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sábado, 26 outubro 2013 21:50

CASTRO DAIRE ANO DE 1768

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PROTECÇÃO AO VINHO CONCELHIO

Agora que os nossos vinhos correm mundo, cada vez mais apreciados pela sua qualidade, agora, que, na América, acabam de receber um galardão em homenagem aos «EXPLORADORES PORTUGUESES», eu cá, no meu cantinho, também vou «explorando» e divulgando o que posso e devo sobre a História Local.
Por isso digo que, decorrendo o ano de 1768, no dia 20 de Julho, os representantes políticos e forças vivas do concelho, assinaram uma «súplica» dirigida a Sua Majestade, que é do seguinte teor:


«Diz a Câmara, Nobreza e Povo da vila de Castro Daire, comarca de Lamego que, cultivando eles as vinhas que têm no termos daquela vila com bastantes despesas, não vêm a conseguir utilidade delas pela falta de consumo do vinho, por transportarem muitos vendeiros o mesmo género para a dita vila, levando-o da comarca de Viseu em que por ele não ser de vinhas, mas sim de «embarrados» algumas vezes o acomodam mais, procurando fazer sempre que os vinhos que transportam tenham mais fácil consumo. E porque o transporte causa a todos os moradores da dita vila o incómodo de não poderem, com tanta facilidade, vender o seu vinho que recolhem, com grandes despesas por ser de vinhas, as quais também estão expostas a entrarem-lhe gentes e gados por ser a dita vila terra de bastante passagem, principalmente nas feiras que todos os meses se fazem nela, ficando deste modo prejudicados por todos os princípios e não terem outro consumo senão naquela terra exagero o preço porque se vende … na mesma comarca.

Pedem a V. Majestade que em atenção ao requerido seja servido mandar que, enquanto houver na dita vila vinho lavrado no seu termo, se não possa vender outro que venha de fora dele, pena de que pessoa que o transportar e vender pague por cada vez que for compreendida vinte mil reis para despesas do concelho». 

Assinaram 46 pessoas, sendo 13 clérigos. Os membros da Câmara que tal «súplica» eram os dois juízes Manuel da Costa Pinto, Francisco Lourenço; o procurador, Domingos Ribeiro e os vereadores, Manuel Lourenço e Joseph J. Pinto. 

Mas os oficiais da Câmara, ou seja, as Justiças do Concelho, não quiseram estar sozinhos na «súplica» e fizeram-se acompanhar não só a gente grada do Clero e da Nobreza, mas também do Povo, o que se descortina não só pelo começo da redacção, mas também pela «métrica» dos nomes. A folha foi assinada de forma caótica, mas eu procurei organizar os nomes de forma decrescente, sabendo que, quanto mais comprido é o nome, maior é a importância social do seu possuidor. Assim: 1-2-Vinho-1768

 Fernando de Almeida Novais de Resende

Bernardo Manuel do Sobral de Abranches

Francisco Teixeira Machado e Miranda

Bernardo Sousa de Azevedo Bravo

António Pinto da Mota Borges

Bernardo Teixeira Pimentel

Manuel Monteiro de Paula

António Pinto de Almeida

Manuel Ferreira Machado,

José Teixeira Pimentel

João Baptista de Sousa

José Teixeira de Lemos,

Francisco José da Costa,

Francisco José da Costa, 

 José Félix Madeira,

Padre Encomendado Bernardo José de Lacerda 

Beneficiado José do Sul Soares

Padre Francisco Manuel Lajes,

Padre Manuel de Almeida Pimenta,

Padre António de Almeida Simões

Padre Jerónimo Almeida Costa

Padre luís Francisco Machado

Padre luís Machado Amaral

Padre José da Costa Pinto 

Padre Manuel Lajes 

 A par destes que colocaram, três ou nomes e apelidos, outros mais modestos também ali marcaram presença. Foram eles: 

António Pinto, 
Manuel Figueiredo, 
Joaquim Ribeiro, 
Francisco Cardoso, 
João Cardoso, 
José Cardoso, 
José Ribeiro, 
Manuel João, 
Manuel da Rocha, 
Manuel Machado (o de letra mais primária),
Manuel da Silva, 
Manuel Cardoso, 
Manuel Lourenço, 
Manuel Monteiro. 

Ora veja agora a forma, segura ou tremida, como cada um pegou na pena para fazer chegar junto de Sua Majestade, a «súplica» e a sua identidade de vassalos, de modo a que os «vinhos produzidos no concelho» fossem protegidos contra os que vinham de fora.

NOTA: Do meu livro inédito «Castro Daire, Clero, Nobreza e Povo»

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.