Remeti-o para um extenso e bem fundamentado artigo que, há anos, publiquei no «Notícias de Castro Daire» e também no site «Trilhos Serranos» que mantenho aberto na Internet, artigo esse onde demonstro que a Relva aparece associada ao rio Paivó, em 1258, nas Inquirições de D. Afonso III, pois nelas se pode ler que Pedro Pelágio, de Folgosa, sendo ainda vivo, doou à igreja de Castro Daire uma «herdade foreira do rei na proximidade do Paivó, no lugar chamado Relva».
Ele leu o artigo, mandou-o imprimir e quando se preparava para metê-lo numa vitrina e fixá-la na parede, sugeri-lhe ideia melhor e mais sintética. Eu engendraria um espaço em madeira que chamaria PORTA DO TEMPO, por forma a que ali figurasse o texto, das Inquirições, escrito em latim e a respectiva tradução.
Foi o que se fez, graças às novas tecnologias de "corte" e "gravação" hoje disponíveis na «Relojoaria Almeida», de Paulo Almeida, em Castrto Daire.. Levada ali a ideia (numa conjugação plena da teoria e da prática) esta foi convertida no produto final, cuja fotografia se apresenta: no rosto da porta, o texto em latim: Nas costas, o texto gótico que serve de abertura so Livro da Inquirições, arquivado na Torre do Tombo. E no fundo, a tradução do texto, acompanhada do esquema dos rios Dalobra e Paivó, a descerem separados desde o monte dos Testos, (Cervela no século XVIII) até se encontrarem no sítio da Louçã e, a partir daí, o Paivó, como rio dominante, ir desaguar no Paiva a montante da Ponte Pedrinha, nas proximidades de Castro Daire.
Dito e posto isto nessa PORTA DO TEMPO, uma PORTA ABERTA ao passado, através da qual se podem ver as ferramentas e utensílios usados pelo povo camponês de antanho, ligado à agricultura, pastorícia e artes afins, (mesmo que alguns deles ainda permaneçam em uso) é o momento e o lugar para deixar outra informação de relevo para a Relva e demais povoações da freguesia das Monteiras, informações que não couberam na PORTA DO TEMPO, dado que, aqui, como em Lisboa, se não pode meter o Rossio na Betesga,
Pelo censo de 1527, feito no tempo de D. João III, ficámos a saber que nas Monteiras havia 19 moradores, em Colo de Pito, 10. Carvalhas, 8 e na Relva 6.
Nas »Memórias Paroquiais», de 1758, assinadas pelo Cura Manoel Cardoso, relativamente à freguesia de Monteiras, ficámos informados de que «tem esta freguesia cento e vinte vizinhos e neles tem trezentas e setenta e oito pessoas maiores e três menores e quarenta e cinco ausentes»
Pertence ao termo da vila de Castro Daire e «compreende em si mais três lugares ou aldeias, um chamado Colo de Pito, outro Carvalhas e outro Relva e em que o de Colo de Pito tem vinte moradores e vizinhos, o das Carvalhas dezanove e o da Relva vinte e seis».
E desta forma,aqui, nos meus «trilhos serranos» termino a informação que, por falta de espaço, não coube naquele pedaço de madeira que designei PORTA DO TEMPO para figurar numa das paredes do Museu na Relva Cabe agora aos seus responsáveis fazer uso dela conforme lhes aprouver, no sentido de prestarem ao público informação histórica documentada, disponível aos investigadores que verdadeiramente se interessam pela HISTÓRIA LOCAL e pelo rigor científico com que ela deve ser tratada.
Resumindo:
POPULAÇÃO
NUMERAMENTO DE D. JOÃO III
1527
POVOAÇÕES | Nº DE MORADORES |
---|---|
MONTEIRAS | 19 |
COLO DE PITO | 10 |
CARVALHAS | 8 |
RELVA | 6 |
MEMÓRIAS PARQUIAIS DE D. JOSÉ I
1758
POVOAÇÕES | POPULAÇÃO | |||||
---|---|---|---|---|---|---|
MONTEIRAS | Vizinhos 120 |
Maiores 378 |
Menores 53 |
Ausentes 45 |
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COLO DE PITO | Vizinhos 20 |
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CARVALHAS | Vizinhos 19 |
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RELVA | Vizinhos 26 |
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