Trilhos Serranos

TRILHOS DA VIDA

Assim, bordado

Para mim

Num palmo de linho

Fino

Um lenço de namorado

Encerra o carinho

O afeto e o sentimento

Que o destino

Desviou do casamento.

LUCY

Neste meu afã de nos tempos livres (que são poucos) percorrer os programas disponíveis na TVCABO, deparei, um dia destes, com um nome no meio de écran: «LUCY», somente «LUCY», no canal «FOX-MOVIES».

Num ápice, tal  como um relâmpago a rasgar o céu em noite escura,  esse nome transportou-me para algo distante no espaço e no tempo, arquivado na minha memória. 

HISTÓRIA VIVA

Quem tem acompanhado estas minhas reflexões e transcrições de  textos sobre os REGIMENTOS MILITARES (chegamos ao número NOVE, o número do meu alistamento como soldado) já percebeu que a organização das TROPAS no tempo de D. Sebastião e D. João IV sobre o  RECRUTAMENTO à força ou voluntário por este Portugal fora se foi alterando e adequando aos tempos. Não podia ser diferente no tempo do Príncipe D. João (futuro d. João v) que assumira a REGÊNCIA DO REINO, quando a sua mãe, a Rainha D. Maria I, enlouqueceu em 1792.

Já vimos, a propósito dos jovens de Cujó, (um aprendiz de ferreiro e outro pastor) que conseguiram escapar às mãos dos imprevistos recrutadores e, consequentemente, furtarem-se às  «vexações e violências que em casos de recrutamento violento se tem algumas vezes praticado», como reza o ALVARÁ, com força de Lei, assinado em 1797, diploma que empresta autenticidade aos dois episódios mantidos na MEMÓRIA ORAL.

HISTÓRIA VIVA

Decorria o ano de 1645. D. João IV estava sentado no trono, a cinco anos da RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA. Havia que proceder à organização militar e reforçar a defesa nas fronteiras. 

Não vou falar das fortalezas que se construíram no seu reinado, mas omitir nesta série de crónicas que me dispus a escrever sobre a forma como se procedia ao recrutamento para a tropa, tomando por exemplo aqueles os dois mancebos que, em CUJÓ se não deixaram arrebanhar pelos recrutadores aparecidos de imprevisto, era um lapso meu de lesa coerência na linha do conhecimento e esclarecimento que resultam da investigação e das leituras afins à temática visada. Assim, aqui deixo:

HISTÓRIA VIVA

Retornamos aos Regimentos de D. Sebastião para melhor entendermos o avanço  introduzido posteriormente na organização militar e alertar para a importância do PODER LOCAL, quase sempre designado pela expressão OFICIAIS DA CÂMARA ou somente OFICIAIS, sendo, afinal, o que hoje chamamos o EXECUTIVO MUNICIPAL, também designado em alguns documentos por JUSTIÇAS DA TERRA. Num trabalho de investigação que levei a cabo em Castro Verde, que resultou no livro «História de uma Confraria, 1677-1855»  editado pela Câmara Municipal daquele concelho, em 1989, era essa a designação mais frequente atribuída ao Executivo Municipal e à sua nomeação pelo Rei, no qual o presidente assumia a função de Juiz. Para ilustração transcrevo o excerto seguinte: