A LOUCURA
Não sabeis, mas neste ano de 2016, em hora e dia não fixado, entrou na órbita terrestre uma sonda vinda de planeta não identificado, perdido no espaço sideral. Repercutidos de onda em onda, de estrela em estrela, de planeta em planeta, cometa em cometa, todos os meteoritos que vagueiam sem destino no espaço infinito, a cada um deles chegaram marcantes e sonoros sinais. E apesar da lonjura, os cientistas siderais intrigados, usando ciência certa, física e matemática ignoradas por nós, construíram uma sonda, enviaram-na em direção à Terra e, terminada a viagem, ali anda ela em missão de espionagem.
DESABAFO
Solitário, sentado à mesa, espero a refeição da noite. Cumpro a obrigação de me alimentar, para manter a carcaça viva, andante e pensante.
Ali ao lado, meia dúzia de amigos, bebericando o seu copo de vinho, picando a moela com o palito, falam alto, discutem, bebem, copo sucede a copo e, em cada gargalhada avinhada, eu confirmo a felicidade rural que via nos homens dos meus tempos de criança, encostados aos balcões das tavernas, tampos salpicados de rodas vermelhas, desenhadas pelos copos virados ao contrário, código que o taberneiro entendia como "encher de novo", pois a rodada continuava.
Solitário, neste meu comportamento urbano (digamos que quase bisonho) atento a todos àqueles jeitos e trejeitos, neste minha posição de espectador, das coisas, dos tempos e das gentes, vejo-os virados de costas para a TV, alheios totalmente ao noticiário, às informações, às intervenções inflamadas dos políticos, uns a contradizerem outros, a propagandearem as formas diferentes de resolverem a crise, o desemprego e a fome já entrada em alguns lares do país.
QUIJÓ - 1946
Há dias, através de um manuscrito relacionado com foros, fiz eco público do modo como se escrevia e dizia na minha juventude o nome da minha terra natal: QUIJÓ=CUJÓ.