HISTÓRIA VIVA
Folheio «O mundo de ontem» de Stefan Zweig e deparo imediatamente com uma dedicatória a exalar memórias, afetos, sentimentos e lugares. Há quanto tempo! Uma centelha de história pessoal vivida na juventude, nunca dita nem publicada. Mas, nesta minha idade sénior, 78 anos de vida andados, a experiência consolidou em mim o ditado popular relativo ao relevo terrestre: «depois de uma montanha, outra logo vem», a dificultar ou a facilitar a jornada do caminhante que, por deveres de ofício, granjeio da vida, ou busca de conhecimento, forçado é a deslocar-se e a vencer distâncias entre sítios, gentes e culturas. O mesmo sucede no mundo íntimo das pessoas e no trajeto de sentimentos, de pensamentos, de amizades, de amores e afetos, quantas vezes rebeldes, ondulados e desobedientes aos preceitos legais e morais estabelecidos. Não é preciso demonstração. Tudo o mundo sabe disso.