2 - Fi-lo no enquadramento da simpatia que me merecem todos os cidadãos que, naturais da terra ou fora dela, se decidem deixar o BEM BOM alcatifado dos grandes meios urbanos e, dentro da sua especialidade profissional, se fixam nos MEIOS RURAIS, ajudando a manter de pé este pedaço de PORTUGAL PERIFÉRICO.3 - Só pessoas muito desatentas podem ignorar o quanto me tenho batido na imprensa, nos livros, no meu site e na minha página do Facebook pela REGIONALIZAÇÃO e, consequentemente, a DESCENTRALIZAÇÃO, por sinal, ultimamente, muito faladas.4 - É isso. REGIONALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, PERIFERIA. E foi a fazer a PERIFERIA (1981-1982) que o Dr. Sertório Dias conheceu Castro Daire e por cá ficou. Eu, retornado do Alentejo (em 1983-84) com mulher e filhos, acabámos todos por ser integrados na lista que fazia dele o nosso MÉDICO DE FAMÍLIA e assim tem sido até hoje. Dos quatro (mulher e dois filhos) atualmente só eu lhe dou trabalho, por razões que não vêm ao caso.5 - Nessa altura, quando nos conhecemos, fiz com ele um trato. Estou na sua lista, sou seu cliente, mas por mim pode ir de férias. Dispenso os seu serviços. Certo? Só espero ser compensado mais tarde, quando bater à sua porta. Ele, com aquelas falas mansas muito suas, com aquele sorriso e olhar inteligente que se lhe reconhecem, dizia-me sim senhor, assim seria e, de facto assim é. Com efeito, durante muitos anos que eu somente o via quando assiduamente acompanhava a minha mulher, hoje por uma coisa, amanhã por outra. Sempre gentil e prestimoso para com ela e para com os meus filhos.Mas a minha vez chegou. Tensão alta, colesterol fora dos parâmetros, sono a abandonar-me e a querer que passe as noites em claro, ele já sabe, de cor e salteado, as mazelas do doente que lhe deu férias, em tempos idos. Com análises feitas de longe em longe, a coisa não tem corrido mal. Hoje basta um telefonema. Ó Dr. estou a precisar dos seus serviços. Certo. Vá marcar a consulta ao Centro e apareça. Há novidades ou é o costume? É o costume. Certo.Mas houve um dia que não foi o costume. Ele sabe que eu tenho uma certa aversão aos HOSPITAIS, aos CENTROS DE SAÚDE e, de uma maneira geral, à BATA BRANCA e ao ESTETOSCÓPIO. Só nas Últimas é que me dirijo a esses sítios. E um dia apareci-lhe mesmo nas ÚLTIMAS. Estou convencido que, dessa vez, ele me salvou a vida por um triz. Só mais umas horas e uma pneumonia atirava comigo morto para o CREMATÓRIO. Foi essa a minha leitura depois de engolir os antibióticos receitados. E ele, que nada tem de mandão, disse-me peremptório: desta vez venha cá depois de tomar os remédios. Quero vê-lo. Ouviu? Ouvi. E lá fui. Ele tinha toda a razão.Ora eu, que tanto tenho defendido a REGIONALIZAÇÃO E A DESCENTRALIZAÇÃO, não podia calar por mais tempo o contributo que este médico, fazendo a PERIFERIA pós universitária, por cá ficou a olhar pela nossa saúde (minha e de outros) e, desse modo, a fazer com que o desequilíbrio demográfico campo/cidade seja menos acentuado.