A OCASIÃO FAZ O LADRÃO
O "Boletim Antropométrico" que hoje publico, respeita a Miguel Pereira Bernardo, natural de Cujó, de 59 anos de idade e um sinal particular: "SEM O OLHO DIREITO" pormenor de grande importância para o historiador que, na isenção que deve assumir no relato dos factos que resultam da sua investigação, proibido está de dizer somente o que lhe agrada e obrigado é a relatar tudo o que encontra e lhe permite a leitura hermenêutica das fontes consultadas e os conteúdos conexos com outros documentos ao seu dispor, ou do seu conhecimento, orais que eles sejam.
TRANSFORMA-SE O HERDADOR NA COUSA HERDADA - VIII (CONTINUADO) (cf. site antigo)
Mas acerca da legitimidade dos colonizadores fazerem guerra, ocuparem e colonizarem os índios da América, Frei Francisco de Vitória, em 1538 ou 1539, levanta a sua voz para dizer coisa bem diferente:
DECISÕES MUNICIPAIS IRREVERSÍVEIS
Não faltará por aí quem pense que as CIÊNCIAS SOCIAIS, entre as quais se encontra a HISTÓRIA, são ciências de escalão inferior, face às ditas (e erradamente classificadas) CIÊNCIAS EXATAS, essas que metem números, somas, multiplicações, divisões e o diabo a sete. Que a HISTÓRIA e outras disciplinas afins estão a perder terreno nos programas educativos, pois em tempo de NOVAS TECNOLOGIAS, de computadores, telemóveis e quejandos de que serve ao estudante enfronhar-se no conhecimento do PASSADO, esse que só a HISTÓRIA pode trazer ao PRESENTE e mostrar ao HOMEM as suas GLÓRIAS e as suas MISÉRIAS, por forma a orgulhar-se de umas e envergonhar-se das outras, desde que esteja disposto a acertar o passo na marcha dos tempos e atingir a performance de pessoa educada e civilizada no seio da comunidade em que vive e que herdou dos seus antepassados?
REQUALIFICAÇÃO URBANA
Um amigo meu facebookiano - o espanhol Juan José Garrido Adan - que, há meia dúzia de meses, conheci ocasionalmente a visitar o Museu Municipal de Castro Daire, fez o seguinte comentário à última foto que postei, em 18 de março de 2012 (vinda agora à superfície das MEMÓRIAS), sobre o Jardim Público de CASTRO DAIRE, em dois tempos: o «passado» e o «presente». Escreveu ele:
SAGRADA FAMÍLIA
Em menino, não sei bem precisar a idade, fui atacado por uma espécie de eczema atrás de uma das orelhas que me incomodada sobremaneira. Um vermelhão com pontos brancos era a parte visível e os seus efeitos uma comichão dos diabos.
O meu pai era entendido em coisas de medicina e não atinava com os pós e as pomadas que, ao tempo, estariam disponíveis nas boticas, certamente. Não acreditando ele em rezas, benzeduras e mezinhas, caseiras, a minha mãe, à socapa, levou-me à tia Rosa Abadinha, especializada nesses saberes tradicionais e à minha tia Leonor (casada com o meu tio João Beioco) que, tanto quanto é da minha lembrança, fez uma cercadura em torno da zona afetada com tinta azul E disse as palavras mágicas do costume, certamente com padre-nossos e ave-marias, pelo meio. Mas o mal não passou e eu continuava com o meu sofrimento. Nem queiram saber o que uma criança sofre quando um mal desse o ataca e logo atrás de uma orelha
LIVRO DE REGISTO DA ENTRADA DE PRESOS NA CADEIA DE CASTRO DAIRE
Uma atitude pedagógica exercida junto das crianças, no meu tempo de menino, era ameaçarem-nos com o MEDO. E o MEDO incluía a vinda inesperada da CÔCA (certamente coisa má, mas abstrata, que nunca vi), o BICHEIRO e o POBRE que cirandavam, vivinhos da silva, de saco a tiracolo de terra em terra e nos levariam dentro dele se o nosso comportamento se afastasse dos «usos e costumes». Somava-se o INFERNO, aquela fogueira medonha de labaredas constantes a devorarem as almas pecadoras e também a CADEIA que nos privava da liberdade.
Lembro-me bem dessa ATITUDE PEDAGÓGICA e procurei não exercê-la com os meus filhos e alunos. E mais! Já na condição de professor, cheguei a advertir certos pais que, passados tantos anos, ainda recorriam a esse tipo de PEDAGOGIA: o medo.
LIVRO DE REGISTO DA ENTRADA DE PRESOS NA CADEIA DE CASTRO DAIRE
Prometi fazer uma grelha que resumisse os dados extraídos do livro da entrada dos presos na Cadeia Civil de Castro Daire, entre os anos de 1929 a 1937.
Conheci-o há muito tempo, no Café Central, no seu local de serviço. Baixinho, bem disposto, sorridente, gordinho, tinha para com o cliente um trato fidalgo, educado e sempre diligente. Corria a servir as mesas a contento de toda a gente e toda a gente, com carinho, o tratava por João Ratinho.
Conheci-o há muito tempo, no Café Central, no seu local de serviço. Baixinho, bem disposto, sorridente, gordinho, tinha para com o cliente um trato fidalgo, educado e sempre diligente. Corria a servir as mesas a contento de toda a gente e toda a gente, com carinho, o tratava por João Ratinho.
LÍNGUA PORTUGUESA
Creio que só interesses inconfessados ou cegueira total se negam as evidências.
LUCY
Neste meu afã de nos tempos livres (que são poucos) percorrer os programas disponíveis na TVCABO, deparei, um dia destes, com um nome no meio de écran: «LUCY», somente «LUCY», no canal «FOX-MOVIES».
Num ápice, tal como um relâmpago a rasgar o céu em noite escura, esse nome transportou-me para algo distante no espaço e no tempo, arquivado na minha memória.
CASTANHEIROS CENTENÁRIOS
É sabido o papel que, na imprensa, nos livros e em vídeo, tenho assumido na defesa do nosso património histórico, cultural, material e imaterial, a par do património NATURAL. Basta ler, ver e ouvir.A foto que ilustra este "post" é de um castanheiro centenário, em fins de vida, um MONUMENTO NATURAL que, a par de mais dois, cujos vídeos alojei no Youtube no ano de 2013, bem podiam ser preservados, por mais alguns anos, se assim o quisessem os nossos autarcas responsáveis pelo PELOURO DA CULTURA, num tempo que tanto se fala do turismo histórico-cultural e pouco se faz para atrair os TURISTAS ao concelho, nomeadamente os amantes de NATUREZA, cada vez em maior número.
BUROCRACIA, 2 (*)
Depois do trabalho, o estudo.
Depois do estudo, o trabalho.
Num só dia eu faço de tudo
Num só dia apanho e malho.
Lutando para ser o que não sou, seguindo a natural tendência que só agora se concretizou, trabalho e estudo ao mesmo tempo. E, contra a vontade dos chefes, misturo artigos, decretos-leis, despachos, expediente de secretaria com sonetos, redondilhas, poesia, batalhas, dinastias de reis, nobreza, clero, escravos, magarefes, literatura, história, filosofia, matemática, química, ciência e grandes correntes do pensamento.
ACORDO ORTOGRÁFICO, 2
Quando me volto para o passado distante e recordo alguns companheiros de viagem nos TRILHOS do saber, do ensinar e do aprender, um nome está sempre presente: DR. FRANCISCO CRISTÓVÃO RICARDO, meu professor que foi de PORTUGUÊS, LATIM e HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA.
Orgulho-me da sua COMPANHIA e, em boa verdade, nos meus 77 anos de idade, posso dizer que tenho tido a preocupação de fazer uso correto dos seus ensinamentos, ainda que, por culpa minha e não dele, nem sempre isso aconteça.
BUROCRACIA, 1
O último programa da RTP1 "SEXTA ÀS 9", de Sandra Felgueiras e outros, mostrando-nos o estado a que chegou o nosso PATRIMÓNIO HISTÓRICO e a culpa disso a MORRER SOLTEIRA, sugeriu-me a repor aqui parte de um texto que escrevi, hã anos, relativo aos TRILHOS que tive de pisar para adquirir a foto do BÁCULO DA ERMIDA DO PAIVA, para ilustrar a CAPA do livro, cujo miolo versava a história do MOSTEIRO DA ERMIDA. Assim:
«FUNÇÃO PÚBLICA
“(...) Hoje, infelizmente, as chefias desmultiplicam-se, aquilo que deveria ser feito por um é, normalmente, repartido por vários (...) Há em Portugal uma cultura de funcionalismo público no pior sentido do termo, ou seja, a função constitui mais uma oportunidade de emprego seguro do que de afirmação de carreira profissional (...)”
Gomes Fernandes, “Função Pública” in JN de 01-06-20
1 - Desde que, em 2010, fiz o DVD com o título "Um testemunho de vida", com 50 minutos de duração, relativo ao médico, Dr. Jorge Ferreira Pinto, que a minha consciência me acusava de algo em falta.
Nesse DVD, com entrevista direta (tanto em imagem como em áudio) classifico o Dr. Jorge como sendo o último JOÃO SEMANA que, acabada a Universidade, nos meados do século XX, se veio fixar em Castro Daire e por cá ficou até hoje.
A ECONOMIA, OS AFECTOS, AS PESSOAS E OS POVOS
Nesta saga que me propus a rodar no asfalto da ESTRADA NACIONAL N. 2, integro hoje a minha última viagem a Lisboa, em carro próprio.
A ECONOMIA, OS AFECTOS, AS PESSOAS E OS POVOS
Já demonstrei sobejamente (com textos e com fotografias) a minha relação afetiva e utilitária com a ESTRADA NACIONAL N. 2 (e suas derivações) desde os 16 anos de idade, até aos 77 (idade que tenho), seja de carro, de mota ou pedibus calcantibus. Às vezes com a FAMÍLIA INTEIRA (mulher e filhos), outras vezes com parte dela e, ultimamente, o mais das vezes, SOZINHO.
A ECONOMIA, OS AFECTOS, AS PESSOAS E OS POVOS
Para este NONO APONTAMENTO sobre a ESTRADA NACIONAL Nº 2 (a futura ROTA TURÍSTICA NACIONAL, ou como lhe queiram chamar) escolhi a minha ida para Viseu, em 1958, com 18 anos de idade. Já aludi à minha ida a Lamego, dois anos antes, na companhia de um burro com umas cangalhas em cima, ESTRADA NACIONAL N. 2, abaixo eacima, buscar 40 litros de TRATOL para alimentar o motor LISTER que fazia girar a moagem do meu pai.
A ECONOMIA, OS AFETOS, AS PESSOAS E OS POVOS
Este é o "oitavo apontamento", melhor diria, o "oitavo andamento" que aqui deixo sobre a «ESTRADA NACIONAL N. 2», aquela (cujo percurso atravessa Portugal de lés a lés, no sentido longitudinal) que tem para mim um profundo significado histórico e humano de tal modo vivenciado que me dispensa de compará-la à mítica Route 66 nos EUA.
A ECONOMIA, OS AFETOS, AS PESSOAS E OS POVOS
Tenho vindo a referir as minhas relações afetivas e utilitárias com esta rodovia que, ao longo de séculos, não só mudou de nome, mas também, aqui ou além, foi sujeita a acrescentos e pequenos desvios nos seus elos de ligação ao seu longo percurso CHAVES-FARO.
Artéria principal a rasgar o país de cabo a rabo, os topógrafos modernos, com toda a parafernália de equipamentos ligados à profissão, nunca se desviaram muito das linhas traçadas pelos romanos que, cosendo a Península Ibérica nas mais diversas direções, deram substância à expressão "todos os caminhos vão dar a Roma" com a qual abri o QUINTO APONTAMENTO.
A ECONOMIA, OS AFETOS, AS PESSOAS E OS POVOS
No último apontamento mostrei a minha relação afetiva com esta via rodoviária que liga Portugal de lés a lés no sentido longitudinal: CHAVES-FARO. Referi os quilómetros que, há anos, rodei sobre ela vencendo a distância que separa Castro Verde/Castro Daire e vice-versa, ao volante da minha carrinha Citroen Dyane. Ilustrei o texto com uma foto tirada num momento de pausa, à sombra de um sobreiro no Alentejo. Eram os meus filhos mais bebés do que são hoje os filhos deles: os meus netos.
Aos setenta e sete anos de idade (bem perto de usar a bengala) recordo muito bem estas duas expressões que os adultos me diziam a mim, e aos meninos da minha idade, para incutir-nos confiança e, sem medo, calcorrearmos os carreiros, caminhos e veredas que rasgavam os montes e as serras onde nós íamos guardar gados. Ali, em plena liberdade, sem os cuidados paternalistas e vigilantes dos nossos pais a fazermos as mais incríveis e arriscadas brincadeiras.
ESTRADA NACIONAL N. 2 (QUARTO APONTAMENTO)
Ontem, dia 04 de novembro, repescando os apontamentos que eu tinha feito nos dias 12 e 27 de outubro sobre a tão falada REQUALIFICAÇÃO da ESTRADA NACIONAL n 2, alojados no meu site "Trilhos Serranos" e nesta página, estava longe de pensar que um dia depois, hoje mesmo, voltaria a falar no assunto, ilustrando o texto com um vídeo que alojei no Youtube em 11-10-2012.
ESTRADA NACIONAL N. 2 (TERCEIRO APONTAMENTO)
No dia 12 p.p., num texto que coloquei nesta minha página, aludi ao debate de RESOLUÇÃO que, nesse mesmo dia, teve lugar na ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA sobre a REQUALIFICAÇÃO DA ESTRADA NACIONAL N.2 que liga CAHVES a FARO.
ESTRADA NACIONAL N. 2
Hoje (dia 12 de outubro) estive na Assembleia da República. Assisti ao debate dos PROJETOS DE RESOLUÇÃO (PSD, CDS-PP, PS) sobre a REQUALIFICAÇÃO DA ESTRADA NACIONAL N. 2, a grande via que atravessa Portugal de norte a sul, de Chaves a Faro.
O EIXO DO BEM
"O EIXO DO MAL", programa semanal da SIC NOTÍCIAS foi hoje "ouvisto" e gravado por mim. Um moderador e quatro sábios da política nacional, melhor dizendo, três sábios e uma sábia, botam ali faladura. Sei o nome te todos, mas não digo. Digo apenas que me identifiquei, em absoluto, com as convicções e argumentos de dois participantes e me criou um certo asco o raciocínio e argumentos dos outros dois. Por serem sobejamente subjectivos.
O QUE SOMOS
Ainda pequenino - quanto tempo já la vai? - agarrado à mão do meu pai, com toda a vida pela frente (que longe estava a velhice! ) era isto que eu ouvia - que chatice, que ameaça feia - na proclamada homilia do cura da minha aldeia, ou na boca do pregador encomendado em dia de sermão e missa cantada, num domingo ou num feriado.
PELA RUA ABAIXO, 2
Junto ao quelho e estrada, a casa de duas irmãs padeiras. Uma ficou para tia solteira e outra foi a mãe do Padre António Silva, que, inteligente, a deixou, depois, às suas criadas.
PELA RUA ABAIXO, 1
Nascido em 10 de Março de 1907, CARLOS EMÍLIO MENDONÇA OLIVA, um dos herdeiros do solar brasonado do cimo de vila, frente à capela de São Sebastião, emigrou para o Brasil com 19 anos de idade. Na década de sessenta do século XX, depois ter visitado pela última vez a terra natal, escreveu um conjunto de QUADRAS nas quais deposita relevante informação histórica sobre CASTRO DAIRE, o seu concelho de origem, poesia sobre a qual tenho vindo a discorrer nestas minhas crónicas. Esta é a nona, uma espécie de decalque do trabalho que me chegou às mãos através do Dr. Jorge Ferreira Pinto, seguro de que eu não deixaria de reflectir sobre as informações escritas e legadas.
MUNDO DO AVESSO
Ele pensava que ao SÉTIMO descansava. Enganou-se. Com a ideia ferrada na cachimónia de que as pessoas no FACEBOOK não apenas se desnudam, mas se põem do AVESSO, entrei consultório dentro e perguntei: já viu uma pessoa do avesso? Eu não, tenho passado a vida profissional a tentar vê-las por dentro, mas do avesso, isso não. Já tenho visto ideias e pensamentos arrevesados, retorcidos, falsos, meadas difíceis de desenrolar, mas pessoas do avesso, isso não. Pois eu esta noite vi o mundo todo do avesso.
BANDA FILARMÓNICA
Em 2005, no meu livro «CASTRO DAIRE, OS NOSSOS BOMBEIROS, A NOSSA MÚSICA» deixei a «HISTÓRIA da BANDA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS» nas suas raízes designada por "ORQUESTRA", «BANDA FILARMÓNICA» e «FILARMÓNICA CASTRENSE». Desse livro são as 4 fotos que ilustram esta crónica, com destaque para a de 1957, a preto e branco, pelas razões que mais adiante se entenderão.
O CRUZEIRO
«Trin...trim...trim...» é o telemóvel que toca. Atendo e tenho do outro lado a voz do Dr. Jorge Ferreira Pinto a comunicar-me que já tem mais "versalhada" do autor anónimo, proveniente dos familiares de Lisboa. Autor a cuja identificação eu cheguei através do verso em que ele se refere à doação do Jardim das Camélias, em Folgosa, por escritura pública. Lembra-se, amigo leitor? É ele CARLOS EMÍDIO DE MENDONÇA OLIVA.
INVESTIGAÇÃO
Tive um professor de liceu, em Lourenço Marques, conhecido entre os alunos pela alcunha "o Carocha". Julgo que na altura desemprenhava as funções de Director ou sub-director do Museu Álvaro de Castro, museu que veio a mudar de nome após a independência para Museu de História Natural de Maputo.
Advinha-lhe a alcunha do facto de ele se dedicar à investigação de tais "bicharocos" e à consequente publicação ilustrada de obras afins. O seu nome próprio, foi engolido pela alcunha e daí a injustiça de me ter esquecido dele, ainda que bem recorde o seu perfil físico e pedagógico.
Pessoa tão sábia, quanto humilde, ele não dava aulas, no sentido geral do termo, isto é, não subia ao estrado e debitava dali para baixo a matéria compendiada e programada. Não. Ele tinha "conversas" connosco e, creio que nessa sua postura informal, estava o encanto que me levou a gostar dos bichos, a mim, homem do campo. Lembro que no rol de fotos tiradas por mim e por mim publicadas no meu espaço do Facebook está uma "vaca loira", com uma cornadura que faz inveja a qualquer ganadeiro, criador de gado bravo.
Ele tinha por hábito não largar o cachimbo. Sempre com ele entre os dentes, só o tirava da boca para ajustar o tabaco na "fornalha", não me lembro se com o dedo polegar, se com os apetrechos que para isso havia e há, apetrechos que também eu usei, enquanto esse vício me perseguiu. Hoje esses apetrechos são peças decorativas da minha biblioteca. Morreu de cancro, morte que foi sentida, penso eu, por todos aqueles que com ele trataram.
E vem isto a propósito daquele insecto que aparece pintado no busto daquela estatueta da República, publicado no meu livro "Implantação da República em Castro Daire-I", em 2010 (a preto e branco) e, recentemente, no meu espaço do Facebook e também no mural do DOUTOR PROFESSOR Amadeu Carvalho Homem.
Fosse ele vivo e, em 2010, quando fotografei aquela estatueta, dadas as interrogações que me pus sobre aquele insecto pespegado no busto da
República, ter-me-ia dirigido a ele, a perguntar-lhe que "carocha" era aquela. Não o podendo fazer e ligando a estatueta a um republicano que integrava a ala "democrática" dos republicanos, em terra onde existiam as outras duas correntes (evolucionista e unionista) fiquei-me com a ideia de que se tratava de uma marca distintiva entre os grupos republicanos. E mais nada.
Mas o problema levantado agora pelo PROFESSOR DOUTOR Carvalho Homem fez-me voltar à questão e acho que este PROFESSOR, não sei se ciente disso ou não, ao publicar uma capa de livro com uma estatueta semelhante, levantou uma boa via de investigação que urge desenvolver.
Cá por mim já fui ver tudo quanto existe na Net sobre bustos da República. E entre tantos, com o tal bichinho ao peito, desenhados e pintados em posições diferentes, só aquela estatueta que faz capa de livro e aquela que eu próprio publiquei.
Quanto a mim, a primeira coisa a averiguar, seria saber que os dois proprietários pertenceram ao mesmo partido. Se ambos viviam em meio rural, pois tratando-se de um insecto, ele estava ali como símbolo e com um significado tal, que os camponeses apreendiam de imediato.
Devo confessar que nestas minhas interrogações não descartei a possibilidade daquela joia, pegada assim, solitária (de momento não me lembro do nome que se dá a uma jóia dessas) no peito da República, não era a forma irónica e cáustica de criticar os adornos peitorais da Rainha D. Amélia. A República tinha de ser popular e um adorno silvestre, um besouro bem conhecido por camponeses, ajudava bastante. E mais ainda, a estatueta que eu fotografei tem o tamanho de uma "boneca" daquelas que então se davam às meninas, pelo que também não descartei a ideia de os republicanos, divulgarem a imagem da República, através de um brinquedo, mesmo que sendo de barro.
E mais ainda. Um dos bustos que fotografei está tal qual saiu da cozedura, dando a impressão que os "barristas" coziam a peças e vendiam-nas assim, virgens, deixando ao proprietário a liberdade de pintar a seu jeito e gosto os elementos decorativos que integravam o molde.
Parece que há mesmo muito que investigar e o PROFESSOR DOUTOR Carvalho Homem, assim a modos que não quer a coisa, abre vias de investigação. PROFESSOR É PROFESSOR! E o FACEBOOK É UMA LIÇÃO.
NOTA: posto no FACEBOOK em 7 de outubro de 2014