MENSAGEM
Na impossibilidade de estar fisicamente presente na inauguração do "Museu Na Relva", não posso deixar de felicitar o seu fundador ILÍDIO BONIFÁCIO MAGUEJA e todas as pessoas que se empenharam neste projeto, nomeadamente o apoio dado pelas entidades políticas e culturais da freguesia e do Município.
Um museu destas características é sempre uma PORTA DO TEMPO, uma PORTA ABERTA, para estudo do nosso património material e imaterial do PASSADO (mesmo que algum desse património ainda esteja em uso) com a certeza de que a maioria dele, já posto em descanso, se destina manter vivo, no FUTURO, o PASSADO que foi morto pela evolução natural das técnicas e novas formas de organização económica e social.
Cada peça de madeira, de ferro, de pedra, ou de cabedal expostas, têm uma história humana digna de ser lembrada. Olhar cada uma delas, sem pressas, mirá-las com OLHOS DE VER, é extrair delas a INTELIGÊNCIA PRÁTICA dos seus inventores e das pessoas que, na luta pela sobrevivência, delas fizeram uso. As pessoas que, por estas serras, montes, vales e rios, pastorearam rebanhos, cultivaram terras, fizeram rodar moinhos e pisões, que se vestiram com a lã das suas ovelhas e o burel das suas teias, com o linho tecido nos seus teares, homens e mulheres que souberam rodar sarilhos e dobadoiras, rodar fusos entre dois dedos e carregar rocas com lã ou com estopa.
Que, enfim, sofrendo as intempéries do clima e vencendo as carências do meio, mantiveram de pé, este pedacinho de Portugal, que dá pelo nome de RELVA, lugar associado ao rio PAIVÓ, pelo menos desde o século XIII, ano de 1258.
Parabéns, pois, pela iniciativa e empenho de todos os envolvidos, com os desejos de que este espaço cultural e o seu recheio, venham a desempenhar a função pedagógica que lhes cabe, enquanto museu de coisas mortas, que em nós e nas futuras gerações devem ser mantidas vivas e rodeadas da HUMANIDADE que exalam.
Abílio/Agosto/2015
P.S. Aproveito para dizer que nada tenho a ver com a forma e conteúdos dos livros, cujo lançamento foi feito na ocasião.