Trilhos Serranos

TETE - CAFÉ DOMINÓ

Aquilino Ribeiro escreveu algures que o “escritor” (porque escreve muito) pode correr o risco de se plagiar a si mesmo. É o que estou a fazer relativamente a mim próprio, já que o texto que se segue foi publicado em 2015, no mural do Facebook: “PICADAS DE TETE”. É de lá que o transcrevo para este meu site, com ligeiras alterações, já que, não o tendo feito então, considero que ele tem aqui cabimento.

A SINA

Sazonalmente eles apareciam em Cujó com as suas traquitanas, carroças, cavalos, burros, cães e mercancias. Assentavam, obrigatoriamente, arraiais sob a copa do centenário e frondoso castanheiro que existia no PASSAL, um terreno sito no Pardeirinho, entre o cemitério da aldeia e a eira lajeada, onde, todos os anos, se faziam e desfaziam medas de centeio malhadas à força de homem e jeito de mangual, primeiro, e, depois, sendo eu ainda jovem, de uma malhadeira, aquele engenho mecânico de boca aberta e cilindro horizontal movido a motor através de correias. A primeira a chegar foi a do “tio” Tibério Teixeira. (Sobre a eira, cf. o meu vídeo alojado no Youtube com o título “Cujó, As Eiras”)

(REGISTO DO DIA)

É caso sabido. Se em tempos idos eram mais do que muitos os mendigos, actualmente há consciência pública da subsídiodependência e, se não me  baralho,  ser mais que muita a gente que se apega ao rendimento mínimo, mandando à fava o trabalho.

O HOMEM E O MEIO

Em 17 de novembro, p.p., fazendo uso o meu mural do Facebook (O FACEBOOK É UMA LIÇÃO) publiquei a cópia digitalizada do REGISTO DE ENTRADA na cadeia comarcã de Castro Daire de um jovem de 18 anos de idade, agricultor, natural dos Braços de Cá, “filho natural de Eufémia Ferreira” (v.g. “filho ilegítimo”) e, subsequentemente, lancei o DESAFIO aos meus amigos facebookeanos para, baseados nos dados lançados nesse registo, atentos aos “averbamentos” de repetidas “entradas” e correspondentes “saídas” deixados na margem direita da folha, darem continuidade a uma narrativa a que eu próprio dei início, assim:

ENCRUZILHADAS DA VIDA


Passeando-me, há anos, por todo o concelho de Castro Daire em trabalho de investigação, isso me permitiu falar com muita gente e ampliar os meus conhecimentos sobre a nossa terra e as nossas gentes. Conheci e falei com pessoas de diferentes níveis etários e de escolaridade. Algumas dessas pessoas dispensavam-me a “apresentação”. Quando eu me dispunha a fazê-lo antecipavam-se e diziam-me: “eu conheço-o do jornal e leio o que lá escreve”. Outros, para surpresa minha, não faziam a mínima ideia deste “bicho-careta”. Não liam o jornal nem lidavam com as História e com as Letras e edições locais.