Trilhos Serranos

HISTÓRIA VIVA

Decorria o ano de 1645. D. João IV estava sentado no trono, a cinco anos da RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA. Havia que proceder à organização militar e reforçar a defesa nas fronteiras. 

Não vou falar das fortalezas que se construíram no seu reinado, mas omitir nesta série de crónicas que me dispus a escrever sobre a forma como se procedia ao recrutamento para a tropa, tomando por exemplo aqueles os dois mancebos que, em CUJÓ se não deixaram arrebanhar pelos recrutadores aparecidos de imprevisto, era um lapso meu de lesa coerência na linha do conhecimento e esclarecimento que resultam da investigação e das leituras afins à temática visada. Assim, aqui deixo:

HISTÓRIA VIVA

Retornamos aos Regimentos de D. Sebastião para melhor entendermos o avanço  introduzido posteriormente na organização militar e alertar para a importância do PODER LOCAL, quase sempre designado pela expressão OFICIAIS DA CÂMARA ou somente OFICIAIS, sendo, afinal, o que hoje chamamos o EXECUTIVO MUNICIPAL, também designado em alguns documentos por JUSTIÇAS DA TERRA. Num trabalho de investigação que levei a cabo em Castro Verde, que resultou no livro «História de uma Confraria, 1677-1855»  editado pela Câmara Municipal daquele concelho, em 1989, era essa a designação mais frequente atribuída ao Executivo Municipal e à sua nomeação pelo Rei, no qual o presidente assumia a função de Juiz. Para ilustração transcrevo o excerto seguinte:

ARREDORES DE LAMELAS, CASTRO DAIRE

Se recuarmos no tempo e tivermos em conta todos ingredientes históricos encontrados em manuscritos e textos impressos, poderemos até elaborar uma "estória" de fantasia para encanto de meninos e gente adulta crédula nas mais infantis patranhas. Digamos que, a partir de material histórico, temos pano sobejo para uma narrativa ao gosto popular e de encanto para criancinhas que, ávidas de aventuras fantasiosas e lendárias,  ficam, de boca aberta, encantadas com tudo o que lhes contam os adultos, quando os querem entreter e nelas despertar a criatividade, a imaginação e o gosto pelas narrativas que metam ação, heróis vitoriosos e vencidos. Bons e maus. É o que vou fazer a partir de agora, tal como fazia com os meus filhos pequeninos para eles adormecerem inventando "estórias" sem fim e só com eles a dormir o sono dos anjinhos,  eu poder prosseguir os meus trabalhos profissionais (corrigir os testes dos alunos) que dispensavam tais estorietas e exigiam o rigor pedagógico e científico na avaliação. Então era assim, escrito em itálico, não vá alguém tomar por verdadeira a "estória" cerzida assim com alguns fios e liços de história autêntica:

HISTÓRIA VIVA

 

Nos TRILHOS SERRANOS que tenho percorrido em busca de conhecimento, durante anos, dias e meses, visando,  encontrar e divulgar saberes, odores e sabores camponeses, não raro tenho encontrado no terreno versões do mesmo assunto com ligeiras alterações nas narrativas. Por método, ouço, registo e não digo o que já sei sobre a matéria que investigo, por forma a não influenciar o informante. E esse procedimento conduz-me, por regra, a várias versões, permitindo-me, seguidamente, o cotejo delas e, desse modo, chegar ao que julgo ser o «essencial» de uma narrativa sobre algo que efetivamente aconteceu no passado e que permaneceu na literatura oral, durante séculos.

A CAPUCHA

Quem vai ali
Agasalhada assim
Naquele manto de burel?