No cômputo de todas as disciplinas curriculares da EDUCAÇÃO, em Portugal ou em qualquer canto do mundo, qual é a disciplina informativa/formativa que substitui a HISTÓRIA na elucidação do HOMEM na sua caminhada civilizacional, desde o homo habilis, ao homo sapiens até ao homo demens e homo degradandis?
Nós podemos ter excelentes universidades e delas saírem fornadas e fornadas de engenheiros e arquitetos tecnicamente preparados para riscarem prédios, ruas e praças. Podemos ter governantes, ao nível nacional e local, devidamente assessorados por esses engenheiros e arquitetos. Mas se a todos eles faltar a componente formativa da HISTÓRIA, certo é que os projetos saídos dos seus estiradores, da sua régua e esquadro, apesar de tecnicamente irrepreeensíveis, saem periclitante e socialmente coxos e a coxear viverão toda a vida, pois como diz o povo sábio: «o que torto nasce, tarde ou nunca de endireita».
Desde há muito que ando a batalhar pelo conhecimento da HISTÓRIA LOCAL. Batalha que não dispensa a investigação, primeiro, e, depois, a sua divulgação. Tenho-o feito isso na imprensa (onde estão depositados quilómetros de escrita), em livros, no meu site «trilhos-serranos» (velho e novo) e, ultimamente, no Facebook. Tudo no sentido de, através do saber, dar o meu contributo à mudança das mentalidades e comportamentos, por forma a que cada um possa vir a exercer a sua cidadania, de forma mais acertada e esclarecida.
Querem um exemplo? Aí vai. No meu livro «JULGAMENTO» (romance histórico) publicado no ano 2000, referindo-me à CERCA DAS CARRANCAS, em Castro Daire, no diálogo travado entre os dois protagonistas do enredo, um Juiz e um Capelão, escrevi:
«Esta cerca, que iremos visitar de seguida, antes de regressarmos lá abaixo, é da mesma casa. Segundo consta, já pensaram em estender o escadório até cá acima ao Calvário, continuando pela parte de trás da capela. O senhor Dr. Juiz não conhece Lamego nem o escadório que da cidade sobe até á Senhora dos Remédios. Se conhecesse, e espero que venha a c conhecer, veria que era uma coisa semelhante, só que em ponto mais pequeno. As pessoas, crentes ou curiosas, chegariam aqui num ai» (pp 105-106)
Transcrição curta, mas bastante elucidativa. Escrevi e publiquei isto em 2000. O erro do EXECUTIVO MUNICIPAL de inviabilizar um ESCADÓRIO que subisse do JARDIM PÚBLICO até ao CALVÁRIO estava denunciado. Deviam evitar-se outros. E o que se fez na vila de então a esta parte? O que se fez ao Largo do Coreto e ao Largo da Fonte dos Peixes e na Estrada nacional nº 2, com as valetas ao nível dos passeios? Tudo está aí para se ver. É só virar para lá as objetivas das câmaras de fotografar ou de filmar.
Para já deixo aqui o ESCADÓRIO que, sem ser arquiteto, nem pretensões de usurpar funções alheias, acrescentei à fotografia de uma tela, pintada pelo fotógrafo Delfim, natural do Porto, (há muito falecido) que para aqui veio exilado e por cá ficou deixando a sua marca. Não fosse ele e eu, fazendo uso de tecnologia rudimentar de composição, não poderia mostrar AQUI aquilo que DEVERIA SER e NÃO É. Há decisões municipais irreversíveis. E só a HISTÓRIA mostra isso, goste-se ou não.
NOTA: depois deste meu reparo o EXECUTIVO MUNICIPAL, como s vê na INFORMAÇÃO que transcrevi do portal do Município, mudou de opinião. É só ver o dia e as horas da publicação dos textos. Eles bem podem fingir, mas a CRÍTICA FUNDAMENTADA na HISTÓRIA faz mesmo mossa. E o IRREVERSÍVEL torna-se REVERSÍVEL. Ora vejam:
Município de Castro Daire
22/3 às 18:54 ·
Informação
A pedido da Associação “O Castelo”, com Sede no Bairro do Castelo nesta Vila de Castro Daire, o Sr. Presidente da Câmara, no final da tarde de hoje, recebeu três representantes da referida Associação, tendo também convidado os Srs. Vereadores com Pelouro e o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Castro Daire.
Depois de auscultar as opiniões dos intervenientes relativamente ao edifício Conde Ferreira, o Sr. Presidente da Câmara deu a conhecer à Associação o Estudo de Mobilidade Pedonal para o Centro Histórico / Requalificação Urbana que inclui também o Bairro do Castelo.
As representantes da Associação gostaram do que viram e ouviram do Sr. Presidente da Junta de Freguesia, titular do prédio em causa, e também do Sr. Presidente da Câmara tendo ambos referido que aquele edifício não será utilizado como Casa Mortuária ou de Velório, mas como Espaço de Apoio à Comunidade, ficando, assim, a constituir um espaço multifuncional.