Fiz-lhe ver que, nesse livro, a minha preocupação não esteve virada para o «rótulo» da vasilha, mas antes para o seu conteúdo, ou seja, a minha preocupação esteve em deixar num só livro retalhos da HISTÓRIA da terra, da vila que, como tantas outras, já tinha sido concelho, confirmado pelo Foral Manuelino a que eu tinha tido acesso.
Ora, dado o florescimento do munipalismo trazido com o 25 de Abril de 1974, imperioso era publicá-lo na íntegra, por forma a que os naturais da terra se orgulhassem das suas origens e soubessem um bocadinho mais sobre o seu passado histórico. Só isso.
Em torno do foral vieram outros dados de interesse para o que eu designo «história com gente dentro». Mas esses foram secundários, para o meu amigo e, parece-me que para a maior parte dos moradores. O que interessava era o «TOPÓNIMO».
E estranha coisa esta! Então não é que, passados tantos anos, eu continuo a ser interpelado sobre a origem do «topónimo» como se nele estivesse a suma importância da história da terra?
Creio que a primeira edição do livro, apesar de não ser grande o número de exemplares publicados, ainda não se esgotou. E, face a esta realidade, das duas, uma: ou os moradores da freguesia de Mões se mostraram desinteressados pelo conhecimento da sua História, ou falhou redondamente o «markting» de venda levado a cabo pela Junta de Freguesia, já que é ela, como editora, a única entidade que recebe, por inteiro, o produto das vendas. Mas isso são contas de outro rosário.
Recentemente, uma simpática ex-aluna minha, de seu nome Marta Pontes, interpelou-me, também ela, sobre o «topónimo», a fim de poder elucidar um amigo que sobre isso a interrogara.
Depois daquele abraço amigo de quem já não se vê há longo tempo, sorri-me, contei-lhe tudo o que se tinha passado, lembrei-lhe o que sobre a toponímia antiga pensa Moisés Espírito Santo no ensaio que fez sobre tal matéria, onde discorda da opção dos latinistas inclinados a fazer derivar tudo do Latim, sublinhei quanto aleatória é a escolha de uma explicação, mas prometi fazer chegar até ela a «grafia» da palavra, desde as Inquirições de D. Afonso III, em 1258, às Memórias Paroquiais, de 1758, passando pelo Foral Manuelino, tudo inserto no meu livro acima referido.
É o que estou a fazer, folgando que as pessoas se entretenham a discorrer sobre o «rótulo» da vasilha, deixando que o seu conteúdo seja «lido» pelas térmitas que tanto gostam de papeis velhos.
Assim:
Pelos documentos se constata que nas Inquirições de D. Afonso III, (doc.1) Mões se escrevia «Moos», que na Carta de Privilégio dada por d. Dinis, confirmada por D. Manuel (doc.2) se escrevia «Moees», no Foral Manueleino se escrevia Mooes, e nas Memórias Paroquiais de 1758 (doc.4) se escrevia «Moens».
E se calhar, o meu amigo de Vila Boa, que tão frustrado se mostrou por eu não ter deixado uma palavra sobre o «topónimo» era capaz de ter razão quando, estudante de Coimbra, a sua investigação o conduziu ao étimo latino «mons, montis».
Ora vão ao Google pesquisar, façam o cotejo do produto da vossa investigação com tudo o que fica demonstrado e, depois, discorram, o tempo que quiserem, sobre isso. Eu por aqui me fico.
Abílio/agosto2015