A par do chó, aquela armadilha primitiva muito engenhosa para apanhar perdizes, toda ela feita com materiais que o aldeão tinha ao alcance do seu braço, o caçador furtivo também fazia uso dos "ferros", uma espécie de ratoeira para caçar coelhos e até outros quadrúpedes de maior parte, nomeadamente raposas, gatos bravos texugos e demais fauna noturna bravia.
Saber armar uma ratoeira dessas resultava de uma aprendizagem que se recebia e transmitia de geração em geração. Para qualquer serrano era tão natural saber desempenhar essas artes, como natural era tapar uma narina com o polegar e atirar para longe o monco que lhe obstruía a irmã gémea, vias respiratórias desentupidas sem recurso aos vaporizadores hodiernos, que, aliás, nem sequer existiam nas boticas da época.
CIOSO COMBATE
Um dia, a criada de um clérigo, que tinha por sua conta e risco rapar-lhe a coroa do tamanho de uma hóstia, prestes a arrumar a tesoura, eis que, num rompante, emergindo da densa floresta cabeluda, entraram na clareira três animais minúsculos, por si desde logo identificados. Dois deles brigando.
A IMPORTÂNCIA DA URINA
A maioria dos cidadãos, senão quase todos, que hoje metem a mão no bolso, puxam do telemóvel, dedilham uns tantos números e se põem a falar com um amigo(a), ali mesmo ao lado ou a quilómetros de distância, não fazem a mínima ideia da dificuldade que era duas pessoas porem-se a falar ao telefone, há meio século atrás, em zonas afastadas dos grandes ou médios aglomerados urbanos.
O FURÃO
Nos meus tempos de juventude, uma das armas usadas na caça ao coelho era o furão, aquele mamífero carnívoro da família dos mustelídeos. Para caçar com esse animal esguio, pelo aveludado, olhos cintilantes que tudo captavam em redor movidos por uma curiosidade sem limites, era preciso ter licença.