Mais tarde aprendi que a palavra FONTE não significava apenas aquele sítio onde jorrava a água à superfície da terra, mas também tudo o que, em vez de água, jorrasse, brotasse e botasse informação destinada a matar a sede, a curiosidade, a cultura e/ou a bisbilhotice, satisfazendo a cada um, segundo os seus apetites e ânsias.
Tive um PROFESSOR que, acerca de determinado assunto curricular, aconselhava os seus alunos a lerem todos os ESTUDOS afins publicados, mas sem nunca esquecerem as FONTES, preferindo sempre ESTAS, ÀQUELES.
Ultimamente a palavra FONTE está muito em voga. São as FONTES jornalísticas. Estas, diferentemente das FONTES da minha infância, não são conhecidas por toda a gente, nem toda a gente tem acesso a elas. Neste mundo de eleitos religiosos, juristas, políticos, académicos e outros especialistas, só os ELEITOS jornalistas têm esse privilégio, resultando daí que, não nos podendo nós saciar directamente, outro remédio não temos senão BEBERMOS o que eles resolvem servir-nos. Outro remédio não temos senão satisfazermo-nos com o líquido coado que esses ELEITOS nos servem às pinguinhas e que às pinguinhas lhes é servido a eles, vá lá saber-se como, porquê e com que fins.
E os eleitos são raros, tão raros quanto as FONTES e seus sítios. Mas uma delas existe hoje em Portugal comparável às FONTES da minha infância. Só ela exerce uma atracção telúrica capaz de reunir em seu redor todo o mundo, adulto e acriançado. Situa-se ali para os lados de Évora e não falta IMPRENSA que, com armas e bagagens, tenha ali assentado arraiais sob o popular lema: EU DAQUI NÃO SAIO, EU DAQUI NINGUÉM ME TIRA.
Abílio/janeiro/2015
NOTA: texto publicado na minha página do Facebook em 02/01/2015 e transposto hoje para aqui.