Em 2016, quem havia de dizê-lo? recebi a poesia dactilografada de CARLOS EMÍDIO MENDONÇA OLIVA, na qual ele diz, o que eu bem gostaria de ter dito (assim o soubesse, como ele sabia) acerca dos músicos que a compunham. Essa ou outra anterior de que se desconhece fotografia. Como historiador rendo-me ao poeta. Eu cumpri o dever de deixar, em livro, a história de uma instituição que vinha de longe. Ele, conhecendo pessoalmente alguns dos elementos que, ao seu tempo, compunham a banda e os instrumentos que cada um tocava, deixou-nos uma espécie de retrato, à la minuta, de cada um deles, retratos que muito folgo em aqui reproduzir, tanto em homenagem ao autor, como à Banda e aos músicos que ele nomeou. É o que eu costumo designar "história com gente dentre". Oram tenham a paciência de ver e a sensibilidade de ouvir:
A vida castrense seria platónica,
Se não tivesse tido Amadeu Rebelo,
Que deve ainda servir de modelo,
Pois foi a alma e o corpo da Filarmónica!
(...)
Já falei da Filarmónica Castrense,
Vou ver se ainda posso memorizar,
O grupo bom, excelente, singular,
Que a mesma tinha, como pertence.
Começo pelo "Bombo" que tocava o "Rolo"
Tinha o José Rodrigues nos "pratos"
Na "Caixa" o "Choina", de bons tratos
E na "outra" carne assada, nada tolo!
Pertenciam à mesma: Seixas e Maquinista,
Duas pessoas assaz bem imponentes.
Nos "contrabaixos" eram frentes,
Dando à Banda uma excelente vista.
Tinha o bom Custódio na "requinta"
No "saxofone, Mário Jorge, seu mano,
Tocando o instrumento "soprano",
No "saxofone contralto", Abílio, boa pinta.
Havia a turma que tocava "clarinetes"
Em que de todos era, e foi o primeiro,
O tranquilo José Maria, "canequeiro"
Seguido do Júlio, sem cacoetes...
.
Lembro ainda no «cornetim», o Samuel,
Tendo como segundo o Aarão Neto,
Tocavam muito bem e com bom aspeto,
Doces no "solo" como favo de mel.
Jamais no "trombone" houve um herói
Tão consumado na ária do "rigoleto-tosca",
Tocando-as fazia cair até uma mosca,
Era um portento o impagável Eloi.
Magueija, um dia queria fazer compras:
E o velho Ernesto foi perseguido...
Porém, apesar de tudo, não foi vendido,
E continuou como chefe das "trompas".
António Alexandre com o velho "saxofone"
Aspirante de honrosa lisongeira,
Dando alegria ao Dr. Carlos Cerdeira
Que julgava e bem, a Banda no "Cone".
Eram dela tantos músicos geniais,
Que nomeá-los a todos individualmente
É tarefa pesada e bem ingente,
Aqui deixo meus respeitos para os demais.