Trilhos Serranos

GEOGRAFIA SENTIMENTAL

Em 15 de junho de 2017, num apontamento crítico que fiz a um livro do meu amigo escritor Dr. Manuel de Lima Bastos, publicado nos meu site “trilhos serranos”, deixei o retalho que se segue, envolvendo Aquilino Ribeiro e Manuel da Fonseca. Trago a terreiro essa mancheia de letras, ceifadas assim, à maneira de ratinho que, de seitora curvada sobre ombro, desce até às ondulantes searas alentejanas, a propósito do livro que acabei de ler recentemente da autoria do meu amigo JOSÉ FRANCISCO COLAÇO GUERREIRO, a que já me reportei, sem contudo, dizer tudo. Dizer o que merece ser dito, já que nesse meu escrito ficou omisso. Lá chegaremos. Por agora, esse tal respigo:

ESCRITA EM MOVIMENTO 

Os cinéfilos sentam-se, acomodam-se nas cadeiras postas em anfiteatro, olhos postos no ecrã. Aguardam somente que o projecionista ponha a bobine a rodar, que aproxime os eletródios, que o arco voltaico projete a luz sobre a transparência da fita e, no grande retângulo apareçam as imagens de cartaz. Começou. 

AS NOSSAS TERRAS - AS NOSSAS GENTES

 Nos afastados anos da década de 90 do século XX, discordando da opinião expressa pelo Dr. Inês Vaz, no livro «Castro Daire», editado em 1986,  pela Câmara Municipal, dizendo que a «vila de Gandivao» referida nas «Inquirições de 1258», teria desaparecido sem deixar rasto, e eu, ao contrário, cogitando antes que ela tivesse mudado de nome, à semelhança de tantas outras povoações do reino, pus os pés no terreno e acompanhado dos senhores Manuel J. G. Araújo e Gama, ex-director de Finanças de Castro Daire, e de Manuel A. Duarte Pinto, natural de Cetos, mais conhecedor da geografia e toponímia locais que qualquer catedrático, corri em demanda das terras que o topónimo designava. E lá estavam elas. Ali, na bacia formada pelas linhas de água que, descendo da serra, confluem no rio Teixeira.

POESIA A CORES

Seja verão, primavera, outono ou inverno, estaciono o carro perto do adro da Igreja e, obrigatoriamente, passo pela moradia que foi de padres, curas e abades tridentinos e secundinos. Construída em alvenaria gratítica, um quintal pegado, não há ali couves para caldo, mas há plantas de adorno entrelaçadas em torno,  com flores e cores diversas, no tempo delas, sempre belas a desafiarem poetas e pintores.

ÚLTIMO PROFISSIONAL DO RAMO

O senhor Mateus está ali, à entrada do Jardim Público da vila de Castro Daire. Não pede nada a ninguém. Quem quer, quer. Quem não quer passa adiante. Ele é, a bem dizer, um dos últimos homens a exercer tal serviço social em Castro Daire.