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segunda, 08 janeiro 2024 14:40

MÕES - TERRA QUE JÁ FOI CONCELHO

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MEMÓRIAS PAROQUIAIS

O administrador da página existente no FACEBOOK designada «AQUELA GERAÇÃO», apresenta na sua CAPA uma capelinnha, rodeada de maias. Ela suscitou-me um COMENTÁRIO ao que ele respondeu com um esclarecimento e um desasfio. É essa foto que ilustra este meu «comecilho» de novelo. Assim

  mões«Essa capelinha fica no alto de S.Tiago bem no meio e separando 4 aldeias,vila de Mões, Lamas, Moita, Soutelo e Vila Boa! Por isso se chama capela de S Tiago! Pelo que sei essa capela é privada,sendo feita por " senhores" de Mões em tempos antigos!

Desconhecia que havia um manuscrito na Biblioteca em Castro Daire com alguma historia dessa capela!
Senhor Abilio, porque nao fazer um publicaçao dessa capela ! Concerteza o pessoal de Mões e das outras  aldeias agradecem!
Grande abraço e bon ano novo cheio de saude e tudo de bom!»

Respondi-lhe de pronto, assim: 

capa-mões«Eu informá-lo de que, em 1986, vi e li um manuscrito na B. M. de Castro Daire, já é muito. E ter retido aquela expressão “santo que não rende é santo morto”, ainda é mais. Mas não tenho intenção de voltar a respirar o pó dos arquivos. Alguém, natrual de Mões, jovem, com energia bastante, que vá à Biblioteca, que leia, traduza e publique. Da minha parte estou a ficar cansado de trabalhar “pro bono” para o meu concelho, sem qualquer reconhecimento. E se hoje estou pódio de “NOTABLE PEOPLE” (disponível no GOOGLE) foi por mão de um estrangeiro que nem conheço. Grande abraço e retribuo a amizade».

Claro que depois deste bate-papo, em privado (via MESSENGER) lembrei-me de ser autor do livro «MÕES - TERRA QUE JÁ FOI CONCELHO» e que nele abordei a problemática do FORAL MANUELINO e outros textos laterais de muito interesse para a história da TERRA, nomeadamente as MEMÓRIAS PAROQUIAIS, de 1758. E assim sendo, sem grande esforço meu, decidi «digitalizar» o texto que se segue, facilitando a vida ao futuro investigador local que se dê ao trabalho de prosseguir a tarefa em que tenho andado envolvido desde que assentei arraiaias no meu concelho De origem. Refiro-me às MEMÓRIAS PAROQUIAIS DE 1758. Assim:

 

1-memórias«Em 1758, o pároco que nela exercia o seu munus, Padre Manuel Ribeiro P. Alvim diz ao Rei (e a nós também) que o templo estava dis­tanciado da povoação a “dois tiros de funda”. Junto da Igreja se levantava a residência paro­quial. O Orago era S. Maria e o templo, for­mado de uma só nave, albergava três altares:

1Q - Altar-mor, com o Santíssimo Sacramento e uma pintura de Na Senhora com o Menino

2- - Altar de Nossa Senhora

3° - Altar de S. Sebastião

Sob a protecção de Nossa Senhora do Carmo, existia ali uma Irmandade. O Pároco é abade de apresentação do Ordinário com a renda de 350.000 réis. Pela freguesia, espaham-se as ermidas que apresentamos de seguida:

      QUADRO VI
Localidades
Capelas
Administração
Cabrum (Água de Alta)
S. José
Povo
Casais do Monte
S. Lourenço
Povo
Cela
Na Sa da Graça
Povo
Coura
Na S- Conceição
Povo
Covelo
S. António
Povo
Adenodeiro
S. João Batista
Povo
Lamas
S. Bartolomcu
Povo
Moita da Cela
S. Francisco
Ant.e Carvalho
Vila Meã
S. Tiago Maior 
Povo
 
 

Não constava que quaisquer destas ermidas tivessem romagens anuais. Mas, sobre ro­marias, voltemos à narrativa anónima, manus­crita, provavelmente dos fins do século XIX, existentes na B. M. de Castro Daire e a que já fizemos referência.

2.memóriasRelativamente a Mões, o autor não passa em claro o nome de famílias e casas nobres e esboça um quadro de carácter geográfico, ad­ministrativo e religioso.

Referindo-se à romaria de Soutelo, de invocação a Santa Eufémia diz que, muita gente, vinda de todos os lados, acorre ali no dia 16 de Setembro.

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Refere duas capelas públicas em Vila Boa, uma das quais - a mais moderna - foi cons­truída por meio de donativos angariados pelo reverendo Francisco Marques que muito se empenhou na sua construção.

A festividade de Santo Amaro, em Vila Franca, acontece em 15 de Janeiro de cada ano, muito concorrida por romeiros. E, acres­centa ele, a tradicional romagem dos salpicões e das bolas recheadas. Por volta da tarde os romeiros espalhados pelo monte, saboreiam as merendas acompanhadas de “verdasco” que na terra abunda.

Subindo à Granja, refere que a povoação tem 35 fogos e que, no dia três de Fevereiro de cada ano, se faz, ali, a festa de S. Braz, bas­tante concorrida, tanto em honra do Santo Pa­droeiro como “do deus Baco” (sic).

Ao sul da povoação de Mões, no sítio do Cerdeiró, a mais de um quilómetro de distância da vila, diz o anónimo autor que ali existia uma ermida, onde, no dia dois de Julho de cada ano, ía uma ladainha. As Juntas de Paróquia da Freguesia, por incúria, deixaram-na ir a monte, a ponto de já dela não restarem vestígios. E a tal propósito termina: «é como hoje, Santo que não rende, é Santo morto". (I4)

Ora, se este autor ANÓNIMO do MANUSCRITO a que aludi, diz que do templo do CERDEIRÓ não «restam vestígios», claro fica que não se trata da capelinha de Santiago, referida nas Memórias Paroquiais atribuida a Vila meã, de administração popular. 

 

Sobre a capela do Canado, diz ser vincu­lada com a obrigação da missa rezada todos os domingos e dias santificados, para o que a Junta da Paróquia possui um conto de reis de doação. Foi mandada erigir por Manuel Fer- nandes Pereira, após o seu regresso de terras brasileiras

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.