"Assim como os presentes contribuíram com o seu esforço, com o seu trabalho, com os seus haveres, com as descobertas da civilização, com os primores da educação, para que os vindouros se aproveitassem de tudo isso, justo e legítimo é que esses vindouros compartilhem um pouco do sacrifício e do esforço que tais benefícios e aperfeiçoamentos produziram e eles herdaram. É mesmo dever seu, pois não é moral, não é grato que se receba uma herança avantajada, sem um movimento compensador. E é mesmo económico, pois a experiência prova que aquelas fortunas para as quais nós contribuímos com alguma coisa do nosso suor, da nossa alma são sempre mais estimadas, mais poupadas e mais fecundas do que aquelas que herdamos simplesmente como uma espécie de riqueza de acaso, de sorte, de nascimento, caindo do céu aos trambolhões. Essas, em geral, voam, evaporam-se e raro é que alcancem a 2ª ou 3ª geração.Portando julgo ter provado que, se amanhã, os habitantes do concelho de Castro Daire que então existirem herdarem da geração presente uma dívida nada terão que estranhar pois, a par dela, herdaram a obra a que o respectivo capital foi aplicado e que se sobra é mais que suficiente para amortizar e solver essa dívida.E ao mesmo tempo que isto acontece, vamos nós apreciando e gozando um pouco com o dinheiro que há-de ser pago, pelos que hão-de vir».Nota minha: onde é que os meus amigos estão fartos de ouvir isto? Ele é na rádio, ele é na televisão, ele é nos blogues, ele é todo o comentador e economista encartado. Pois bem, este nosso J.S., em 1912, era assim que defendia o projecto para as Termas do Carvalhal, com urbanização da área circundante e tudo. Uma autêntica ESTÂNCIA TERMAL. Ninguém o ouviu e o que temos lá hoje? Um edifício isolado umas banheiras dentro, umas massagens, uma mangueiras de esguicho e, em redor, NADA. Dizem-me que há projectos novos para revitalizar as TERMAS. Pois seja. Mas por mais inovador que seja o "desenho" do edifício, será sempre e só um espaço com "coisas" dentro. No exterior, prédios, casas, caminhos, alcatrão, paralelos e demais "modernidades" certamente importadas, se calhar "agrafadas" como nas grandes cidades.
(Publicado no facebook em 04 de setembro de 2013)