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sábado, 22 julho 2023 11:58

LAMELAS «PEGADAS NO TEMPO E NO ESPAÇO» (OITO)

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HISTORIA

 Assumido lenhador na FLORESTA DAS LETRAS,  primeiro historiador, poeta e escritor natural do concelho de CASTRO DAIRE, com assento no menu «Discovery & Science» de "NOTABLE PEOPLE" (,https://tjukanovt.github.io/notable-people) disponível no GOOGLE, para respeito dos estudiosos e  despeito dos imbecis,  eis-me de podão em punho a penetrar mato dentro e deixar mais algumas clareiras abertas na área do conhecimento relativo a estas PEGADAS NO TEMPO E NO ESPAÇO, de LAMELAS.

 CAPA AFONSO HENRIQUES copyDesconfortado com a ignorância que grassava em redor de mim sobre o conhecimento da HISTÓRIA concelhia - excluída dos compêndios escolares - concelho donde, aos 20 anos, saí pastor/lavrador e aonde, aos 40,  regressei professor com título universitário,  por dever de cidadania e de ofício, no sentido de preencher essa lacuna de saber, procurei conciliar a atividade docente com a investigação da HISTÓRIA LOCAL por forma a poder cerzi-la com a HISTÓRIA NACIONA/UNIVERSAL e, por esse meio, levar os alunos a terem consciência do valor da disciplina estudada e da a sua ação formativa integrada no corpo das CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS. E, como aqui dou provas, agora mesmo, prossigo essa tarefa já na situação de aposentado, na certeza de que ninguém me encomendou e/ou me vai pagar o sermão. 

E faço-o não sem recorrer à mítica personagem do ABOMIVÁVEL HOMENS DAS NEVES, esse gigante fantástico que vagueia no imaginário da curiosidade e do saber, para justificar a cancha de quase 100 anos de tempo, ainda que cancha se ligue mais a espaço. Isto porque se, em matéria anterior, assentei pé no ano de 1758, para falar da CAPELA SDE S. LOURENÇO e outras, obrigado sou a alargar a perna e a assentar o pé em 1850, para falar da atual IGREJA DA SENHORA DOS REMÉDIOS desta localidade.

E faço tudo isso  de borla, sem esperar, sequer,  um agradecimento seja de quem for. E, porque assim é vou transferir para aqui, sem mais trabalho, o texto que já publiquei anteriormente, depois de muitas leituras e pesquisas. Assim:

1858 – LAMELAS, OS SEUS TEMPLOS E MILAGRES

Pois bem, dar nota da PEGADA referente à existência de  mais um templo na aldeia de Lamelas, depois de termos falado da CAPELA DE S.. L0URENÇÕ, obriga-nos a saber algo sobre a «cristianização» das terras que viriam a ser integradas no concelho de Castro Daire, entre as quais esta localidade.

E se começarmos pela vila, diremos, com Gonçalves da Costa, que «em vista dos santos invocados na região, somos obrigados a admitir a formação de núcleos cristãos pré-nacionais, alguns à raiz mesmo da fundação da diocese. A primeira organizou-se no Castelo, à volta de uma ermida ereta em honra de S. Salvador, seguindo-se o de S. Pedro que viria a impor-se como centro paroquial visigótico. A par destas surgiram as invocações de S. João Baptista, S. Sebastião, Santa Bárbara, S. Lourenço, em Lamelas, São Tiago, em Baltar, São Martinho, em Farejinhas, o medieval S. Pelaio, em vila Pouca, e outras».

1-PEDRO-SACRISTIAAqui temos a primeira surpresa. O primeiro núcleo terá aparecido «no castelo, à volta de uma ermida ereta em honra de S. Salvador». O autor baseou-se no testamento de Maria Valéria, feito em 19 de Novembro de 1686, que deixou legados para missas semanais e, portanto é considerada a «sua fundadora». Só depois veio S. Pedro, que hoje é o Padroeiro. A segunda surpresa é que o primeiro templo em Lamelas, era de invocação a s. Lourenço.

Ora, como não há culto sem gente, o censo mais antigo que se conhece sobre Lamelas, como aliás sobre o país inteiro, é de 1527,  e por este se vê, como já referimos anteriormente, que existiam na povoação 29 moradores.

Uma das fontes sobre o estado dos templos nas paróquias e o exercício dos seus párocos são os textos que os «visitadores» deixavam escritos no chamado «Livro de Visitações».

Numa dessas visitas, feita em 1666, como também já refri anteriormente, o visitador mandou aos moradores de Lamelas que «testelhem» a capela de S. Lourenço. Encontrou-a, certamente, com a cobertura em mau estado e daí a necessidade de deixar tal orientação. Telhas para cima.

Outra visita, feita em 8 de Abril de 1700, D. António de Vasconcelos, «achando que a capela de S. Lourenço, de Lamelas se encontrava em lugar ermo, sujeito á inclemência dos tempos, com teto de forma alongada, mandou que os moradores a transferissem para lugar mais acomodado».  (Costa, G. «História do Bispado e Cidade de Lamego»)

MATRIZ-1MATRIZ-2Um texto mais exaustivo sobre a atual igreja de Lamelas, devemo-lo ao Padre Anselmo Fernandes Freitas, publicado, em 1955, na «Revista Catequística». Para que tenha a divulgação merecida eu o arranco da velha Revista e aqui o deixo «digitalizado» na íntegra:

«Em Lamelas tem Nossa Senhora um templo grandioso. É uma quase igreja sob o título de Nossa Senhora dos Remédios, podendo ser uma paroquial pelo seu tamanho. Tem nove altares convenientemente preparados e limpos que as mãos ordenadas e delicadas do Sr. padre Tavares, capelão dessa Santuário, carinhosamente tratam.

O culto é exercido com toda a pompa litúrgica chamando a ele crentes de toda a região. As Quarenta Horas de Lamelas têm nessa terra um sabor especial. Pelo seu púlpito têm passado os melhores oradores sagrados do país. É a sede de uma associação Mariana de que fazem parte filiados até mesmo de fora do concelho, à qual o Sr. Pasrfe4 Tavares empresta o melhor dos seus esforços. Tem a capela dois torreões com sinos de relógio. Anexo á capela e fazendo parte da sua mole tem dependências que seriam na sua instituição primitiva s instalações para educação de crianças ou mesmo um orfanato.

A capela é moderna e deve-se a sua construção a um pobre operário de nome José Lopes que, sendo contuso em uma obra de pedreiro, prometeu, no caso de ficar sem defeito, mandar celebrar uma festa a Nossa Senhora e em todos os sábados mandar celebrar uma missa. O infortunado José Lopes é submetido a outra prova: um castanheiro na queda esmagou-lhe as costelas e ele promete uma missa diária e a construção de uma capela. Como não tinha rendimentos pessoais, percorre o país de lés a lés, angariando esmolas para a construção da capela de Nossa Senhora dos Remédios da Divina Providência. Nunca deixou atrasar o pagamento de salários aos operários que trabalhavam na construção. A Rainha D. Maria II ofereceu-lhe, além de dinheiro, o seu vestido de casamento. Celebrou-se aí a primeira missa em 30 de Janeiro de 1858».

LAMELAS LOPES

 

 

 

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.