Trilhos Serranos

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quinta, 27 novembro 2014 13:39

POLÍTICA E JUSTIÇA (2)

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POLÍTICA E JUSTIÇA (2)

Ontem publiquei no meu mural do Facebook uma Carta datada de 1841, assinada por um, então, Desembargador do Tribunal da Relação do Porto, de seu nome encurtado Bernardo de Lemos, membro de uma nobre família de Castro Daire, onde ele mostrava o seu empenho na eleição de um DEPUTADO seu amigo, por este círculo e nessa eleição envolvia o Administrador dos seus TERES e HAVERES nesta vila, o Abade António Bizarro de Almeida, seu companheiro nas lutas políticas que nessa altura de travavam no país. Da sua leitura e minha experiência de vida inferi que POLÍTICA e JUSTIÇA são duas PUTAS do mesmo BORDEL e não duas SANTINHAS do mesmo PANTEÃO adoradas em altares separados, como INTELIGENTEMENTE nos querem fazer crer os nossos POLÍTICOS e os nossos JURISTAS e COMENTADORES encartados.

 Já antes da publicação dessa carta, eu tinha mostrado o meu desconforto com a PRISÃO do Sócrates e, a serem verdadeiros os crimes de que é acusado, a minha DESILUSÃO por ter acreditado nas suas palavras e nas suas políticas, sobretudo nas da EDUCAÇÃO, INOVAÇÃO E APOSTA NAS NOVAS TECNOLOGIAS. Incrédulo naquilo que se passava, afirmei ter uma "réstia de esperança de que ele viesse a provar ser uma pessoa honesta", já que, sendo o contrário, outro remédio não teria senão reconhecer a minha INGENUIDADE e aceitar que ele é o PINÓQUIO de que o acusaram durante os seus governos, ainda que, ultimamente, tenha visto na pantalha televisiva uma senhora, cujo nome ignoro, que, essa sim, lembra bem tal FIGURA.

     Face a tudo isto e com a declaração de que não sou amigo pessoal de Sócrates, nunca lhe apertei a mão, nem beneficiei de qualquer favor político seu, sinto-me na obrigação de publicar aqui a sua primeira reacção pública, dita em sua DEFESA. Roubei-a num desses jornais que a publicaram. Assim:


"Em 26 de Novembro de 2014

Há cinco dias "fora do mundo", tomo agora consciência de que, como é habitual, as imputações e as "circunstâncias" devidamente selecionadas contra mim pela acusação ocupam os jornais e as televisões. Essas "fugas" de informação são crime. Contra a Justiça, é certo; mas também contra mim.

Não espero que os jornais, a quem elas aproveitam e ocupam, denunciem o crime e o quanto ele põe em causa os ditames da lealdade processual e os princípios do processo justo.

Por isso, será em legítima defesa que irei, conforme for entendendo, desmentir as falsidades lançadas sobre mim e responsabilizar os que as engendraram.

A minha detenção para interrogatório foi um abuso e o espetáculo montado em torno dela uma infâmia; as imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundamentadas; a decisão de me colocar em prisão preventiva é injustificada e constitui uma humilhação gratuita.

Aqui está toda uma lição de vida: aqui está o verdadeiro poder - de prender e de libertar. Mas, em contrapartida, não raro a prepotência atraiçoa o prepotente.

Defender-me-ei com as armas do Estado de Direito - são as únicas em que acredito. Este é um caso da Justiça e é com a Justiça Democrática que será resolvido.

Não tenho dúvidas que este caso tem também contornos políticos e sensibilizam-me as manifestações de solidariedade de tantos camaradas e amigos. Mas quero o que for político à margem deste debate. Este processo é comigo e só comigo. Qualquer envolvimento do Partido Socialista só me prejudicaria, prejudicaria o Partido e prejudicaria a Democracia.
Este processo só agora começou.

Évora, 26 de Novembro de 2014
José Sócrates»

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.