1 - MANUEL DA COSTA PINTO
«Como cidadão castrense, defensor de valores sociais e culturais, que constituem a nobreza do nosso concelho, venho seguindo, com atenção, a polémica que, sob este título, se tem instalado nas colunas do nosso jornal.
(...)
a) Da leitura cuidada do livro não se vê onde se fundamenta aquela crítica.
b) Por outro lado, é do domínio publico, e glória da comunidade concelhia, que o Dr. Abílio Carvalho é um historiador, licenciado em História, com nome firmado nas letras portuguesas, nesta vertente da cultura e na crítica da especialidade, o que supõe a apreciação da sua honestidade, seriedade e competência, virtudes que os verdadeiros críticos lhe reconhecem, sem restrições.
c) O Dr. Abílio tem obra feita que muito honra o nosso concelho e as suas gentes; os seus livros aí estão admirados, saboreados e utilizados por todos, como iniludível referência de saber e cultura.
d) É evidente que não é historiador quem quer; mas quem sabe; e sabe quem estuda; quem veste o fato de trabalho, nos caboucos da heurística e queima as pestanas nas mesas das leitura interpretativa da propedêutica.
O historiador, na linha de Fernão Lopes, não se orienta pelo agrado ou desagrado que o seu trabalho pode causar, nem para louvor ou vitupério de ninguém. Isto, se acontecer, serão os factos que o produzirão».
(...)
E, sendo assim, não estará a Direção a incorrer no âmbito de administração danosa de que deverá prestar contas? Creio, bem, não poder a Direção acobertar-se com a, sempre discutível, avaliação que fizer do livro do Dr. Abílio de Carvalho; ele não ofereceu o livro; ofereceu o produto dos seus direitos de Autor: valor pecuniário.
A segunda opinião tem a assinatura de F. Cristóvão Ricardo e veio do Algarve. O jornal chegava lá e lá chegou a repugnância da injúria. O comportamento da Direção não podia deixar de arrepelar as «boas consciências» e porque assim aconteceu, eis que, por e-mail, chegou às colunas do «Notícias de Castro Daire» o seguinte documento:
«Distante, espacialmente, do epicentro do terramoto «prós e contas» que vem ocupando significativo espaço de «Notícias de Castro Daire» não me posso alhear, humanamente falando, dos atropelos e impropérios a que estão sujeitas pessoas que à causa comum dedicam, desinteressadamente, o seu tempo, labor e saber.Com este introito, situo-me, não numa equidistância entre as partes em conflito, mas do lado da parte injustamente maltratada, na sua dignidade, arrastada pela lama da injúria, no seu estatuto de pessoa. (...) A Direção da Instituição coloca-se fora da lei, quando não respeita a pessoa e quando não reconhece os seus direitos.
(...)
A Direção da Instituição exorbita numa matéria para a qual não tem poderes. A Direção da Instituição não é a Instituição. Não pode, sob pena de gestão ruinosa do património, prescindir de verbas necessárias à Instituição. (...) A Direção duma Instituição não é a dona da Instituição, os verdadeiros donos são os associados. Prescindindo do produto do livro, a Direção pode ser obrigada a repor do seu bolso a quantia que deixou de receber.
(...)
Finalmente, uma palavra sobre as palavras. A baixeza deste discurso e o mau português, desordenado e desbragado, espelha a iliteracia da Direção de uma Instituição prestimosa. A Direção da Instituição com a sua linguagem de arruaça presta um mau serviço à Instituição que dirige, e à língua portuguesa. (...) Portugal desceu a percentagem de analfabetos para níveis que já não nos envergonham, mas a percentagem de analfabetos funcionais, isto é, aqueles que não sabem escrever corretamente atinge níveis preocupantes. A linguagem rasteira e achincalhante que a Direção usa é um bom atestado desse analfabetismo funcional».
No livro «Memória Minhas - Portugal Moçambique» retomei circunstanciadamente o tema e depois remeti ao «julgamento da opinião pública» a defesa dos valores da verdade, da dignidade e da probidade.
Passaram dez anos. E o protagonista, cuja linguagem e trato ficaram acima descritos, julgando-se senhor do mundo, só porque tinha sido eleito para a Direção dos Bombeiros Voluntários, está sentado no banco dos réus pelo desvio de dinheiros.
Afinal sempre havia «administração danosa» e só homens de estofo moral, cívico e cultural como o Dr. Cristóvão Ricardo e o Dr. Costa Pinto, podiam, no aceso da fogueira, vir publicamente em socorro da vítima e dos valores civilizacionais do nosso tempo. E, simultaneamente, repudiar os valores das pessoas que se empanturram com o caldo da hipocrisia, da deslealdade, da falsidade, do mexerico e alguns da... intelectualidade.
Abílio/Fevereiro/2016