Trilhos Serranos

TERMAS DO CARVALHAL 
UM PROJECTO SEMPRE ADIADO (II)

 E é ainda o cidadão que se assina com as iniciais «J.S.» que em três colunas de «A União» continuam a falar das Termas. Assim:
«A causa primordial do estado primitivo em que as águas se encontram é, segundo dizem, a falta de dinheiro.
Havemos de concordar que esse obstáculo não é de pouca monta, todavia não é, de forma alguma, insuperável.
A questão tem a seu favor o elemento fundamental: a riqueza da água. Riqueza bruta, inexplorada, é verdade mas, em todo o caso, é riqueza e riqueza incalculável.
(…)
O que se tem dado com as Águas do Carvalhal é um pouco, salvo seja, do sintoma do marasmo inepto e de relaxamento criminoso. Porque neste caso não é só o Município, em cujas mãos estão as águas, a perder. É também o público, é também a humanidade que sofre e que exigem do semelhante mais diligência e mais decisão no modo de tratar. Ou explora ou dê a explorar.
Consta-nos que tem havido na mente das vereações que têm passado pela edilidade uma certa relutância a qualquer empresário. O nosso povo persiste ainda dominado por muitos prejuízos, por muitos conceitos antigos na atmosfera dos quais nasceu, cresceu e foi educado. Ora, urge ensinar que as maiores fortunas que existem, os maiores empreendimentos e as melhores casas industriais, comerciais e agrícolas que existem, devem o seu principal influxo ao crédito, à exploração ao negócio especulativo.

TERMAS DO CARVALHAL
UM PROJECTO SEMPRE ADIADO (I)

Do muito que já investiguei sobre as Termas do Carvalhal, cansado de as ter visto, ao longo da história, sempre como bandeira política partidária em tempos de eleições autárquicas, tal como acontece neste ano de 2013, depois de muitos textos publicados e vídeos colocados no Youtube, não resisto a trazer a público o projecto de um cidadão que, interessado naquilo que é nosso, passou as suas ideias a  escrito e deixou para a História (distinta do «foguetório, flauta e pífaro») o seguinte texto, datado de 1912:

1 - Numa altura de eleições autárquicas (neste ano de 2013), após o primeiro debate feito na Rádio Limite pelos candidatos do CDS-PP (Carlos Rodrigues) e do PSD (Luís Alberto da Costa Pinto), explanado que foi o seu conceito de CULTURA, circunscrito aos Grupo de Teatro do Montemuro, ranchos folclóricos e bandas filarmónicas, injusto seria eu para com o antigo presidente da Câmara João Matias e presidente da Assembleia Municipal, Dr. João Duarte de Oliveira, não trazer à colação as palavras por eles proferidas, em 1995, na sessão de lançamento do meu livro «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura». Faço-o tão-somente para produzir um documento histórico, já que a história não se faz sem documentos e eles nos revelam o que pensam os homens e os conceitos pelos quais guiam os seus procedimentos, pessoais e políticos. 

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Persistindo na divulgação dos cidadãos empresários que levaram longe, por bons motivos, o nome do concelho de Castro Daire e dos produtos que cá que fabricavam, é hoje a vez do senhor Valentim Monteiro. Para isso, como venho fazendo, socorro-me do meu livro «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura», editado pela Câmara Municipal, em 1995, produto da «investigação aplicada» que fiz no uso da «licença sabática», quando era professor na Escola Preparatória de Castro Daire, direito/regalia que criou engulhos a alguns colegas que jamais se abalançaram a tal empreendimento e que, hoje, a troco de uma «planificação de aula» exigem o grau de «excelência». Aí vai:

«Tendo por logótipo uma «águia a sobrevoar as cinco tetas da serra do Montemuro» existiu em Castro Daire uma fábrica de refrigerantes da qual saia o famoso e acessível pirolito, garrafinha de pescoço apertado, onde se baloiçava berlinde de vidro a servir-lhe de rolha, depois de pressionado pelo dedo.
A iniciativa pertenceu a Valentim Monteiro, nascido em 1907 e falecido em 1983. Natural de Picão, manteve-se na aldeia até aos dezoito anos de idade, ajudando os pais nos serviços da lavoura e da pastorícia. Gabava-se de ter «aprendido a ler e a escrever enquanto guardava as ovelhas».

Nesta minha saga de não deixar no esquecimento as pessoas que, fazendo pela sua vida, como é legítimo, levaram longe o nome do nosso concelho, sempre por boas razões, transcrevo do meu livro «Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura», editado em 1995 as palavras que ali deixei sobre o cidadão empresário, senhor Alfredo Ferreira Morgado. Ora veja-se: