Haverá, seguramente, outras versões, mas esta é aquele de que me lembro desde menino, contada em Cujó, freguesia de Castro Daire. Nesta lengalenga, para lá de um bom exercício de memória que era fixar e unir sequencialmente os elementos que lhe dão corpo, desde o início com a FORMIGA, esse ser minúsculo e laborioso, até chegar a DEUS, todo poderoso, criando o homem (donde ressalta claramente um objectivo catequético cristão) destaco dois termos do léxico local, de uso frequente: a palavra "lume" em vez de "fogo" e a palavra "aqueibar" o vento, referido à parede, no sentido de ela o "reter", termo usado com o mesmo sentido nas expressões: "aqueibar o gado", "aqueibar as vacas", que o mesmo era dizer "retê-las", "pará-las", "sustê-las", não as deixar "ir adiante", não as deixar "prosseguir".
Namoravam havia alguns anos, tal como todos os outros jovens da sua idade, nados e criados na serra. Quantos namoros desses nasciam na escola primária com a troca de papelinhos ou com as brincadeiras fortuitas que tinham lugar nos montes da redondeza, quando, crianças ainda, por ali guardavam os gados? Em ambiente serrano e livre, possuidores de uma imaginação tão libertina e colorida quão era a diversidade das flores e das borboletas ziguezagueando de planta em planta, a atracção pelo sexo oposto era, para os jovens serranos de qualquer idade, a coisa mais natural deste mundo.Os pais não lhes falavam nisso, nem precisavam de falar. A mãe natureza era a sua mestra, por excelência. Bastava olhar em redor. Os animais que conduziam aos montes e traziam de retorno às lojas, dando vazão ao seu instinto natural da reprodução, iniciavam-nos na sua sexualidade. Diziam-lhes como se fazia. Eles bem viam o carneiro e o bode a cortejarem as fêmeas, a cheirarem-lhes o sexo, a levantarem as ventas ao vento, a arrebitarem a beiça, a espirrarem, a baterem-lhes com as patas dianteiras na barriga, «mrum...mrum...mrum...» e, não tardava nada, apoiados nas patas traseiras, aí vai disto. E era uma vez uma cabrinha virgem que berrava de dor ou de prazer e/ou uma cabra feita que já tinha posto na feira um fato de filhas e filhos e sabia bem do que se tratava.
Visitei-o algumas vezes. Era um conversador nato, que dava gosto ouvi-lo, pois estando fisicamente fora do mundo, dava mostras cabais de estar dentro dele, todo vivido, visto e ouvido dali, da sua janela, afora a experiência vivida fora, antes de lhe dar aquela «maluqueira», como diziam alguns.
TEMPOS QUE CORREM
ABRIL
Liberdade, igualdade, fraternidade
Bandeira de esperança de muitas cores
Qu'é dela?
Que foi feito dessa primavera
Desse jardim de mil aromas, mil flores
Que murcharam, mirraram, morreram
Em quarenta anos apenas?
Onde estão as minhas Tróias, as minhas Helenas?
PARA UMA MELHOR JUSTIÇA (20)
11 – CUSTAS:
PAGAMENTOS |
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AUTORES |
RÉUS |
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ENTRADA PARA CUSTAS |
REEMBOLSO DAS CUSTAS |
HONORÁRIOS DO ADVOGADO |
APOIO JUDICIÁRIO |
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€ 869.40 |
€ 703.80 (a) |
€ 1.535,00 (b) |
€ 734.40 (c) |