Trilhos Serranos

HISTÓRIA VIVA -7

Se vai a caminho da igreja

Na Rua de S. Benedito

Antes de chegar ao fim

Olhe  e veja

O que ninguém viu

Nem foi dito

Antes de mim:

No muro da brasonada

Casa Aguilar

(É só olhar!)

Aparece a amuralhada

Sombra do crasto

Que em Castro  existiu

E, sem deixar rasto,

O tempo engoliu.

SAGRADA FAMÍLIA 

Em menino, não sei bem precisar a idade, fui atacado por uma espécie de eczema atrás de uma das orelhas que me incomodada sobremaneira. Um vermelhão com pontos brancos era a parte visível e os seus efeitos uma comichão dos diabos.

O meu pai era entendido em coisas de medicina e não atinava com os pós e as pomadas que, ao tempo, estariam disponíveis nas boticas, certamente. Não acreditando ele em rezas, benzeduras e mezinhas, caseiras, a minha mãe, à socapa, levou-me à tia Rosa Abadinha, especializada nesses saberes tradicionais e à minha tia Leonor (casada com o meu tio João Beioco) que, tanto quanto é da minha lembrança, fez uma cercadura em torno da zona afetada com tinta azul E disse as palavras mágicas do costume, certamente com padre-nossos e ave-marias, pelo meio. Mas o mal não passou e eu continuava com o meu sofrimento. Nem queiram saber o que uma criança sofre quando um mal desse o ataca e logo atrás de uma orelha

ESCOLA PRIMÁRIA «CONDE FERREIRA-1866» VIRA SALA DE VELÓRIO

Em 04 de dezembro de 2015 publiquei no meu site «www.trilhos-serranos.pt  (onde ainda se encontra alojada, é só investigar na página) uma crónica devidamente ilustrada sobre a PRIMEIRA ESCOLA PRIMÁRIA oficial que existiu em Castro Daire: a «ESCOLA CONDE FERREIRA, 1866», sita no Bairro do Castelo.

Mão amiga sabedora da minha postura pública perante a defesa e preservação do nosso património histórico material e imaterial, natural ou edificado, fez-me chegar o «PrtScn» de um texto retirado da Internet onde o meu nome é referido, numa espécie de apelo à minha intervenção sobre as obras que estão a realizar-se exatamente na ESCOLA CONDE FERREIRA, com vista a transformá-la numa «SALA DE VELÓRIO».

LIVRO DE REGISTO DA ENTRADA DE PRESOS  NA CADEIA DE CASTRO DAIRE

Uma atitude pedagógica exercida junto das crianças, no meu tempo de menino, era ameaçarem-nos com o MEDO. E o MEDO incluía a vinda inesperada da CÔCA (certamente coisa má, mas abstrata, que nunca vi), o BICHEIRO e o POBRE que cirandavam, vivinhos da silva,  de saco a tiracolo de terra em terra e nos levariam dentro dele se o nosso comportamento se afastasse dos «usos e costumes». Somava-se o INFERNO, aquela fogueira medonha de labaredas constantes a devorarem as almas pecadoras e também a CADEIA que nos privava da liberdade.

Lembro-me bem dessa ATITUDE PEDAGÓGICA e procurei não exercê-la com os meus filhos e alunos.  E mais! Já na condição de professor, cheguei a advertir certos pais que, passados tantos anos, ainda recorriam a esse tipo de PEDAGOGIA: o medo.

LIVRO DE REGISTO DA ENTRADA DE PRESOS  NA CADEIA DE CASTRO DAIRE

Prometi fazer uma grelha que resumisse os dados extraídos do livro da entrada dos presos na Cadeia Civil de Castro Daire, entre os anos de 1929 a 1937.