Todos nós já vivemos, por certo, momentos faustosos e hilariantes a ouvir fabianos que, depois de um lanche bem comido e bem bebido, com um grãozinho na asa, abrem o livro da vida, real ou imaginária, e narram os seus dotes de macho ibérico, as suas potencialidades de garanhões, aos quais não há fêmea que resista.
Certa vez, um desses fabianos, saiu-se com uma "estória" que arrancou uma estrondosa gargalhada a toda a gente e, por isso mesmo, na esperança de que, por esta via, ela faça rir quem a lê por mim contada, aqui a deixo.
Ele era um desses que tais. As mulheres andavam à sua volta como as borboletas em redor das flores. De longe e de perto. Era funcionário público com obrigação de fiscalizar certos actos administrativos e isso lhe permitia, com guia de marcha à conta do Erário Público, conhecer repartições e gente de todo o país. Arranjava amizades e inimizades. Algumas funcionárias com responsabilidade de chefia, responsáveis pelos serviços, conhecendo-lhe o "calcanhar de aquiles", na mira de ele tapar os olhos a pequenos erros ou atrasos burocráticos, adiantavam-se ...e ele caía que nem um pato.
Combinavam o encontro e , para não levantar suspeitas, procuravam um sítio afastado do local. Um dia, o local de encontra, foi na torre da Serra da Estrela. Chegados lá no dia e hora combinada, logo escolheram um lugar a preceito. Rodaram por estradas, trilhos e veredas, até chegarem a um lameiro rodeado de zimbros fora do alcance de mirones terrestres. Respirava-se o ar puro da serra e os seus corpos eram impregnados dos olores eróticos e exóticos da natureza serrana, semi-selvagem. Por perto só o passaredo a gorjear o hino da liberdade e o caniche que sempre acompanhava a dona para onde quer que ela fosse a rebolar-se, feliz, no lameiro.
Escolhido o sítio e a posição franciscana para o acto, ela de peito virado ao céu, ele ao contrário, calças em baixo, joelhos ficados no chão frente ao altar da sua veneração, no momento da investida, sente-se abraçado por trás. Primeiro foi um susto, depois a surpresa.
- Então não é que o caniche, naquele gesto de cão com cio, me abraçou e dava mostras de me ...(e dizia a palavra adequada, ao momento, acrescentando) levantei-me em três tempos, puxei as calças a cima e perdi a vontade. Um caniche...logo um caniche, se ainda fosse o Serra da Estrela, mas logo aquele "lambe cricas", era o que faltava!
Rimos todos a bom rir. E ainda hoje, passados tantos anos, sempre que tal episódio me vem à memória, dou uma gargalhada. Por isso me dei ao trabalho de recontar aqui, e deste jeito, as gabarolices daquele garanhão.