- Pode ser agora? Interpelei.
- Pode.
Fiz sinal à empregada para suspender o meu almoço e, sem entretantos, arrancámos na carrinha dele em direção ao penedo datado e legendado.
Este meu amigo, industrial do PÃO, cujo curriculum vitae poder ser visto no vídeo que alojei, há anos, no Youtube, com o título FORNO DA SERRA, tem mais sensibilidade para estas coisas da Investigação do que alguns diplomados que por aí exercem a profissão de professores de HISTÓRIA.
Chegados ao sítio, começou por dizer-me que o penedo foi deslocado do sítio original, que está deitado e coberto de musgo. Que ele não lhe mexeu para eu ver o estado e o lugar em que o encontrou. E disse que sítio original era as uns dez metros de distância, ali onde se cruzam os caminhos rurais que atravessam a Lapa: um, no sentido nascente/poente/Vale Cuterra/Lamelas e outro em direção norte/sul/Vilar/Vila Pouca/Castro Daire.
Deitado, com o musgo a tapar as letras e os números, passei a mão e pus ambas a descoberto. Data: 1944. Legenda: J.F. LAMELAS.
Pedi-lhe para se sentar nele e tirei a fotografia que ilustra este texto. O registo aqui fica. Ele pode servir para explicar a "demarcação" entre "baldios", outrora usufruídos e disputados pelas povoações vizinhas, por causa das lenhas e gados. E hoje, por for força da evolução dos tempos, pastorícia e agricultura abandonadas, aquele marco divisório foi tornado inútil, arrancado do sítio, sem significado algum para o condutor da retroescavadora que lhe meteu a pá por baixo e lhe fez dar um pinote de metros. Mas igual atitude não teve o meu amigo Narciso. Montado na sua égua nas horas de lazer, amante da natureza, revivendo os lugares onde cresceu e lhe atestam a sua identidade, ao passar por ali teve um REBATE de memória: «por aqui havia um penedo com letras e números. Era aqui. Não está cá».
Apeou-se seguro de que não estaria longe. E não tardou a encontrá-lo e a dar-me conhecimento do achado. Houvesse muitos Narcisos em Castro Daire, sempre a olhar por onde passa com OLHOS DE VER e a nossa HISTÓRIA e o nosso PATRIMÓNIO estariam mais ricos e mais esclarecedores.
Regressámos ao ponto de partida. Agradeci-lhe ter-me interrompido o almoço e que nunca deixasse de desafiar-me a ir de encontro às suas descobertas na serra.
Que sim, senhor. Assim faria.
- Pode.
Fiz sinal à empregada para suspender o meu almoço e, sem entretantos, arrancámos na carrinha dele em direção ao penedo datado e legendado.
Este meu amigo, industrial do PÃO, cujo curriculum vitae poder ser visto no vídeo que alojei, há anos, no Youtube, com o título FORNO DA SERRA, tem mais sensibilidade para estas coisas da Investigação do que alguns diplomados que por aí exercem a profissão de professores de HISTÓRIA.
Chegados ao sítio, começou por dizer-me que o penedo foi deslocado do sítio original, que está deitado e coberto de musgo. Que ele não lhe mexeu para eu ver o estado e o lugar em que o encontrou. E disse que sítio original era as uns dez metros de distância, ali onde se cruzam os caminhos rurais que atravessam a Lapa: um, no sentido nascente/poente/Vale Cuterra/Lamelas e outro em direção norte/sul/Vilar/Vila Pouca/Castro Daire.
Deitado, com o musgo a tapar as letras e os números, passei a mão e pus ambas a descoberto. Data: 1944. Legenda: J.F. LAMELAS.
Pedi-lhe para se sentar nele e tirei a fotografia que ilustra este texto. O registo aqui fica. Ele pode servir para explicar a "demarcação" entre "baldios", outrora usufruídos e disputados pelas povoações vizinhas, por causa das lenhas e gados. E hoje, por for força da evolução dos tempos, pastorícia e agricultura abandonadas, aquele marco divisório foi tornado inútil, arrancado do sítio, sem significado algum para o condutor da retroescavadora que lhe meteu a pá por baixo e lhe fez dar um pinote de metros. Mas igual atitude não teve o meu amigo Narciso. Montado na sua égua nas horas de lazer, amante da natureza, revivendo os lugares onde cresceu e lhe atestam a sua identidade, ao passar por ali teve um REBATE de memória: «por aqui havia um penedo com letras e números. Era aqui. Não está cá».
Apeou-se seguro de que não estaria longe. E não tardou a encontrá-lo e a dar-me conhecimento do achado. Houvesse muitos Narcisos em Castro Daire, sempre a olhar por onde passa com OLHOS DE VER e a nossa HISTÓRIA e o nosso PATRIMÓNIO estariam mais ricos e mais esclarecedores.
Regressámos ao ponto de partida. Agradeci-lhe ter-me interrompido o almoço e que nunca deixasse de desafiar-me a ir de encontro às suas descobertas na serra.
Que sim, senhor. Assim faria.
Abílio/agosto2015