"Nuro" é uma potência particular possuída pelo homem e por certos animais selvagens, em virtude do qual eles se vingam da pessoa que os matou (...) o facto de ter morto uma pessoa ou um animal possuidores de "nuro" coloca o matador num estado de perigosa contaminação. Parece, por vezes, que o "nuro" penetrou e vive nele, como que adormecido, pronto a despertar em certas circunstâncias. O perigo adstrito ao "nuro" deve ser conjurado por um tratamento especial. Se o tratamento é descurado, o "nuro" provocará um acesso de loucura ou pode mesmo causar grandes males à família do matador ou do caçador". (Henrique A. Junot, (1974) "Usos e Costumes dos Bantos", tomo 2, pp. 70-71).
Ora, todo aquele que conhece minimamente a história de África, todo aquele que olha com imparcialidade e desapaixonadamente os tempos das conquistas, de povos conquistadores e povos conquistados, da formação e queda de impérios, enquadra facilmente no contexto da COLONIZAÇÃO E DESCOLONIZAÇÃO, este estudado conceito banto, esta "potência possuída por homens e animais". A mim não me custa a ver o "nuro despertado" e, se a DESCOLONIZAÇÃO resultou em toda a "loucura" que conhecemos, se trouxe "grandes males à família do matador ou do caçador", foi pelo facto "ter sido descurado o tratamento devido".
E não se fiquem por esta minha abordagem do tema, caro amigos, se quiserem manter Horácio vivo, basta que estejam atentos e, no contexto da DESCOLONIZAÇÃO vejam "quem conquistou quem"? Findo o império, pode perguntar-se quem é hoje dono e senhor alguns Bancos portugueses e quem domina em certos órgãos de comunicação social, em Portugal. Será preciso eu dizê-lo? Vá lá, façam os vossos trabalhos de casa. E não falo de Macau e da China. Sobre isso já escrevi em 2003 uma informada e extensa crónica que está disponível e ilustrada nos meus sites (velho e novo) novo, com o título "OS CHINESES".