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quinta, 23 junho 2016 17:41

CENSURA NA IMPRENSA - 1927

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CENSURA

A Revolução Republicana ocorrida na Porto em  3 de Fevereiro de 1927, não se ficou pelas prisões e deportações dos insurretos. Ela deixou marcas na imprensa do país e em Castro Daire vemos isso no jornal «O Castrense» nº 565, de 27 de Fevereiro desse mesmo ano.

O Diretor e editor do Jornal, António Ribeiro Seixas,  fez chegar à Comissão de Censura  a «prova» do jornal com um texto alusivo ao assunto. Ficaram três exemplares como prova irrefutável das mãos censórias. Um exemplar com o texto na integra. Outro exemplar com o texto rasurado de cima abaixo e o terceiro e último exemplar com a solução encontrada pelos responsáveis, a preencher o espaço do texto censurado com VIVAS À REPÚBLICA. Aquilo é que eram HOMENS. Ora vejam o texto e as fotografias correspondentes que a ele se seguem:

 

COMISSÃO A. DO MUNICÍPIO

Tal como no dezembrismo, foi nomeada e tomou posse do Município uma comissão administrativa monárquica.
É seu presidente a mesma pessoa que presidiu à comissão dezembrista - o sr. Dr. João Simões d'Oliveira que, ao proclamar-se a 'monarquia couceirista do Porto' percorreu as ruas desta vila, de chapéu alto e capote à cavalaria - à frente de uma filarmónica, dando vivas a D. Manuel.
Sem quaisquer explicações, foram dispensados os serviços da comissão a que presidia o sr. José Clemente da Costa e da qual faziam parte 4 republicanos que nos não consta tivessem qualquer compromissos na última revolução.
Eram porém republicanos, embora moderados e o republicanismo - pelo menos em certas terras do país - parece que não tem atualmente boa cotação.
Pois em virtude de alvará do sr. Governador Civil lá ficou o Município na passada segunda feira na posse dos monárquicos.. E dizemos dos 'monárquicos' porque embora de um dos vogais da Comissão se não possa afirmar que têm praça assente, conhecem-se-lhes as ligações, além de que não pode haver dúvidas sobre a posição do seu presidente, apesar de ele já ter exercido as funções de administrador do concelho com a República e de ter mesmo tomado parte em Lisboa num congresso do extinto partido evolucionista, etc.
É que o Dr. João Simões de Oliveira, depois de ser administrador e depois de ser congressista, veio declarar na imprensa local que 'era monárquico e nunca tinha sido outra coisa'.
Isto foi para muita gente, uma surpresa, mas foi assim mesmo" .

("O Castrense" n. 565, de 27 de Fevereiro de 1927)

 

 

 

 

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.