terça, 12 julho 2016 09:38
Escrito por
Abílio Pereira de Carvalho
ANINCÚS
O FACEBOOK É UMA LIÇÃO - PISCA-PISCA
Quando me criei, em Cujó, não havia energia elétrica. Mal caía a noite, fosse em trabalho ou fosse para divertimento num qualquer serão, todos nós, os habitantes, novos e velhos, rompíamos os tamancos a dar pontapés no escuro. Não sei se devo a essa realidade o facto de, ainda hoje, ter horror ao ESCURO. Só me sinto bem em lugares bem iluminados e, de certo modo, acompanhado de pessoas que resplandeçam alguma luz.
E no meio daquele pirilampar nocturno eu matutava na vida daqueles bichinhos, a acender e a apagar, a piscar-piscar tal qual algumas estrelas que, na noite escura, me faziam negaças, como que a jogar comigo às escondidas. E, ao mesmo tempo que me interrogava sobre o "mistério" de que eram dotados (ALUMIAR A NOITE) pensava, cá para mim, que deviam ser muito infelizes, naquele seu inconstante SER e ESTAR. O nome não ajudava muito a resolver o meu espanto e as minhas interpelações. Então "anincú" era lá nome que se pusesse a um bichinho capaz de rasgar o lençol de breu que nos envolvia, ainda que só por momentos?
Publicado em
Memórias
Abílio Pereira de Carvalho
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.