Lá, nos confins do globo, algures nos trópicos ou polos opostos, onde vive uma tribo que ignora o mundo e o mundo a ela ignora (se tal é possível nos tempos de agora) lá, onde espreita o urso, o leão, o lobo e outros animais da selva, pode estar, nesta hora, a ter lugar o ritual da morte ligado a um membro dela que, por qualquer sorte e de qualquer idade, deixou de falar, cantar, dançar e passou a viajar no espaço que se convencionou chamar "eternidade".
Estou em Tete. Estaciono a mota (a minha Honda) na rua principal, dita Avenida, e de costas viradas para a rede que prende as colegiais no recreio, entre as quais uma delas me prende sem rede (passados tantos anos não há razões para que esconda esse anseio), costas viradas, dizia, vou matar a sede, lá arriba, naquele bar sobranceiro. Não há contacto, não há proximidade de meninas do Colégio com rapazes do mundo. Isso só quando, às vezes, em passeio pela cidade, em duas filas com as demais colegiais, vestidinhas de cima a baixo, meia branca a sair do sapato, por freiras acompanhadas, coisa pouca, os nossos olhos diziam o que nunca dizia a boca.