Namoravam havia alguns anos, tal como todos os outros jovens da sua idade, nados e criados na serra. Quantos namoros desses nasciam na escola primária com a troca de papelinhos ou com as brincadeiras fortuitas que tinham lugar nos montes da redondeza, quando, crianças ainda, por ali guardavam os gados? Em ambiente serrano e livre, possuidores de uma imaginação tão libertina e colorida quão era a diversidade das flores e das borboletas ziguezagueando de planta em planta, a atracção pelo sexo oposto era, para os jovens serranos de qualquer idade, a coisa mais natural deste mundo.Os pais não lhes falavam nisso, nem precisavam de falar. A mãe natureza era a sua mestra, por excelência. Bastava olhar em redor. Os animais que conduziam aos montes e traziam de retorno às lojas, dando vazão ao seu instinto natural da reprodução, iniciavam-nos na sua sexualidade. Diziam-lhes como se fazia. Eles bem viam o carneiro e o bode a cortejarem as fêmeas, a cheirarem-lhes o sexo, a levantarem as ventas ao vento, a arrebitarem a beiça, a espirrarem, a baterem-lhes com as patas dianteiras na barriga, «mrum...mrum...mrum...» e, não tardava nada, apoiados nas patas traseiras, aí vai disto. E era uma vez uma cabrinha virgem que berrava de dor ou de prazer e/ou uma cabra feita que já tinha posto na feira um fato de filhas e filhos e sabia bem do que se tratava.
Enclausurou-se na sua própria moradia, ainda jovem. Foi no Alentejo, na aldeia de Entradas, sita a 10 quilómetros de Castro Verde. Mocidade vivida, família abastada, «clic», de um dia para o outro, muito novo ainda, fechou-se em casa e dali não mais saiu, senão no caixão, em idade avançada. Sempre sentado à janela num cadeirão de almofadas gastas e renovadas, lia todos os dias e jornal e a telefonia, sempre ao seu lado, levava-lhe as notícias fresquinhas noite e dia. Homem do princípio de século XX, chamava-se Manuel Mestre Brito e era tio da minha mulher. Rondaria os 70/75 anos de idade quando o conheci.
Visitei-o algumas vezes. Era um conversador nato, que dava gosto ouvi-lo, pois estando fisicamente fora do mundo, dava mostras cabais de estar dentro dele, todo vivido, visto e ouvido dali, da sua janela, afora a experiência vivida fora, antes de lhe dar aquela «maluqueira», como diziam alguns.
TEMPOS QUE CORREM
ABRIL
Liberdade, igualdade, fraternidade
Bandeira de esperança de muitas cores
Qu'é dela?
Que foi feito dessa primavera
Desse jardim de mil aromas, mil flores
Que murcharam, mirraram, morreram
Em quarenta anos apenas?
Onde estão as minhas Tróias, as minhas Helenas?
PARA UMA MELHOR JUSTIÇA (20)
11 – CUSTAS:
PAGAMENTOS |
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AUTORES |
RÉUS |
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ENTRADA PARA CUSTAS |
REEMBOLSO DAS CUSTAS |
HONORÁRIOS DO ADVOGADO |
APOIO JUDICIÁRIO |
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€ 869.40 |
€ 703.80 (a) |
€ 1.535,00 (b) |
€ 734.40 (c) |
PARA UMA MELHOR JUSTIÇA (19)
Recorrer ou não recorrer da decisão, eis a questão.
Ora, não estando eu preparado para esmiuçar o sentido técnico das leis, seja na sua letra, seja no seu espírito, nem por isso me escapam as contradições e dúvidas contidas num qualquer texto escrito, seja ele de ordem jurídica ou de outra ordem qualquer. E vistas as contradições e dúvidas patentes na sentença, não segui o parecer do meu mandatário, não apresentei qualquer RECURSO, assumindo as consequências da minha opção.