Trilhos Serranos

 

INFERNO (8)

No dia em que vão canonizar dois papas, prossigo e ponho fim ao número de artigos, cuja matéria está alojada, há alguns anos, no meu velho site. E, bem a propósito, vou ilustrar este último com o desenho que inicia a edição «Divina Comédia», (Edição Sá da Costa, 1958), livro de grande influência na descrição de todos os infernos que nos foram apresentados nos «catecismos» de infância. Continuando:


Lá, nos confins do globo, algures nos trópicos ou polos opostos, onde  vive uma tribo que ignora o mundo e o mundo a ela ignora (se tal é possível nos tempos de agora) lá, onde espreita o urso, o leão, o lobo e outros animais da selva, pode estar, nesta hora,  a ter lugar o ritual da morte ligado a um membro dela que, por qualquer sorte e de qualquer idade, deixou de falar, cantar, dançar e passou a viajar no espaço que se convencionou chamar "eternidade".

Estou em Tete. Estaciono a mota (a minha Honda) na rua principal, dita Avenida, e de costas viradas para a rede que prende as colegiais no recreio, entre as quais uma delas me prende sem rede (passados tantos anos não há razões para que esconda esse anseio), costas viradas, dizia, vou matar a sede, lá arriba, naquele bar sobranceiro. Não há contacto, não há proximidade de meninas do Colégio com rapazes do mundo. Isso só quando, às vezes, em passeio pela cidade, em duas filas com as demais colegiais, vestidinhas de cima a baixo, meia branca a sair do sapato, por freiras acompanhadas, coisa pouca, os nossos olhos diziam o que nunca dizia a boca.

Em tempo que lá vai, era eu criança ainda (como estou bem lembrado) foi numa noite linda, céu muito estrelado, que o saber do meu pai sobre estrelas me foi luminosamente ensinado. Ele, os meus irmãos e eu, na eira da aldeia, ali mesmo à beira de casa, metidos no escuro, todos a olhar o céu, naquele tempo muito duro (vocês nem fazem ideia), braço estendido, ele, como se fosse dia, apontava as estrelas e dizia: 

No dia do BEIJO não resisto a colocar neste meu espaço a versalhada que publiquei, há anos, no meu velho site "trilhos-serranos.com", botão POESIA