Disse também, e penso que com razões fundamentadas, que todos os moradores de Cujó conhecidos pela alcunha de «franceses» terão por ascendente remoto, João Pereira de Morais, que, em 1850, já viúvo e «adiantado em anos, resolveu fazer o seu testamento e distribuir os bens pelos cinco filhos, a saber: Francisco, José, Maria, que com ele moravam, e Josefa e António, que já estavam casados e fora da casa paterna.Deixei também escrito que em 1888, Francisco Pereira de Morais, seguramente o filho de João Pereira de Morais referido no testamento, assinou, com outros moradores de Cujó, um documento dirigido à Câmara Municipal (cf. neste site artigo «Cujó, Uma Questão de Baldios») no sentido de obstar a que os moradores das Monteiras dividissem entre si o baldio que era comum às duas povoações. Disse ainda que a José Pereira de Morais, conhecido por José Francês, solteiro, com 57 anos em 1970, comprei eu um relógio de bolso que ele me disse ter herdado do seu pai, António Pereira de Morais, dito António Francês, relógio que já vinha do seu avô, ou bisavô.Ressalta assim, à primeira vista e sem mais documentação, que a alcunha de «franceses» está directamente ligada à família «Pereira de Morais», sendo, portanto lícito deduzir que todos os moradores de Cujó com tal alcunha tiveram por ascendente remoto João Pereira de Morais e os seus cinco filhos: Francisco, José, Maria, Josefa e António.Andarão bem, pois, todos os «Pereira de Morais» de Cujó, apelidados de «franceses» se buscarem a sua genealogia neste cidadão (se não mesmo no seu pai) e nos seus cinco filhos, caso todos eles tenham casado e deixado descendentes, já que no «Censo Eleitoral da Junta de Freguesia de Cujó de 1970» são identificados alguns «Pereira de Morais», nomeadamente, António Pereira de Morais, solteiro, de 65 anos de idade, conhecido por «Francesito».Era tio dos meus amigos Dionízio Ramalho e Abílio Ramalho, filhos da tia «Francesita» que só faleceu depois de ultrapassar os 100 anos de vida. Tendo ficado órfã, foi criada na casa do tio e padrinho António Pereira de Morais (António Francês), pai de José Pereira de Morais (o Zé Francês) a quem comprei o relógio que refiro e ilustra no artigo anterior. Estes dois filhos da tia «Francesita», Dionízio e Abílio, por ironia do destino, não podendo governar vida em Cujó, emigraram para França, nos anos 60, onde se mantiveram até hoje. Não fora a grande migração de portugueses que se deu naqueles anos para «franças e araganças», bem podia dizer-se que estes meus dois amigos regressaram à pátria avoenga. Outros irmãos ficaram-se por Lisboa ou por Cujó, como é o caso da Adília e da Conceição que exploram a Taverna/Café/Merceria, nos fundos da casa que foi a morada dos seus pais. Ali, pegado à «Eira dos Ramalhos».NOTA: cf. artigo neste site «Origens dos Franceses-1»Abílio Pereira de Carvalho |
sexta, 06 maio 2016 09:42
Escrito por
Abílio Pereira de Carvalho
CUJÓ - A ORIGEM DOS «FRANCESES» - 2
|
Publicado em
História
Abílio Pereira de Carvalho
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.