Trilhos Serranos

NÓS E AS COISAS

Numa das minhas crónicas anteriores referi-me à minha juventude e à relação que tinha com as coisas do mundo. Retomo o fio da meada pelas razões que a seguir se verão. Assim: 

HERÁLDICA BOVINA E  EQUINA

As minhas últimas crónica e vídeos tiveram por objeto os enfeites “heráldicos” aplicados nas correias das vacas com presença assinalável na Serra do Montemuro e arredores.

RESTAURO DE FECHADURA

Num monte de lenha. arrumada nos fundos da minha casa encontrei parte de uma couçoeira de porta com a velha fechadura pregada. Posta ali pelos pedreiros que fizeram obra nova de obra velha, vi nela um documento que dizia algo sobre esta moradia e dei-me ao trabalho da sua recuperação, não obstante o seu mau estado.

CORREIAS DAS VACAS - HERÁLDICA BOVINA (3)

Desde tenra idade, tanto quanto me lembra, sempre me interpelei sobre a mecânica da “relojoaria cósmica”. E o meu pai, como deixei escrito no texto a que dei o título “Céu Estrelado”, publicado neste site, ali, em CUJÓ,  minha terra natal, sem energia elétrica por perto, noite de bréu, céu luminoso, “braço estendido, ele,o meu pai,  como se fosse dia, apontava  a abóbada celeste e ensinava-nos como localizar a ESTRELA DO NORTE

GENTE, TERRA E ANIMAIS - HERÁLDICA BOVINA

Podia chamar a este meu trabalho “Ensaio sobre a Cegueira”, não com o assunto tratado por José Saramago, que começa com um “homo urbanus” que cegou, ao volante de um automóvel, a olhar para um semáforo citadino, cegueira que se estendeu a todos os automobilistas da cidade e do mundo.

Não. Os meus protagonistas e o espaço em que se movem são outros, longe dos meios citadinos. Não se trata de ficção. Não é Lisboa, nem qualquer outra grande metrópole do globo. É a serra do MONTEMURO E ARREDORES, com a sua história, os seus usos, costumes e tradições. Serra revestida de carquejas, urgueiras, sargaços, giestas, caminhos carreteiros, leiras e lameiros. De gente com senhorio de todas as manhas e técnicas de sobrevivência, sempre em luta com os adversos elementos da natureza e homens do fisco.

Digamos que vou lançar luz sobre o “homo rusticus”, lastimando, por tão óbvia,  no caso vertente, a “cegueira” dos nossos homens das ARTES LIBERAIS, homens de LETRAS, assim classificados por oposição às ARTES SERVIS, mesteirais, agricultores e pastores. Nem mais,   assim “arrumadinhos” socialmente pelos nossos HUMANISTAS DE QUINHENTOS.