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sábado, 16 abril 2016 14:24

ERMIDA DO PAIVA -5

Escrito por 

 

 CASTRO DAIRE

Disse no apontamento anterior que o livro de Arão de Lacerda «O Templo das Siglas»  fez escola entre os estudiosos da Ermida do Paiva, aqueles para quem esse trabalho se tornou a pedra angular de uma porta aberta aos saberes e às interrogações posteriores sobre tal monumento.

 

Wikipedia-1 - RedNão há referência à Ermida do Paiva que não remeta para Arão de Lacerda e daí não viria mal ao mundo, no domínio da investigação histórica, se, como vou demonstrar, não lhe atribuíssem o que ele nunca escreveu, nem pensou. Eu próprio lhe sou devedor com muito reconhecimento.

Mas quem lhe atribui o que ele não disse, fá-lo desonestamente e a História, como disciplina formativa que é, deve excluir do seu âmbito de investigação tais «trastes». É que eles chegam ao ponto de omitir CONVENIENTEMENTE o nome do autor e título da obra onde foram beber o saber que alardeiam, só porque ele apresentou tese diferente ou não concordante, no todo ou em parte,  com a doutrina expendida pelo velho mestre..

Na sequência das observações anteriores,  deu-me para «correr» as entradas disponíveis no GO0GLE que remetem para a Ermida do Paiva.

Mosteiro-Abílio - RedE então não é que na WIKIPÉDIA vejo palavras e ideias minhas atribuídas a Arão de Mosteiro-Arão - RedLacerda? Palavras que ele nunca disse e que, jamais teria pensado, atendendo à perspectiva com que encarou e levou a cabo toda a sua investigação? 

Fiz o «PrtScn» da página à dimensão do écran do computador. Aqui a deixo, a fim do estudioso ou curioso poder cotejar com aquilo que eu e Arão de Lacerda escrevemos e está patente nas páginas dos nossos livros, também aqui deixadas, lado a lado.

Ora, quem fez o artigo não omitiu o meu nome e a minha obra por descuido. Fê-lo intencionalmente, cometendo a injustiça de atribuir aquele investigador o que ele não transpôs para o papel, apesar de ter tido na mão o manuscrito que eu utilizei «Usos da Igreja da Ermida do Paiva», de Vicente Correia Pedrosa, de 1772,  ao ponto de referir-se a ele sem «qualquer interesse»  (pp.81).

Foi diferente a minha postura, face a tal documento. Nele encontrei e não deixei omisso, o registo deixado, em 1890, pelo abade  António de Freitas Pinto e Sousa, a fl. 46, sobre o macabro achado na loja da sua égua, por baixo da moradia, quando ele se dispunha a ladrilhá-la, nada menos que as ossadas de dois seres humanos que, segundo o médico de Castro Daire, «estariam ali há cerca de 40-50 anos». Especulei sobre isso. E tenho boas razões para sustentar o que disse no meu livro, em resultado de investigações posteriores e documentação que me chegou à mão, relativa ao Reitor da Ermida, no tempo das Lutas Liberais. Ele próprio, liberal,  teve de abanonar a residência temporariamente, tal era o ânimo dos «miguelistas», por aquelas bandas..

Acontece que o escriba do artigo da WIKIPEDIA transcreve o meu texto, fingindo ignorar o comentário que eu fiz na sequência, assim:: «ora aqui temos nós uma informação que, cotejada com outras, não pode ser considerada sem importância, como fez Arão de Lacerda, ao afirmar que, a não ser a referência à missa por alma de D. Dinis, o «Lv. Usos e Costumes», que ele utilizou para fazer o seu livro «O Templo das Siglas» «mada mais tinha de importância». (CARVALHO, Abílio Pereira de, Mosteiro da Ermida, 2001, pp. 181-182)

Mas há mais. No ponto 3 da sua pescaria, ao resumir o significado das SIGLAS, dado que remata todo o texto citando Arão de Lacerda, dando a entender que tudo o que escreveu antes a ele se deve (omitindo até, na bibliografia o meu livro e nome, situação que foi corrigida em favor daquele  investigador) este divulgador de saberes sobre a Ermida do Paiva, atribui a a esse autor o que, seguramente, ele nunca pensou nem disse, por força da postura canónica que perpassa por toda a sua obra. Diz ele:

"3 A figura humana esculpida num modilhão bem pode exibir o que algumas siglas escondem, sendo elas próprias o símbolo da fertilidade reduzido à forma mais simples".

Repassem o livro de Arão de Lacerda a pente fino. Digam-me onde é que ele escreveu tais palavras, ou fez tal analogia? Não encontraram? ou fui eu que não encontrei por descuido ou leviandade?  Então eu vos mostro o pego do rio Paiva onde o pescador que estou questionando lançou o anzol e trouxe à tona da água a ideia e as palavras que exibiu no seu cacifo, mostrando, a outros pescadores, caçadores e mais mentirosos o resultado da pescaria e da caçada que por aí andam a fazer na serra do Montemuro e arrabaldes. Vejam, cotejam  e concluam:

«Em 2000, nós, insubmissos a ortodoxias dominantes, focámos um dos modilhões e dele destacámos, não um anjinho esculpido com asas, mas um homem mostrando as ferramentas que as ferramentas do canteiro lhe puseram entre as pernas, sem recurso à decorosa folha de parreira.

Em síntese, e para melhor se refletir sobre as marcas deixadas nas pedras da Ermida pelos canteiros que ajudaram a construir o edifício, podemos dizer:

1º  - Havia quem pensasse que os monges da Ermida tinham alguma relação com os Templários e que foram expulsos doET - Reduz mosteiro em 1312.

2 - Temos nas paredes do templo (e não só) «o resto de um hieroglifismo que de longe veio até terras ocidentais.»

3º  -  Num capitel historiado (hoje desaparecido) foi esculpido o «símbolo da iniciação».

4º  -  A figura humana esculpida num modilhão bem pode exibir o que algumas siglas  escondem, sendo elas próprias o «símbolo da fertilidade» reduzido à forma mais simples.

Aarão de Lacerda, tendo embora tomado nota de alguns destes elementos, não fez  entre eles as devidas correlações e deles não tirou  as necessárias conclusões» (CARVALHO, 2001: 148-149)

E mais não é preciso dizer em homenagem a Arão de Lacerda que, se fosse vivo, seguramente repudiava aquilo que lhe atribuem e que ele  nunca disse, nem pensou. Tem sorte. Eu  ainda por cá ando «vivinho da silva» disposto a denunciar todas estas falsidades. Para tais pescadores que canonicamente mentem ou falseiam e assumem o papel de inquisidores  omitindo o meu livro como que colocando-o no INDEX, aqui deixo um poema audiovisual inspirado nessa escultura.


https://youtu.be/Sz0PC8GtL4c

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.