Trilhos Serranos


Uma brisa daquelas que tão meigamente acaricia o rosto de quem atravessa searas e montados alentejanos (oh! como me lembro disso, quando por ali andava à caça ou em passeio com a família!) trouxe até às narinas do tabelião o cheiro identificador de uma numerosa vara de «patas pretas» «ron...ron...ron...» cada porco, de per si,  a encher a morca de bolotas que, prodigamente, sobreiros e azinheiras atiravam à terra  impelidos por aquela ciência natural e oculta de se verem reproduzidos em redor, ao mesmo tempo que aliviavam o peso da frondosa copa.

 

Decorre o mês de março de 1867. É o dia oito. Ele amanheceu limpo e luminoso, permitindo à vista humana, num raio de 50 quilómetros, lobrigar, a olho nu, todos os povos e montes que pintalgam de branco a paisagem alentejana. É só subir ao outeiro mais alto.

Montado no seu cavalo, um árabe de pura raça, ajaezado de acordo com o estatuto social e profissional que possuía, o Escrivão do Juízo Ordinário e Tabelião de Notas no Julgado de Castro Verde, João António Figueira, saiu cedo de casa e dirige-se à aldeia de São Marcos de Ataboeira, respondendo ao chamado de Perpetua Joaquina Carlado, a fim de escrever o seu testamento. Avisado de véspera o criado preparou a montada a tempo e mal o dono meteu a biqueira da bota caneleira no estribo, foi num ai que se viu sentado sobre a sela, mãos firmes a segurar a rédea e..."vamos lá, ó compadre, que se faz tarde!"

Veja só, passados todos estes anos (estamos em 2016 e pergunto, há quanto tempo não nos vemos?) cá estou eu a dirigir-me a si em "carta aberta" publicada nesta minha página que, há tantos anos , mantenho aberta na web.

Por quê só agora? Eu lhe explico: não é  para dirimir-me do pecado de nunca lhe ter agradecido a amável e inteligente dedicatória que lavrou na testada do livro que teve a gentileza de me oferecer, mas para agradecer-lhe, isso sim, algumas informações históricas que nesse livro deixou sobre o concelho que administrou durante vários mandatos que exerceu como Presidente da Câmara.

 

O Executivo Municipal, por proposta fundamentada do senhor Vereador do Pelouro do Trânsito, LEONEL MARQUES FERREIRA, na sua reunião ordinária do dia 11-08-2016, deliberou criar um espaço destinado ao estacionamento de «ciclomotores, motociclos e velocípedes» num local privilegiado pela «centralidade e fácil acesso». Cito:



Para poupar os meus neurónios fui ao GOOGLE e eis o que copiei sobre FRUSTRAÇÃO E FRUSTRADOS. Tudo a propósito de todos os fabianos que anonimamente, sem nome nem rosto (ou mesmo com nome e rosto) se acomodam, anos seguidos, nas ESQUINAS da vila de Castro Daire a lamuriarem-se contra a gestão municipal. Não perco o meu tempo a ler tais lamúrias, ainda que pessoa amiga me diga que algumas dessas lamúrias estão cheias de conteúdo e de oportunidade. E não leio, porque me recuso a "gastar fósforo" inutilmente. A minha bitola crítica, com nome e rosto públicos, visa resultados públicos de interesse colectivo (veja-se o caso do parqueamento para MOTAS deliberado recentemente pelo Executivo Municipal, ao lado das QUATRO ESQUINAS) e renega a projecção pura e simples de "egos" frustrados e frustrantes, por inúteis que eles são. É que a CIDADANIA exige nome e rosto, exige credibilidade, exige comportamentos que conjuguem LIBERDADE/RESPONSABILIDADE cívicas. Tão só. Mas, vamos ao GOOGLE: