ERÓTICO NA ARTE ROMÂNICA
Quando, em 24 de Abril último, publiquei a crónica sobre a ERMIDA DO PAIVA VI, ilustrada com uma fotografia mostrando o seu enquadramento paisagístico, aludindo a Pinheiro e Vila Seca lá ao fundo, dado tratar-se de uma vista EXTERIOR, um "amigo", à laia de "comentário", adicionou-lhe uma foto com uma vista do INTERIOR, mas sem qualquer legenda que elucidasse de que imagem se tratava e de quando era datada, mesmo que se inferisse, facilmente, tratar-se do mesmo tempo visto por dentro.
Face a isso, apressei-me a pedir-lhe que adicionasse uma LEGENDA à foto, uma vez que é timbre desta página ficar aqui tudo muito bem EXPLICADO, no entendimento de que ela é de APRENDIZAGEM e não apenas de ENTRETENIMENTO.
No dia seguinte fui surpreendido com a retirada da foto e com ela o meu pedido de legendagem. Mas esse meu "amigo" (cujo nome omito, por razões óbvias, se quiser tem a página por sua conta para sejustificar, se assim o entender) explicou-me, em PRIVADO, as razões da sua atitude. Assim:
«Caro Abílio, ontem tinha colocado, oportunamente, uma foto do interior da Ermida do Paiva, na sua publicação onde só tinha colocado fotografias do interior. Após o seu comentário achei, a Bem da Nação, retirar a fotografia, em vez de termos dado origem a um salutar diálogo e troca de mais informação e imagens, como seria desejado, abç».
Como li no «A Bem da Nação» uma certa ironia, respondi, na volta do correio, também em PRIVADO:
«Gostei do a BEM DA NAÇÃO. Só pedi que legendasse a foto, pois é essa a marca da minha página. TUDO EXPLICADINHO. É um velho vício profissional, como referi. Entendeu retirar a foto e eu estranhei isso, pois mais fácil era LENGENDÁ-LA. Não era preciso DIÁLOGO nenhum e eu creio que ainda falo português. Mas retirada a sua, irei, na primeira oportunidade, colocar uma minha. De resto, tudo bem. Apareça se lhe agradar e vir nisso proveito. É para isso que serve o FACEBOOK»-
Ora chegou agora o momento de cumprir o que prometi publicamente, não apenas a esse meu "amigo", mas a todos os outros que me acompanham nesta tarefa da divulgação do nosso PATRIMÓNIO HISTÓRICO e, se possível, contribuir para o entendimento do significado simbólico de algumas das suas esculturas ou gravuras, dispersas pelas pedras que dão corpo ao templo, nomeadamente alertar os CRENTES para o ERÓTICO ROMÂNICO presente nesta igreja, como nas outras a que já aludi nas crónicas anteriores e na sequência do que deixei escrito no meu livro «Mosteiro da Ermida» editado em 2001.
E, modéstia à parte, não é sem algum regozijo que, tendo eu abordado o tema sob esse ângulo, em 2001, o veja abordado agora em crónicas de estudo posteriores, inclusive, o CANAL HISTÓRIA que se pôs a deambular pelas Igrejas românicas da Cantábria na sudável tentativa de levar ao mundo uma explicação mais alargada e fundamentada.

Por isso, hoje, além da foto, deixada acima, mostrando o seu INTERIOR, junto outra, onde se vê claramente que entre dois MODILHÕES que suportam a cornija, um deles desapareceu. Tendo nós presente o modilhão com uma figura masculina esculpida com avantajado sexo (aqui reposta para melhor lembrança) cabe perguntar se ali não estaria uma figura feminina, em idêntica posse, o que terá contribuído para seu desaparecimento.
A pergunta tem sentido e encontra resposta no capitel de uma dessas igrejas filmadas pelo CANAL HISTÓRIA. É só ver o fotograma aqui ao lado, extraído desse vídeo. Claro que, tratando-se de um CANAL DE HISTÓRIA, busca no ERÓTICO ROMÂNICO uma interpretação DOUTRINAL, aceite pela Igreja na época, isto é, incentivar à procriação num tempo em que faltavam homens para a RECONQUISTA CRISTÃ. Interpretação que escapa, seguramente, às mentes «sacristas e beatas» dos nossos dias, mentes que hoje olham para aquela arte e, vendo nessas imagens um escãndalo, se sentem tentadas a botá-las abaixo ou amputá-las. São mentes que se recusam a aprender HISTÓRIA e a buscar na documentação, manuscrita em pergaminho ou esculpida em pedra as ideias e os valores que imperavam na época, sem a maledicência que lhes foi incorporada na linha do «rigorismo de S. Bernardo» e outros que tais.
Ora, parem, escutem, ouçam, olhem e pensem...