livro «Julgamento», editado no ano 2000, e, posteriormente, em artigo de imprensa (Lamego Hoje) disse que «na serra do Montemuro, ao lado do velho e desactualizado caminho que liga a povoação de Picão à Cruz do Rossão, mais ou menos a meio do percurso, no sítio designado «Fonte da Pedra», está um complexo de penedos com «gravuras» que alguns arqueólogos, entre os quais Domingos Cruz e Raquel Vilaça, «baseando-se nos estudos de C.T. Silva, publicados nas «Actas das III Jornadas Arqueológicas (1977), vol. I», com o título «Gravuras rupestres inéditas na Beira Alta», dizem pertencer às «estações de arte rupestre».*

Indústria Madeireira

A história que aqui reponho, neste meu novo site, foi publicada em 1995 no meu livro "Castro Daire, Indústria Técnica e Cultura"  e, em 2004, coloquei-a online no meu velho site. É de lá que a transcrevo agora. Assim:

A indústria mais representativa no concelho de Castro Daire foi, e é, a que está ligada à serração de madeiras. Mas não se pense que ela ultrapassou a fase artesanal do «serrão», da «burra» da «serra braçal» e do «traçador» há muito tempo.

 

HISTÓRIA VIVA

JOAQUIM JOSÉ ÁLVARES, nasceu em Alvações do Corgo, concelho de Santa Marta de Penaguião, distrito de Vila Real, em 1792. Em 11 de Agosto de 1808, com 16 anos de idade, assentou praça como «soldado» voluntário no Regimento de Caçadores 3, onde se tornou «furriel» em 22 de Julho de 1809, «2º sargento» em 27 de Novembro do mesmo ano e «1º sargento» em 1 de Julho de 1811. No dia 1 de Agosto deste mesmo ano passou ao Batalhão de Caçadores nº 11, onde,  em 5 do mesmo mês, subiu ao posto de «sargento quartel mestre». Em 11 de Setembro de 1814, a requerimento seu, «baixou de posto» e, em 29 de Maio de 1818, tornou-se  «cadete». Transitou para o Batalhão de Caçadores nº 7, em 17 de Fevereiro de 1820, com posto de «alferes» e, por decreto de 22 de Agosto de 1822, passou a «ajudante». No ano seguinte, por razões de  ordem política, foi desligado do serviço, sendo  reintegrado em 1826.

UM PROJECTO SEMPRE ADIADO (I)

Do muito que já investiguei sobre as Termas do Carvalhal, cansado de as ter visto, ao longo da história, sempre como bandeira política partidária em tempos de eleições autárquicas, tal como acontece neste ano de 2013, depois de muitos textos publicados e vídeos colocados no Youtube, não resisto a trazer a público o projecto de um cidadão que, interessado naquilo que é nosso, passou as suas ideias a  escrito e deixou para a História (distinta do «foguetório, flauta e pífaro») o seguinte texto, datado de 1912:

POLÍTICA E JUSTIÇA (3)

Mas a promiscuidade da POLÍTICA e da JUSTIÇA, com as esposas dos políticos e cunhados Desembargadores metidos numa e noutra até ao tutano,  vê-se bem na carta da viscondessa de Samodães, com data de 8 de Junho, sem referência ao ano, mas que, pelo conteúdo, estamos seguro ter sido escrita antes de 1840, já que o irmão do Padre Bizarro, a quem se refere a viscondessa, foi assassinado em Maio desse mesmo ano.

POLÍTICA E JUSTIÇA (2)

Ontem publiquei no meu mural do Facebook uma Carta datada de 1841, assinada por um, então, Desembargador do Tribunal da Relação do Porto, de seu nome encurtado Bernardo de Lemos, membro de uma nobre família de Castro Daire, onde ele mostrava o seu empenho na eleição de um DEPUTADO seu amigo, por este círculo e nessa eleição envolvia o Administrador dos seus TERES e HAVERES nesta vila, o Abade António Bizarro de Almeida, seu companheiro nas lutas políticas que nessa altura de travavam no país. Da sua leitura e minha experiência de vida inferi que POLÍTICA e JUSTIÇA são duas PUTAS do mesmo BORDEL e não duas SANTINHAS do mesmo PANTEÃO adoradas em altares separados, como INTELIGENTEMENTE nos querem fazer crer os nossos POLÍTICOS e os nossos JURISTAS e COMENTADORES encartados.

POLÍTICA E JUSTIÇA (1)

            Que coisas tão distintas elas são. E vem de longe essa distinção. Nada de promiscuidade entre elas.. Isso bem nos mostra a CARTA manuscrita, assinada pelo Meritíssimo Desembargador Bernardo de Lemos, dirigida ao seu amigo Abade António Bizarro de Almeida, de Castro Daire, a propósito da eleição de um deputado por «este círculo». Assim, tal qual se transcreve na ortografia da época e respectivas abreviaturas:

Nas Inquirições de D. Afonso III, datadas de 1258, encontram-se várias referências ao Rio Paivó (Pavoo) e, numa delas, este rio aparece associado ao lugar da Relva, dito assim:

«Donus Pelagius, de Folgosa juratus e interregatus dixit quod Petrus Pellagii pater ejus testavit ecclesia de Castro unam hereditatem forariam Regis in termino de Felgosa, in loco qui dicitur Petra Nigra, tempore Domini Regis Sancii, fratibus istius Regis; et addit quod ille in vita sua dedit eidem ecclesia alliam hereditatem forariam Regis in termino de Pavoo, in loco qui dicitur Relva».

Se o leitor, sentado à frente do seu monitor,  se der ao trabalho de botar os olhos no «Google Earth» e escrever CUJÓ no espaço destinado à investigação, verá aparecer e rodar o globo terreste e, depois de parar,  deixar ante si a povoação que procura. E verá ao seu lado direito uma linha verde escura, de norte para sul, orlada de arvoredo, que mais não é senão um regato que, na terminologia e geografia local, é conhecido pelo nome de rio «CALVO».

1 - O CORTEJO -1950

A recuperação e restauro do prelo que imprimiu os jornais em Castro Daire, em tempos idos (tarefa de que fui incumbido orientar de modo que ele não perdesse a sua identidade)  obrigou-me a vasculhar algum do produto calcado pela sua «platina» e levou-me até ao ano de 1950, mesmo ao meio do século XX. E para quem não se preocupa apenas com a espuma dos dias, dizer mal do que se por aí passa hoje, do Governo e coisas mais, alguns deles a dizerem que antigamente é que era bom, nada melhor do que, mostrar em fotografia, o artigo que ficou escrito nas colunas do jornal «A Voz do Paiva», nº 420 de 7 de Abril de 1951, decalcando o Relatório assinado pela Mesa da Santa Casa da Misericórdia, em 24 de Fevereiro de 1951, relativo a um cortejo que teve lugar no dia 12 de Novembro de 1950.

No meu livro «Cujó, uma terra de riba-Paiva», publicado em 1993, deixei um capítulo sobre o «topónimo» discordando da explicação inserta na «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira», cujo autor remete para o étimo latino «culiolum>cuios>cu(i)jo», termo ligado à plantação de nogueiras, coisa bastante inverosímil na zona, já que, em todo o tempo, o que ali abunda são carvalhos, castanheiros e amieiros, aos quais se juntou, depois, o pinheiro. Em alternativa, propus, julgo que mais acertadamente, o étimo «caseus>queijo>cuijo>cujo» (justificando a proposta), opinião que retomei e desenvolvi mais tarde com respaldo no saber do latinista, Professor Dr. Francisco Cristóvão Ricardo, que se deu ao trabalho de explicar a possível evolução fonética da palavra, na qual aparece de permeio «quijo» antes de «cujo». (cf. site «www.trilhos-serranos.com»)

TORNA-SE O HERDADOR NA COUSA HERDADA

Creio que a glosa que fiz ao poema "Antes que o Sol se levante" de Francisco Rodrigues Lobo, ficará mais enriquecida com o excerto do texto em prosa que publiquei, há largos anos, no meu antigo site "www.trilhos-serranos.com" com o título em epígrafe. A divindade Paiveia (levantada das águas do rio Paiva) falava assim com Lusozé, um rural académico. Assim:

O meu amigo pessoal e virtual no Facebook, Albino Poças, lembrou-se de trazer ao seu mural a questão da TRANSUMÂNCIA ligada à serra do Montemuro. Foi à Internet, fez pesquisa e, por esse meio, procurou dar o seu contributo ao conhecimento do fenómeno que durou séculos e que o tempo, qual cordel onde se estende a história humana, a sua economia, organização política e social, etc, deu por finda na década de 90 do século XX.
Baseando-se em material recolhido naquele «mare magnum» de informação, alude ao fenómeno histórico da deslocação dos gados em todos os tempos e lugares, para se centrar na transumância dos gados da Serra da Estrela para o Montemuro e vice-versa, acompanhados dos seus pastores e dos seus cães.

Tomei conhecimento de que a Junta da «União de Freguesias de Mamouros, Alva, Ribolhos» resolveu comemorar os «500 ANOS DO FORAL DE ALVA» dado por D. Manuel I, em 10 de Fevereiro de 1514.
Eu, que ando metido nestas coisas da HISTÓRIA LOCAL há muitos anos e que, sem qualquer interesse oculto (antes pelo contrário) fui um dos seus apoiantes públicos nas últimas eleições autárquicas, não podia deixar de felicitá-la pelo evento e, à minha maneira, dar-lhe o meu contributo «pro bono»,  isto é, elaborar um texto relacionado com ele, sem onerar num cêntimo os cofres da autarquia. Faço-o e digo-o por dever de cidadania e travar, desde logo, as más-línguas que, no âmbito destas coisas concelhias de interesse comum, só deslizam muito bem nos carris dos interesses pessoais, de família ou de amigos.

TOPÓNIMO

1 - Célio Rolinho Pires, o autor do livro «Na Rota das Pedras» (2011), mostra-nos que aos pés de um par de campas, sitas na zona que ele estudou, (distrito da Guarda) se encontra o nome do deus «ARYS», ou «ARES», dito deus dos Lusitanos

INTRODUÇÃO

Em 2005, aquando de eleição do Papa Bento XVI, os comentadores de serviço dividiam-se entre os que alvitravam que a cadeira de S. Pedro seria ocupada por um cardeal europeu e os que desejavam que fosse um cardeal oriundo do Terceiro Mundo. Na altura escrevi e publiquei uma crónica em que apresentei os meus pontos de vista, crónica donde retiro as seguintes ideias:

PROTECÇÃO AO VINHO CONCELHIO

Agora que os nossos vinhos correm mundo, cada vez mais apreciados pela sua qualidade, agora, que, na América, acabam de receber um galardão em homenagem aos «EXPLORADORES PORTUGUESES», eu cá, no meu cantinho, também vou «explorando» e divulgando o que posso e devo sobre a História Local.
Por isso digo que, decorrendo o ano de 1768, no dia 20 de Julho, os representantes políticos e forças vivas do concelho, assinaram uma «súplica» dirigida a Sua Majestade, que é do seguinte teor:

CASTRO DAIRE

Monumento imponente, de frontispício neoclássico, ele impressiona pelo seu volume. Este templo resultou de várias fases de construção ao longo da história. O frontispício actual, de uma só torre, foi conjecturado, nos princípios do século XIX, para ter duas torres gémeas, mas uma só delas subiu ao céu, assumindo as funções de sineira. Alexandre Alves, no livro «Castro Daire» alude a um desenho datado de 1805, assinado por «Calhs. f.», letras que ele traduz por «Calheiros, fez», acrescentando que «o risco do frontispício foi alterado nalgunes pormenores , notadamente nos vãos laterais do primeiro piso, destinados, na origem, a nichos para imagens, talvez, dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo». As Invasões Francesas, primeiro, e a Revolução Liberal de 1820, depois, associadas seguramente à instabilidade política, social e económica desses tempos, fizeram com que a outra torre ficasse truncada, ao nível do entablamento geral, sempre à espera de um dia subir às alturas da irmã. Nunca subiu, até à data em que escrevo este texto, neste ano de 2013. 

CASTRO DAIRE

Vindo de um jovem arquitecto, de seu nome João Marques, dizendo-se interessado no estudo arquitectónico da Casa Brasonada de Grijó, concelho de Castro Daire, recebi recentemente um mail no qual me alertava  para a discrepância que encontrou na informação histórica por mim publicada no meu velho site «trilhos-serranos» (com remissão para o jornal «Voz do Montemuro», de 1985) e a informação publicada no livro «Castro Daire»(1986), da autoria de Alberto Correia et alii. Assim: 

A COERÊNCIA

Dos vários textos (cinco ao todo) que escrevi e publique, no meu velho site,  há quatro anos, falando da campanha eleitoral e das obras de propaganda política então levadas a cabo, entendi ser oportuno transcrever,  para este meu novo site, neste ano de 2013, outro ano de novas eleições autárquicas, aquele que se segue, muito a propósito da Serra do Montemuro, tal como as Termas do Carvalhal, mais uma vez servir bandeira turística levantada pelos partidos concorrentes às cadeiras do Poder Local. Assim, tal e qual:

A BELEZA DELAS

No tempo em que eu já explorava as «potencialidades» da Internet e não as muitas «banalidades» que se vão vendo por aí, agora, no Facebook, escrevi o texto que se segue no meu site «www-trilhos-serranos.com» (há quantos anos, senhores?) de onde o transcrevo, agora, para este meu novo site, com o mesmo título e ilustração. Assim, tal qual:

«Voando na máquina do tempo, conduzida por Frei Bernardo de Brito, «cronista geral e religioso da Ordem de S. Bernardo, Professo no Real Mosteiro de Alcobaça» aterro com ele no topo da Serra do Montemuro, no ano de 1597. Piloto encartado, habituado a navegar sobre o passado e a imprimir para o futuro as marcas do presente vivido, eis o que ele nos diz:

TERMAS DO CARVALHAL 
UM PROJECTO SEMPRE ADIADO (II)

 E é ainda o cidadão que se assina com as iniciais «J.S.» que em três colunas de «A União» continuam a falar das Termas. Assim:
«A causa primordial do estado primitivo em que as águas se encontram é, segundo dizem, a falta de dinheiro.
Havemos de concordar que esse obstáculo não é de pouca monta, todavia não é, de forma alguma, insuperável.
A questão tem a seu favor o elemento fundamental: a riqueza da água. Riqueza bruta, inexplorada, é verdade mas, em todo o caso, é riqueza e riqueza incalculável.
(…)
O que se tem dado com as Águas do Carvalhal é um pouco, salvo seja, do sintoma do marasmo inepto e de relaxamento criminoso. Porque neste caso não é só o Município, em cujas mãos estão as águas, a perder. É também o público, é também a humanidade que sofre e que exigem do semelhante mais diligência e mais decisão no modo de tratar. Ou explora ou dê a explorar.
Consta-nos que tem havido na mente das vereações que têm passado pela edilidade uma certa relutância a qualquer empresário. O nosso povo persiste ainda dominado por muitos prejuízos, por muitos conceitos antigos na atmosfera dos quais nasceu, cresceu e foi educado. Ora, urge ensinar que as maiores fortunas que existem, os maiores empreendimentos e as melhores casas industriais, comerciais e agrícolas que existem, devem o seu principal influxo ao crédito, à exploração ao negócio especulativo.

TERMAS DO CARVALHAL
UM PROJECTO SEMPRE ADIADO (I)

Do muito que já investiguei sobre as Termas do Carvalhal, cansado de as ter visto, ao longo da história, sempre como bandeira política partidária em tempos de eleições autárquicas, tal como acontece neste ano de 2013, depois de muitos textos publicados e vídeos colocados no Youtube, não resisto a trazer a público o projecto de um cidadão que, interessado naquilo que é nosso, passou as suas ideias a  escrito e deixou para a História (distinta do «foguetório, flauta e pífaro») o seguinte texto, datado de 1912:

garrafas-1-2

Persistindo na divulgação dos cidadãos empresários que levaram longe, por bons motivos, o nome do concelho de Castro Daire e dos produtos que cá que fabricavam, é hoje a vez do senhor Valentim Monteiro. Para isso, como venho fazendo, socorro-me do meu livro «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura», editado pela Câmara Municipal, em 1995, produto da «investigação aplicada» que fiz no uso da «licença sabática», quando era professor na Escola Preparatória de Castro Daire, direito/regalia que criou engulhos a alguns colegas que jamais se abalançaram a tal empreendimento e que, hoje, a troco de uma «planificação de aula» exigem o grau de «excelência». Aí vai:

«Tendo por logótipo uma «águia a sobrevoar as cinco tetas da serra do Montemuro» existiu em Castro Daire uma fábrica de refrigerantes da qual saia o famoso e acessível pirolito, garrafinha de pescoço apertado, onde se baloiçava berlinde de vidro a servir-lhe de rolha, depois de pressionado pelo dedo.
A iniciativa pertenceu a Valentim Monteiro, nascido em 1907 e falecido em 1983. Natural de Picão, manteve-se na aldeia até aos dezoito anos de idade, ajudando os pais nos serviços da lavoura e da pastorícia. Gabava-se de ter «aprendido a ler e a escrever enquanto guardava as ovelhas».