JARDIM PÚBLICO

Dia luminoso este, de setembro

Aqui, nesta manhã, neste meu Castro

E nele vou deixando, rosto, resto e rasto

Desde que sou gente e bem me lembro.

Requalificado, este jardim tem novo rosto

De outros tempos está muito diferente

Assim, para descontento de muita gente

Que’a mim me confessa o seu desgosto.

E suavizando todos os seus dissabores

Eu lhes digo para verem, para olharem

Que mirando à volta, de contínuo, sem pararem

Por certo já verão algumas flores.

Chamou-se antigamente “Jardim Salazar”

Com o brasão concelhio nas duas entradas

Foram marcas muito bem apagadas

Resta saber agora como se vai chamar.

Bem podemos olhar tempos distantes

Mas neles nunca devemos ficar parados

Foi sempre assim em todos os lados

Com muitos acertos e erros constantes.

Importa é a mudança, é a verdade

É inovar, renovar, remoçar, tornar novo

Mas, seja o que for que se faça, um povo

Jamais poderá perder a sua identidade.

Um aspeto de eirado tem agora

Mudou redondamente de figura

Quem por cá passou e foi embora

Tombos, berros e gritos dá na sepultura.

Abiliio/setembro/2024