Trilhos Serranos

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segunda, 11 abril 2016 15:43

ERMIDA DO PAIVA - 2

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Na minha abordagem anterior sobre a «Ermida do Paiva» e a inscrição pintada a ocre no tímpano da porta lateral-sul, por mim fotografada e incluída nos ANEXOS do meu livro «Mosteiro da Ermida» editado em 2001, para que não restem dúvidas da seriedade que ponho nestas coisas da investigação e divulgação do nosso património histórico,  aqui 3- Ermida-Alves-1 - pp.236 - Red-reponho as duas fotografias referidas: a primeira, com rigoroso respeito pelo original fotografado, com a «data bastante delida»; a segunda, respeitando rigorosamente os sinais existentes e VISÍVEIS, com decalque meu, por forma a melhor se proceder à sua leitura, v.g. «E.MCC2II», sendo que o «2», precedido do duplo «CC», tem o valor de 50, tal como o diz Viterbo no Elucidário e também Alexandre Alves no artigo que deixou no livro «Castro Daire», editado em 1986, pp- 236. Vejamos:


1-Porta lateral-1 - Cópia

Não armei em descobridor da pólvora, nem omiti qualquer sinal existente sobre a pedra. Não puxei dos galões da especialidade em EPIGRAFIA para, omitindo um dos sinais bem visíveis o «2», saltar para a data de 1214 A.D. passando por cima da Era de César «M CC 2 II».


Ora se o dito especialista, no seu laborioso trabalho de tornar visível o invisível,  omite um SINAL VISÍVEL (delido, mas lido), que garantia nos dá a transcrição dos restantes sinais delidos, mas não lidos a não ser por ele? Reponhamos o seu texto para exemplo:2-ermida-2-Red - Cópia - Cópia

É isso. Esta transcrição bem pode satisfazer os professores universitários (mestres e doutores) que a publicaram na «Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto», eles bem podem ter ficado ufanos com o produto do seu labor, mas não contenta, não satisfaz,  nem é aceite por este modesto  professor de província, aposentado do Ciclo Preparatório, tão só licenciado pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Com uma nota: buscar saber e não títulos.

E não se pense que isto se deve a qualquer melindre pelo facto de tais académicos, ao contrário das elementares regras que norteiam os trilhos da investigação, terem omitido, na vasta bibliografia citada, o meu livro «Mosteiro da Ermida», muito antes de eles « andarem por aí».  Não. Sobre isso estamos conversados, pois tive o cuidado de me respaldar no método preconizado pelo ilustre POFESSOR DOUTOR OLIVEIRA MARQUES.

4-Planta dupla - RedzA questão é outra. É que, apegando-se tais autores ao livro de Aarão de Lacerda, «O Templo das Siglas» eu alvitro evento diferente para aquela data, que é o da apliação do templo e não a sua conclusão. Problemática que se prende também com a omissão que tão insigne historiador fez na planta sobre a porta da capela-mor, no meu entender a ERMIDA original, parte dela sacrificada com tal ampliação. É o desenho que aqui coloco lado a lado com o que fez Arão de Lacerda.

 

 


5-Ed. P.marcelino Red - Cópia Com efeito, Aarão de Lacerda ignora completamente a porta da capela-mor virada a SE (figura 1) e isto porque, na altura dos seus estudos, como ele próprio diz, aquela parte do templo estava subterrada, não podendo ser vista por fora. Mas se isso aconteceu, como não a viu por dentro? Se viu, julgou seguramente tratar-se de uma «porta falsa» tal como existe uma na Igreja Matriz de Castro Daire, lado-sul, fronteira e simétrica à do lado norte, que é a porta de serviço.  E para terminar, sendo o livro de Aarão de Lacerda de 1919, aqui deixo também a referência a um artigo de página inteira publicado por Aires Pinto Marcelino no jornal «O Castrense», em 1915, ilustrado com uma fotografia da sua autoria (que circulou em postal turístico), portando  um ano antes (1916) do estudioso académico se deslocar pela primeira vez à «Ermida do Paiva» e, em 1919, publicar  «O Tempo das Siglas», obra que se tornou «pedra angular» de estudo e reflexão sobre tão vetusta Igreja. Eu o estudei e a ele sou devedor. a ele e a outros que antes de mim por aqui andaram com os mesmos interesses. Assim obriga a honestidade intelectual que norteia a minha conduta por estes «trilhos serranos».

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.