PRIMEIRA PARTE
Comecei com a questão dos PARTIDOS MÉDICOS, discorri sobre a postura dos nossos concidadãos da época, passei ao Professor JOÃO SEVIVAS, referi o seu papel na comunidade castrense ao nível da EDUCAÇÃO, e, sem sair do opúsculo “RELATÓRIO E CONTAS” da ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DA ESCOLA de que ele era sócio, passei a JOAQUIM GUEDES, pois a isso me levou a atitude dos responsáveis pela EMPRESA GUEDES, que, em homenagem do seu fundador, instituiram um PRÉMIO de 1.000$00 para os alunos do ensino primário do concelho que o merecessem. Devo a fotografia que ilustra este apontamento ao seu bisneto e meu colega Dr. João Manuel Guedes Oliveira, que gentilmente atendeu o meu pedido. (foto ao lado).
E como os responsáveis da ASSOCIAÇÃO consideraram este cidadão «um empresário de sucesso» em Castro Daire, vou pedir de emprestado a mim próprio, vejam lá, parte do que já escrevi sobre ele, no meu livro “Castro Daire, Indústria , Técnica e Cultura”, reportando-me à firma “Joaquim Guedes, Filhos e Genros; Lda» que criou em 1933. Assim:
“Foi nos negócios dos azeites, mercearias, lãs em rama e peles, zelando pelos seus interesses e pelos interesses daqueles que o constituíram seu procurador, emprestando dinheiro a juros, adquirindo terras por compras e por insolvência de dívidas não satisfeitas que, Joaquim Guedes arranjou lastro patrimonial para, em 1933, no escritório do Dr. Alexandre de Lucena e Vale, da Comarca de Viseu, a 3 de Novembro, poder constituir, em sociedade com João Augusto Guedes, seu filho, Grumecindo dos Santos Costa e António Clemente da Costa, seus genros, uma empresa de «comércio de camionagem e compra e venda de peles em bruto, denominada «Joaquim Guedes, Filhos e Genros; Lda» com o capital social de cem mil escudos (100.000$00). Empresa que, alargando cada vez mais o seu raio de ação e apetrechando-se tecnicamente segundo as exigências dos clientes e dos tempos, se projetaria no futuro (...) Em 1969 o capital social da empresa foi aumentado para um milhão de escudos (1.000.000$00) por escritura de 21 de Julho, tornando-se gerente-social o sócio Alcides Guedes, função que há de desempenhar até à sua morte em 1990”.
Dito isto, diga-se que foi graças ao PRÉMIO instituído por JOAQUIM GUEDES, que alguns alunos viram recompensada a sua aplicação aos estudos, entre os quais foi o “menino” JOAQUIM DE SOUSA ALMEIDA que preservou até hoje o livro que recebeu integrado no PRÉMIO, cuja CAPA, e AUTÓGRAFO manuscrito a justificar o PRÉMIO ilustram este APONTAMENTO, e bem assim, parte da NOTA PRÉVIA que o autor do livro “APRENDER A BRINCAR”, Irondino Teixeira de Aguilar, professor efetivo do ensino técnico e profissional, da Porto Editora, Lda. escreveu no ano de 1955 (primeira edição) e 1961, 2ª Edição.
Com esta sua obra, o autor visa levar os alunos a aprender bem a gramática, a escrever sem erros ortográficos e, em composições poéticas, exemplifica o uso correto das letras do alfabeto. Veja-se o seguinte excerto:
“Os nossos rapazes, em regra, saem da Instrução Primária sem o perfeito domínio da correção ortográfica; entram nos cursos secundários - onde tal aprendizado vai sendo cada vez mais difícil, devido a causas várias e suficientemente conhecidas - e saem deles da caminhar inseguramente neste campo pedregoso; ingressam a manquejar nos Cursos Superiores e, em muitos casos, saem destes mesmos sem que o tal domínio completo da questão ortográfica tenha sido adquirida”.
Leram bem? Isto dizia este professor e autor deste livro em 1955/1961. E alude somente aos “rapazes” tal qual eu deixei dito na “conversa” que tive no auditório do Centro Municipal de Cultura, onde estive integrado, por CONVITE, nas COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL neste ano de 2024.
Sim, foi isso e não há muito tempo que, no meu site TRILHOS SERRANOS e MURAL DO FACEBOOK, referi dilema existente entre os atuais POLÍTICOS, nossos governantes, e os PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS. Os primeiros a dizerem que estamos perante a “geração mais qualificada de sempre” e os segundos a dizerem que os “alunos chegam aos Cursos Superiores, sem saberem ler e escrever e assim saem deles”.
Seja como for, retirando o eventual exagero das duas partes, sem nos perdermos em generalizações, alguns “técnicos” dessa citada GERAÇÃO conheço eu, cujos procedimentos, no verbo e na ação, provam assentar-lhes bem na cabeça, que nem “carapuça de Alvite”, as opiniões proferidas pelos professores do ENSINO SUPERIOR.
TERCEIRA PARTE
Como levar, pois, essa GERAÇÃO a escrever sem ERROS ORTOGRÁFICOS? Temos de ver o que nos propõs, em 1955/1961, o autor do livro APRENDER A BRINCAR, que começa com FERNANDO PESSOA. Para melhor acomodação do texto destribui as páginas por colunas, assim:
PRIMEIRA COLUNA |
SEGUNDA COLUNA |
“O poeta é um fingidorFinge tão completamenteQue chega a fingir que é dora dor que deveras sente”Esta quadra, tão corretaEm que a verdade ressoaDeve-se ao grande poetaQue foi Fernando Pessoa.E, fingindo sem cautelasOutro poeta disse, um dia:“São mais lindos que as estrelasTeus erros de ortografia”.Se tais erros, é bem certo,Podem não matar paixõesTodos nós vemos decerto,Que causam reprovações.Deixem falar os poetasQue, nisto da ortografia,São fraquíssimos profetas,Cheios de vã fantasia.As palavras às direitasÀs mulheres são comparadas:Só se encontram satisfeitasQuando bem ataviadas.Demais, é nosso deverLutar com toda a coragemCom o fim de defenderA nossa casta linguagemQuem destas quadras tirarUm pouco de resultadoDesde já pode contarCom o meu: muito obrigado. |
Redondinho como um ovoO senhor O grita e berraJulgando-se o rei do povoE senhor de toda a terra.Mas o U, que é mais aberto,Embora menos bem-postoCom ar simples, mas esperto,Tais falas lhe lançam no rosto:Para quê tanta vaidadeTanta prosápia, Senhor!Se, afinal, é bem verdadeTermos o mesmo valor!Se te sentes orgulhosoEm ter local para estarEu, que sou menos vaidosoTambém tenho o meu lugar.És cobiçoso, sem mágoa,Tens nódoas, para polir;Eu não dou tréguas à aguaE sei subir e curtirSe fazes parte dos verbosPolir, cobrir, engolirTambém tenho como servosBulir, luzir, entupir.Se te cobres, também cubroAquilo que é muito meu;E escusas de ficar rubroQue se cospes, cuspo eu!Se tu destróis, eu destruoSe dormes, durmo igualmente.Se tu constróis, eu construo,Se sobes, subo na frente.Se descobres, eu descubroSe tu boles, também buloQuando encobres, eu encubro,Quando engoles, eu enguloE não fiques magoadoPor só eu estar em curtumePois andamos lado a ladoEm costumar e costume.E também aparecemosEm costurar e costuraE, lado a lado, nos vemosEm postular ou postura. |