Trilhos Serranos

 

A LOUCURA

Não sabeis, mas neste ano de 2016, em hora e dia não fixado, entrou na órbita terrestre uma sonda vinda de planeta não identificado, perdido no espaço sideral. Repercutidos de onda em onda, de estrela em estrela, de planeta em planeta, cometa em cometa, todos os meteoritos que vagueiam  sem destino no espaço infinito, a cada um deles chegaram marcantes e sonoros sinais. E apesar da lonjura, os cientistas siderais intrigados, usando ciência certa, física e matemática ignoradas por nós, construíram uma sonda, enviaram-na em direção à Terra e, terminada a viagem, ali anda ela em missão de espionagem.

 

DESABAFO

Solitário, sentado à mesa, espero a refeição da noite. Cumpro a obrigação de me alimentar, para manter a carcaça viva, andante e pensante.

Ali ao lado, meia dúzia de amigos, bebericando o seu copo de vinho, picando a moela com o palito, falam alto, discutem, bebem, copo sucede a copo e, em cada gargalhada avinhada, eu confirmo a felicidade rural que via nos homens dos meus tempos de criança, encostados aos balcões das tavernas, tampos salpicados de rodas vermelhas, desenhadas pelos copos virados ao contrário, código que o taberneiro entendia como "encher de novo", pois a rodada continuava.

Solitário, neste meu comportamento urbano (digamos que quase bisonho) atento a todos àqueles jeitos e trejeitos, neste minha posição de espectador, das coisas, dos tempos e das gentes, vejo-os virados de costas para a TV, alheios totalmente ao noticiário, às informações, às intervenções inflamadas dos políticos, uns a contradizerem outros, a propagandearem as formas diferentes de resolverem a crise, o desemprego e a fome já entrada em alguns lares do país.

QUIJÓ - 1946

Há dias, através de um manuscrito relacionado com foros,  fiz eco público do modo como se escrevia e dizia na minha juventude o nome da minha terra natal: QUIJÓ=CUJÓ.



ERÓTICO ROMÂNICO

Como já deixei anunciado nesta página, na crónica anterior  (ERMIDA DO PAIVA VIII), fui convidado pela Divisão do Turismo do Município de Castro Daire  para ir dizer umas palavrinhas sobre a ERMIDA DO PAIVA relacionadas com a comemoração do dia  «Internacional de Monumentos e Sítios».

 

SÍMBOLOS DE JUSTIÇA E MUNICIPALIDADE

Estes dois pelourinhos aparecem referidos por aí em tudo quanto é livro, folheto ou roteiro turístico ligados ao concelho de Castro Daire. Ambos classificados como «monumentos nacionais» por decreto nº 23.122 de 11-10-1933, o de Castro Daire é localizado «no Bairro do Castelo» e o segundo, em «fragmentos» localizado em Alva.

Há muito que, sem avença ou remunerações municipais,  ando na pista destes «monumentos nacionais», suspeitando das afirmações feitas e divulgadas por pessoas de respeito e por mim são consideradas sérias. O monumento situado no «Bairro do Castelo» não apresenta configuração e estrutura de «pelourinho», mas, tão só, de um simples cruzeiro que, «erradamente», alguém de boa fé e pouco prevenido, promoveu ao símbolo da justiça e municipalidade. Se todos os concelhos tinham um, Castro Daire, também deveria ter. Eu próprio, mal chegado a Castro Daire, fazendo fé nos investigadores que me precederam, cheguei a fazer eco dessa «classificação» numa crónica que escrevi no Boletim Municipal.

As leituras, pesquisas e investigações posteriores, porém, não tardaram a levantar as suspeitas de que algo estava errado, tanto no que dizia respeito ao «pelourinho de Castro Daire», como ao «pelourinho de Alva».