1 - O CORTEJO -1950

A recuperação e restauro do prelo que imprimiu os jornais em Castro Daire, em tempos idos (tarefa de que fui incumbido orientar de modo que ele não perdesse a sua identidade)  obrigou-me a vasculhar algum do produto calcado pela sua «platina» e levou-me até ao ano de 1950, mesmo ao meio do século XX. E para quem não se preocupa apenas com a espuma dos dias, dizer mal do que se por aí passa hoje, do Governo e coisas mais, alguns deles a dizerem que antigamente é que era bom, nada melhor do que, mostrar em fotografia, o artigo que ficou escrito nas colunas do jornal «A Voz do Paiva», nº 420 de 7 de Abril de 1951, decalcando o Relatório assinado pela Mesa da Santa Casa da Misericórdia, em 24 de Fevereiro de 1951, relativo a um cortejo que teve lugar no dia 12 de Novembro de 1950.

No meu livro «Cujó, uma terra de riba-Paiva», publicado em 1993, deixei um capítulo sobre o «topónimo» discordando da explicação inserta na «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira», cujo autor remete para o étimo latino «culiolum>cuios>cu(i)jo», termo ligado à plantação de nogueiras, coisa bastante inverosímil na zona, já que, em todo o tempo, o que ali abunda são carvalhos, castanheiros e amieiros, aos quais se juntou, depois, o pinheiro. Em alternativa, propus, julgo que mais acertadamente, o étimo «caseus>queijo>cuijo>cujo» (justificando a proposta), opinião que retomei e desenvolvi mais tarde com respaldo no saber do latinista, Professor Dr. Francisco Cristóvão Ricardo, que se deu ao trabalho de explicar a possível evolução fonética da palavra, na qual aparece de permeio «quijo» antes de «cujo». (cf. site «www.trilhos-serranos.com»)

TORNA-SE O HERDADOR NA COUSA HERDADA

Creio que a glosa que fiz ao poema "Antes que o Sol se levante" de Francisco Rodrigues Lobo, ficará mais enriquecida com o excerto do texto em prosa que publiquei, há largos anos, no meu antigo site "www.trilhos-serranos.com" com o título em epígrafe. A divindade Paiveia (levantada das águas do rio Paiva) falava assim com Lusozé, um rural académico. Assim:

O meu amigo pessoal e virtual no Facebook, Albino Poças, lembrou-se de trazer ao seu mural a questão da TRANSUMÂNCIA ligada à serra do Montemuro. Foi à Internet, fez pesquisa e, por esse meio, procurou dar o seu contributo ao conhecimento do fenómeno que durou séculos e que o tempo, qual cordel onde se estende a história humana, a sua economia, organização política e social, etc, deu por finda na década de 90 do século XX.
Baseando-se em material recolhido naquele «mare magnum» de informação, alude ao fenómeno histórico da deslocação dos gados em todos os tempos e lugares, para se centrar na transumância dos gados da Serra da Estrela para o Montemuro e vice-versa, acompanhados dos seus pastores e dos seus cães.

Tomei conhecimento de que a Junta da «União de Freguesias de Mamouros, Alva, Ribolhos» resolveu comemorar os «500 ANOS DO FORAL DE ALVA» dado por D. Manuel I, em 10 de Fevereiro de 1514.
Eu, que ando metido nestas coisas da HISTÓRIA LOCAL há muitos anos e que, sem qualquer interesse oculto (antes pelo contrário) fui um dos seus apoiantes públicos nas últimas eleições autárquicas, não podia deixar de felicitá-la pelo evento e, à minha maneira, dar-lhe o meu contributo «pro bono»,  isto é, elaborar um texto relacionado com ele, sem onerar num cêntimo os cofres da autarquia. Faço-o e digo-o por dever de cidadania e travar, desde logo, as más-línguas que, no âmbito destas coisas concelhias de interesse comum, só deslizam muito bem nos carris dos interesses pessoais, de família ou de amigos.

TOPÓNIMO

1 - Célio Rolinho Pires, o autor do livro «Na Rota das Pedras» (2011), mostra-nos que aos pés de um par de campas, sitas na zona que ele estudou, (distrito da Guarda) se encontra o nome do deus «ARYS», ou «ARES», dito deus dos Lusitanos

INTRODUÇÃO

Em 2005, aquando de eleição do Papa Bento XVI, os comentadores de serviço dividiam-se entre os que alvitravam que a cadeira de S. Pedro seria ocupada por um cardeal europeu e os que desejavam que fosse um cardeal oriundo do Terceiro Mundo. Na altura escrevi e publiquei uma crónica em que apresentei os meus pontos de vista, crónica donde retiro as seguintes ideias:

PROTECÇÃO AO VINHO CONCELHIO

Agora que os nossos vinhos correm mundo, cada vez mais apreciados pela sua qualidade, agora, que, na América, acabam de receber um galardão em homenagem aos «EXPLORADORES PORTUGUESES», eu cá, no meu cantinho, também vou «explorando» e divulgando o que posso e devo sobre a História Local.
Por isso digo que, decorrendo o ano de 1768, no dia 20 de Julho, os representantes políticos e forças vivas do concelho, assinaram uma «súplica» dirigida a Sua Majestade, que é do seguinte teor:

CASTRO DAIRE

Monumento imponente, de frontispício neoclássico, ele impressiona pelo seu volume. Este templo resultou de várias fases de construção ao longo da história. O frontispício actual, de uma só torre, foi conjecturado, nos princípios do século XIX, para ter duas torres gémeas, mas uma só delas subiu ao céu, assumindo as funções de sineira. Alexandre Alves, no livro «Castro Daire» alude a um desenho datado de 1805, assinado por «Calhs. f.», letras que ele traduz por «Calheiros, fez», acrescentando que «o risco do frontispício foi alterado nalgunes pormenores , notadamente nos vãos laterais do primeiro piso, destinados, na origem, a nichos para imagens, talvez, dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo». As Invasões Francesas, primeiro, e a Revolução Liberal de 1820, depois, associadas seguramente à instabilidade política, social e económica desses tempos, fizeram com que a outra torre ficasse truncada, ao nível do entablamento geral, sempre à espera de um dia subir às alturas da irmã. Nunca subiu, até à data em que escrevo este texto, neste ano de 2013. 

CASTRO DAIRE

Vindo de um jovem arquitecto, de seu nome João Marques, dizendo-se interessado no estudo arquitectónico da Casa Brasonada de Grijó, concelho de Castro Daire, recebi recentemente um mail no qual me alertava  para a discrepância que encontrou na informação histórica por mim publicada no meu velho site «trilhos-serranos» (com remissão para o jornal «Voz do Montemuro», de 1985) e a informação publicada no livro «Castro Daire»(1986), da autoria de Alberto Correia et alii. Assim: 

A COERÊNCIA

Dos vários textos (cinco ao todo) que escrevi e publique, no meu velho site,  há quatro anos, falando da campanha eleitoral e das obras de propaganda política então levadas a cabo, entendi ser oportuno transcrever,  para este meu novo site, neste ano de 2013, outro ano de novas eleições autárquicas, aquele que se segue, muito a propósito da Serra do Montemuro, tal como as Termas do Carvalhal, mais uma vez servir bandeira turística levantada pelos partidos concorrentes às cadeiras do Poder Local. Assim, tal e qual:

A BELEZA DELAS

No tempo em que eu já explorava as «potencialidades» da Internet e não as muitas «banalidades» que se vão vendo por aí, agora, no Facebook, escrevi o texto que se segue no meu site «www-trilhos-serranos.com» (há quantos anos, senhores?) de onde o transcrevo, agora, para este meu novo site, com o mesmo título e ilustração. Assim, tal qual:

«Voando na máquina do tempo, conduzida por Frei Bernardo de Brito, «cronista geral e religioso da Ordem de S. Bernardo, Professo no Real Mosteiro de Alcobaça» aterro com ele no topo da Serra do Montemuro, no ano de 1597. Piloto encartado, habituado a navegar sobre o passado e a imprimir para o futuro as marcas do presente vivido, eis o que ele nos diz:

TERMAS DO CARVALHAL 
UM PROJECTO SEMPRE ADIADO (II)

 E é ainda o cidadão que se assina com as iniciais «J.S.» que em três colunas de «A União» continuam a falar das Termas. Assim:
«A causa primordial do estado primitivo em que as águas se encontram é, segundo dizem, a falta de dinheiro.
Havemos de concordar que esse obstáculo não é de pouca monta, todavia não é, de forma alguma, insuperável.
A questão tem a seu favor o elemento fundamental: a riqueza da água. Riqueza bruta, inexplorada, é verdade mas, em todo o caso, é riqueza e riqueza incalculável.
(…)
O que se tem dado com as Águas do Carvalhal é um pouco, salvo seja, do sintoma do marasmo inepto e de relaxamento criminoso. Porque neste caso não é só o Município, em cujas mãos estão as águas, a perder. É também o público, é também a humanidade que sofre e que exigem do semelhante mais diligência e mais decisão no modo de tratar. Ou explora ou dê a explorar.
Consta-nos que tem havido na mente das vereações que têm passado pela edilidade uma certa relutância a qualquer empresário. O nosso povo persiste ainda dominado por muitos prejuízos, por muitos conceitos antigos na atmosfera dos quais nasceu, cresceu e foi educado. Ora, urge ensinar que as maiores fortunas que existem, os maiores empreendimentos e as melhores casas industriais, comerciais e agrícolas que existem, devem o seu principal influxo ao crédito, à exploração ao negócio especulativo.

TERMAS DO CARVALHAL
UM PROJECTO SEMPRE ADIADO (I)

Do muito que já investiguei sobre as Termas do Carvalhal, cansado de as ter visto, ao longo da história, sempre como bandeira política partidária em tempos de eleições autárquicas, tal como acontece neste ano de 2013, depois de muitos textos publicados e vídeos colocados no Youtube, não resisto a trazer a público o projecto de um cidadão que, interessado naquilo que é nosso, passou as suas ideias a  escrito e deixou para a História (distinta do «foguetório, flauta e pífaro») o seguinte texto, datado de 1912:

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Persistindo na divulgação dos cidadãos empresários que levaram longe, por bons motivos, o nome do concelho de Castro Daire e dos produtos que cá que fabricavam, é hoje a vez do senhor Valentim Monteiro. Para isso, como venho fazendo, socorro-me do meu livro «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura», editado pela Câmara Municipal, em 1995, produto da «investigação aplicada» que fiz no uso da «licença sabática», quando era professor na Escola Preparatória de Castro Daire, direito/regalia que criou engulhos a alguns colegas que jamais se abalançaram a tal empreendimento e que, hoje, a troco de uma «planificação de aula» exigem o grau de «excelência». Aí vai:

«Tendo por logótipo uma «águia a sobrevoar as cinco tetas da serra do Montemuro» existiu em Castro Daire uma fábrica de refrigerantes da qual saia o famoso e acessível pirolito, garrafinha de pescoço apertado, onde se baloiçava berlinde de vidro a servir-lhe de rolha, depois de pressionado pelo dedo.
A iniciativa pertenceu a Valentim Monteiro, nascido em 1907 e falecido em 1983. Natural de Picão, manteve-se na aldeia até aos dezoito anos de idade, ajudando os pais nos serviços da lavoura e da pastorícia. Gabava-se de ter «aprendido a ler e a escrever enquanto guardava as ovelhas».

Nesta minha saga de não deixar no esquecimento as pessoas que, fazendo pela sua vida, como é legítimo, levaram longe o nome do nosso concelho, sempre por boas razões, transcrevo do meu livro «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura», editado em 1995 as palavras que ali deixei sobre o cidadão empresário, senhor Alfredo Ferreira Morgado. Ora veja-se:

Já publiquei,  neste meu espaço, a postura que vigorava da Câmara de Castro Verde, em 1680, sobre o «ROL DOS PARDAIS». Por ela vimos que cada morador da vila e seu termo era obrigado a entregar ao escrivão do município 4 pardais velhos ou 6 novos. Mais tarde eram obrigados a entregar  apenas as cabeças.

Sabido isso, vejam o que, cerca de 200 anos depois, dizia o jornal  «O Bejense» número 59, de 1862, com o título «Variedades» e subtítulo «Os Vereadores e os Pardais»:

Mas o capitão miguelista, Manuel de Freitas Pinto e Sousa, antes de morrer no cerco do Porto a bater-se pelo seu rei, tinha outra batalha pela frente. Em Março de 1831, ufano do posto militar com que ilustra o seu nome - capitão do Batalhão dos Voluntários Realistas de Castro Daire -   passou uma procuração a José Joaquim Correia, de Sanfins, para ser válida «em qualquer juízo ou tribunal deste Reino (...) especialmente no Juízo Ordinário do Concelho de Sanfins (...)  numa causa de Libelo sobre bens de Raiz que juntamente com nossa Mãe e sogra D. Teresa de Sousa e outros de Passos de Souzelo do mesmo concelho vai mover contra Manuel Joaquim Lopes de Sozello e Mulher».

Uma «revisita», como agora se diz, aos ficheiros que preservo, religiosamente, sobre a investigação que levei a cabo em Castro Verde, quando fui professor naquela vila alentejana, avivou-me a memória e, para além da postura dos pardais (4 velhos ou 6 novos) que os moradores da vila e termo, légua a dentro,  eram obrigados a apresentar anualmente. Estávamos no ano de 1680.

Num livro das vereações da Câmara de Castro Verde, relativo ao ano de 1680, encontra-se uma decisão dos edis que ao tempo ocupavam o poder e bem assim o resultado dessa decisão, feita no ROL DOS PARDAIS que ficou registado na contracapa de pergaminho do mesmo livro. Eu transcrevo com todo o sabor da época.

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