CARLOS AUGUSTO DUARTE PINTO
Conheci-o, há um bom par de anos, perto do Café Central, como engraxador, pronto a prestar o seu serviço a quem precisasse ou quisesse. Foram poucas as vezes que assentei a sola dos sapatos no “pousa-pés” do seu banco de trabalho, mas pela conversa entabulada com ele e pela sua idade, deu para entender que o senhor Carlos Pinto seria uma prestável fonte oral que eu devia aproveitar na investigação da história de Castro Daire antigo.
QUEM ESTUDA...APRENDE...
Em Moçambique (há quantos anos, senhores?) antes de andar por aí espalhada, por tudo quanto é MÍDIA, a lamúria "ALÁ É GRANDE", já ela retumbava nos meus ouvidos proferida por negros quando se julgavam injustiçados por isto ou por aquilo. Apelavam à Justiça Divina já a Justiça Humana estava para eles desacreditada. E parece que não apenas pelos nativos. É isso que vejo no texto que transcrevo de "Ronda de África" de Henrique Galvão. Um belo texto, se calhar para surpresa de muitos que o conhecem apenas como protagonista do assalto ao Santa Maria. A esses remeto-os para o Google a fim de se certificarem das suas andanças pela Política, pela História e Cultura.
A FORÇA DE UM LIVRO
Aos 18 anos, cansado de escrever em bustrofédon - «arado vai, ardo vem» - a história camponesa, lavrada nos campos e leiras da família, algumas delas com a largura que não ia além dos braços abertos de um homem plantado no centro, resolvi deixar a enxada, a aguilhada e a charrua, a fim de poder granjear a vida de outra forma. Troquei a aguilhada pela caneta, as leiras de terra chã ou pedregosa pelas lisas e planas folhas de escrever, e, com trabalho, vontade e sacrifício, obstinado em ganhar o tempo perdido, entrei no Campo das Letras. E nele,de podão em punho, tenho passado anos entretido a abrir trilhos e clareiras, por forma a ganhar o pão, sem envergonhar os meus pais, os amigos e as instituições que me diplomaram nesse ramo de saber e de cultivo.
|