Trilhos Serranos

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sábado, 29 agosto 2015 21:30

MUSEU NA RELVA

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Por razões que me são alheias, não vi referida até hoje, em parte alguma, inclusive nesta página, a MENSAGEM que dirigi ao senhor Ilidio Bonifácio Magueja, aquando da INAUGURAÇÃO DO MUSEU NA RELVA, mensagem que ele leu na alocução que fez na oportunidade, segundo me comunicou pessoalmente. Ora, para que ela não fique mergulhada na espuma das cachoeiras deste caudaloso rio facebookiano, onde se fala do evento, dando a ideia de que eu estive e estou desatento a tudo o que de histórico e cultural se passa no concelho, resolvi, por minha conta e risco, "postá-la" nesta página, no convencimento de que as minhas palavras simples não desprestigiarão e iniciativa e o que muito dela se tem dito. Foi assim:

MENSAGEM


Na impossibilidade de estar fisicamente presente na inauguração do "Museu Na Relva", não posso deixar de felicitar o seu fundador ILÍDIO BONIFÁCIO MAGUEJA e todas as pessoas que se empenharam neste projeto, nomeadamente o apoio dado pelas entidades políticas e culturais da freguesia e do Município.
Um museu destas características é sempre uma PORTA DO TEMPO, uma PORTA ABERTA, para estudo do nosso património material e imaterial do PASSADO (mesmo que algum desse património ainda esteja em uso) com a certeza de que a maioria dele, já posto em descanso, se destina manter vivo, no FUTURO, o PASSADO que foi morto pela evolução natural das técnicas e novas formas de organização económica e social.
Cada peça de madeira, de ferro, de pedra, ou de cabedal expostas, têm uma história humana digna de ser lembrada. Olhar cada uma delas, sem pressas, mirá-las com OLHOS DE VER, é extrair delas a INTELIGÊNCIA PRÁTICA dos seus inventores e das pessoas que, na luta pela sobrevivência, delas fizeram uso. As pessoas que, por estas serras, montes, vales e rios, pastorearam rebanhos, cultivaram terras, fizeram rodar moinhos e pisões, que se vestiram com a lã das suas ovelhas e o burel das suas teias, com o linho tecido nos seus teares, homens e mulheres que souberam rodar sarilhos e dobadoiras, rodar fusos entre dois dedos e carregar rocas com lã ou com estopa. 
Que, enfim, sofrendo as intempéries do clima e vencendo as carências do meio, mantiveram de pé, este pedacinho de Portugal, que dá pelo nome de RELVA, lugar associado ao rio PAIVÓ, pelo menos desde o século XIII, ano de 1258.
Parabéns, pois, pela iniciativa e empenho de todos os envolvidos, com os desejos de que este espaço cultural e o seu recheio, venham a desempenhar a função pedagógica que lhes cabe, enquanto museu de coisas mortas, que em nós e nas futuras gerações devem ser mantidas vivas e rodeadas da HUMANIDADE que exalam.

Abílio/Agosto/2015

P.S. Aproveito para dizer que nada tenho a ver com a forma e conteúdos dos livros, cujo lançamento foi feito na ocasião.


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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.